Até pouco tempo Riva era amado e paparicado pelos colunistas sociais e jornalistas políticos. Muitos desses bajuladores eram pagos com recursos públicos da Assembleia, uma Casa que o “político preso” tinha como sua, e que agora – sob nova direção – repete os mesmos erros de dar as costas ao povo! Riva era amigo de políticos de diversas siglas, magistrados, defensores, advogados, dirigentes de entidades de classe, presidentes de partidos, empresários e – garante ele – até mesmo de alguns promotores de justiça. Agora amarga a solidão do cárcere. Mas não é justo Riva estar só! E quem o ajudou a desviar e gastar os recursos públicos?
SÓ TU, RIVA?
Por Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery*
Conhecendo a falibilidade da natureza humana, as paixões e as dores
de cada um, e ainda considerando a utilidade das penas de restrição de
liberdade, estávamos em silêncio quanto ao caso. Mas quebramos o jejum, e
vamos falar algo em relação ao senhor José Geraldo Riva, réu em
centenas de processos nas justiças federal e estadual, por ora um dos
presos provisórios do sistema penitenciário de Mato Grosso.
Se
estiverem corretos os cálculos feitos pela Secretaria de Justiça e
Direitos Humanos – SEJUDH, utilizados para a confecção do orçamento
estadual, o preso famoso custa R$ 1.700,00 por mês ao erário.
Mas
é injusto que o senhor Riva esteja só e isolado, pagando as dívidas
para com a sociedade, ainda que aí o “rombo” causado nos cofres públicos
seja somente de uns R$ 60,00 ao dia.
Lembremos que até pouco
tempo o político era amado e paparicado pelos colunistas sociais e
jornalistas políticos. Muitos desses bajuladores eram pagos com recursos
públicos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, uma Casa que o
“político preso” tinha como sua, e que agora – sob nova direção – repete
os mesmos erros de dar as costas ao povo!
Riva era amigo de
políticos de diversas siglas, magistrados, defensores públicos,
advogados, dirigentes de entidades de classe, presidentes de partidos
políticos, empresários e – garante ele – até mesmo de alguns promotores
de justiça.
Agora amarga a solidão do cárcere.
Durante
muito tempo nos posicionamos contra os atos do acusado em questão,
divergimos da sua forma de gestão, da mordaça financeira que impôs na
imprensa local, e da contaminação que o mesmo provocou na política
local.
Fizemos a lavagem simbólica das calçadas do parlamento
estadual, e idêntica assepsia na entrada da Justiça eleitoral, quando o
advogado de Riva, no cargo de Juiz do TRE, fora indiciado pelo Superior
Tribunal de Justiça sob a acusação de venda de sentença.
Como
derradeira tentativa de manter o poder, antes de deixar a assembleia
tentou forjar um concurso público para abrigar uma quantia variável de
pessoas (de 400 a 1.200 amigos) mamando nas tetas públicas. Enfrentou
resistência do MCCE. E desejou impor a sua “senhôra” no cargo de
Conselheira do Tribunal de Contas, o que foi rechaçado por diversas
entidades, pelo povo de Mato Grosso, e pelo MCCE.
Mas não é justo Riva estar só! E quem o ajudou a desviar e gastar os recursos públicos?
Por
isso, o acusado também tem a chance de obter a sua “mega sena da
virada”, assim como fez o doleiro Alberto Youssef, na Operação Lava
Jato, e “seu” Mendonça, delator da Ararath, e que agora curte hotéis
multi estrelas em Dubai.
Basta entender as previsões da Lei
9.807/1999, que trata da proteção a testemunhas de crimes que resolvem
colaborar com a elucidação dos fatos, e a Lei 12.850/2013, que conceitua
organização criminosa e traz a delação premiada (colaboração premiada),
no inciso I do artigo 3.
Se bem inteligente, o acusado salva
algum patrimônio, denuncia parceiros e contribui com a sociedade. Cumpre
uma pena menor, depois curte uma vidinha simples, no anonimato, com a
sensação de que tem alguma obra boa em seu currículo.
Depois de
impor ao povo de Mato Grosso o tal do VLT, ao custo abusivo de um bilhão
e meio de reais, obra que causa embaraço ao trânsito da Capital e
Várzea Grande, às empresas e ao povo que por ali circula, há quase cinco
anos (e que nunca será mais que um amontoado de ferro e cimento!),
seria o mínimo que Riva poderia fazer para mitigar os danos que causou.
Pense bem Riva, não fique só!
*Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery são ativistas do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral - MCCE em Mato Grosso.
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