Pandemia não é única responsável. Relatório da Oxfam aponta:
“austeridade” aprofundou desigualdades e agricultura camponesa foi
sabotada pelo governo. Corporações e agronegócio ficaram livres para
ditar os preços dos alimentos…
Outras Palavras
Por Maister F. da Silva, militante do Movimento dos Pequenos Agricultores e membro do FRONT – Instituto de Estudos Contemporâneos.
Relatório lançado ontem pela Oxfam confirma
o que pesquisadores, movimentos sociais e ativistas contra a fome
alertavam mesmo antes do início
da pandemia do coronavírus, a crise alimentar já era uma realidade
no mundo e, especialmente no Brasil, agravada pelas políticas de
austeridade, falta de incentivo para a produção de alimentos e
ausência de políticas que contribuam para frear a especulação do
mercado com o preço dos alimentos. Segundo o relatório, o Brasil
está classificado como “epicentro emergente da fome extrema”,
juntamente com Índia e África do Sul.
Orelatório denuncia que mesmo antes da pandemia já era evidente a
falência do sistema alimentar globalizado, centrado na produção de
commodities para exportação, dependente de insumos químicos
e agrotóxicos, altamente concentrador de riqueza e que aumenta
cotidianamente a insegurança alimentar e a pobreza generalizada.
Poderosos comerciantes de produtos agrícolas, empresas de alimentos
e bebidas e supermercados que dominam o setor de alimentação
conseguem ditar o preço e os termos do comércio de alimentos. Seu
foco em reduzir custos e maximizar lucros submete produtores e
trabalhadores a salários de pobreza e os forçam a arcar com a maior
parte dos riscos associados à produção de alimentos. Em tempos de
pandemia, podemos ver o contrário, que a falta de uma política de
controle de preços por parte do estado permitiu que esses atores
especulem com preço dos alimentos, o que resultou em aumentos
consideráveis dos produtos alimentícios.
A Oxfam
afirma também que o Brasil vinha em um combate acelerado à fome e a
insegurança alimentar e, em 2014, estava em vias de vencer esta
batalha, graças a investimentos governamentais em benefício de
pequenos produtores rurais e a um pacote de políticas que incluíram
a criação de um Conselho Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional (CONSEA), desenvolvido em parceria com a sociedade civil.
Todavia, desde 2015 a situação vem se deteriorando, a crise
econômica e as políticas de austeridade, cortes radicais nos
orçamentos para agricultura familiar e proteção social, causaram
um efeito cascata que acentuou as taxas de pobreza, desemprego e
fome.
Segundoo relatório o Brasil tem adotado dois pesos e duas medidas quando
trata-se de salvaguardar os atingidos pela crise: no final de junho,
o governo federal distribuiu apenas 10% da ajuda financeira prometida
a trabalhadores e empresas, via Programa de Apoio ao Emprego de
Emergência (PESE), com grandes empresas obtendo mais benefícios do
governo do que trabalhadores ou micro e pequenas empresas. Da mesma
forma, apenas 47,9% dos fundos destinados à assistência de
emergência a pessoas vulneráveis foram distribuídos no início de
julho.
Acesse
o relatório
completo.
Fonte Outras Palavras
VIVO EM UM PAÍS EM QUE LUTAR PELA EDUCAÇÃO É COISA DE COMUNISTA E DEFENDER MILICIANO É PATRIOTISMO.
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