sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Justiça faz "mutirão", mas não deve cumprir meta 18


Riva entre os réus.


 Presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Orlando Perri


Jacques Gosch
RD News

As ações de improbidade administrativa e contra a administração pública que tramitam na Justiça de Mato Grosso não serão julgadas em sua totalidade até dia 31 de dezembro deste ano, conforme determina a meta 18 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A afirmação é do presidente do Tribunal de Justiça, Orlando Perri, em entrevista exclusiva ao RDNews. Entre os processos que deveriam ser sentenciados estão os do deputado estadual José Riva (PSD). “Os próprios juízes já nos afiançaram que estão trabalhando diurturnamente, mas não vão conseguir bater a meta do CNJ”, revela o desembargador.

Conforme dados do CNJ, emitidos em 22 de julho, a Justiça Mato Grosso deve julgar 1.601 ações por improbidade administrativa. Destas, 745 foram apreciadas em 2012, 94 em 2013, restando pendentes 762. Isso equivale ao cumprimento de 52,40% da meta. Para alcançar a meta imposta pelo CNJ - veja aqui -  a Vara Especializada de Ação Civil Pública e Ação Popular  está funcionando em regime de exceção. Perri ressalta que a medida foi necessária porque as ações são complexas e volumosas. “Não se trata de um processozinho. Nesses processos, o juiz precisa olhar muitas vezes 10 mil páginas para tomar uma decisão. As coisas não acontecem da noite para o dia nesse tipo de procedimento”, detalha o presidente do Tribunal.

As ações que devem ser julgadas até este ano são as que foram distribuídas à Justiça até 31 de dezembro de 2011. Além do juiz titular Luís Aparecido Bortolussi, os magistrados Alex Nunes de Figueiredo e Célia Regina Vidotti estão atuando na Vara. Os dois deverão permanecer  até o final deste ano e, assim, ajudar na celeridade dos julgamentos.

A maioria das ações contra Riva é referente a suposto desvio de recursos do Legislativo e está na primeira instância. Com mais de 150 ações, o social-democrata é considerado o parlamentar com a maior “ficha corrida” do país. Em março deste, o corregedor-geral do CNJ, Francisco Falcão, chegou a solicitar ao TJ informações detalhadas sobre todas as ações que tramitam na Corte, envolvendo o deputado, que está afastado da presidência da Assembleia por determinação judicial.

Um dos escândalos envolve, além de Riva, Humberto Bosaipo, conselheiro do TCE afastado. Os dois são acusados de emitir 44 cheques da Assembleia, no valor total de R$ 2,1 milhões, em favor de uma empresa de peças íntimas femininas. O Ministério Público, autor da denúncia, ainda ressalta que, no período de emissão dos cheques – março de 2001 a dezembro de 2002 – não houve qualquer registro de documentos sobre a existência dessa empresa.


A irregularidade foi descoberta em 2002 após a deflagração da Operação Arca de Noé, que desmantelou o crime organizado no Estado. As investigações mostraram que mais de e R$ 65 milhões haviam sido movimentadas por contas da empresa de factoring, de propriedade do bicheiro João Arcanjo Ribeiro, que está preso em razão de vários crimes. O MP pediu o ressarcimento ao erário de R$ 2,6 milhões, que teriam sido desviados pelo social-democrata, por  Bosaipo e por mais oito réus.


Fonte RD News 

Saiba mais: 


COMBATER A CORRUPÇÃO 




Editorial FOLHA.COM 08/08/2013 - 03h00

Entre as 19 metas recomendadas pelo Conselho Nacional de Justiça aos tribunais brasileiros para este ano está a proposta de identificar e julgar todos os processos por corrupção e desvios dos cofres públicos distribuídos até o fim de 2011.

Boas razões não faltam para que esse esforço, em certa medida moralizador da política e do próprio Poder Judiciário, seja elogiado.

Não tanto pelos resultados em termos de celeridade processual --representando cerca de 0,2% dos mais de 63 milhões de ações que tramitam no país, os casos de improbidade e crimes contra a administração pública pouco poderiam fazer para desafogar a Justiça.

É pelo inegável efeito simbólico que se impõe a diretriz do CNJ. A sociedade, lesada pelos ataques ao patrimônio público, pode sentir-se menos impotente perante políticos que raras vezes chegam a ser condenados.

Há ainda um efeito mais concreto. Se considerados culpados pelos tribunais --ou seja, por um órgão colegiado--, políticos corruptos estarão impedidos, por força da Lei da Ficha Limpa, de concorrer em eleições pelos próximos oito anos.

Além disso, a partir de uma condenação, a Justiça pode cobrar dos agentes públicos a devolução, aos cofres do Estado, dos valores tomados de forma delituosa, ao que se acrescem multas e correções.

Diante de tantos benefícios, é lamentável que a meta 18 do CNJ não tenha recebido, por parte de alguns magistrados, a atenção que merece. Levantamento do fim de julho mostrou que só 39,77% dos 120.981 processos identificados já foram julgados. A expectativa do órgão era que, a essa altura, 75% das ações estivessem decididas.

Discrepâncias significativas são percebidas na comparação entre os diversos tribunais estaduais. O cumprimento da meta chega perto de 100% no Paraná e em Sergipe, enquanto Bahia e Piauí julgaram menos de 6% das ações.

Estados com baixo percentual de implementação da meta receberão a visita de equipes do CNJ, que pretendem auxiliá-los a resolver tais processos --de razoável grau de complexidade e longa fase de instrução.

Caso seja identificada negligência nas cortes, para nada falar de má-fé, a Corregedoria Nacional de Justiça pode instaurar processo disciplinar contra os responsáveis.

É bom que o faça. Agentes políticos, ainda hoje, apostam que seus processos tardarão tanto na Justiça que os crimes terminarão prescritos. Essa impunidade, garantida por práticas arcaicas dos tribunais, precisa acabar.


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