domingo, 21 de outubro de 2018

O BRASIL QUE EU SONHO E QUERO


Enfim, o Brasil que eu sonho e quero é o solo pátrio, onde a cultura da paz seja pregada em todos os setores da sociedade, a começar pelas igrejas católicas, pentecostais e espíritas. Neste país, os cristãos e seus líderes condenarão a tortura e todas as formas de discriminação e de violência contra as minorias, repetindo com o seu mestre: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. ” 





Por Antonio Cavalcante Filho 


Escrevo este texto pensando nos meus netos. Tanto nos que já nasceram, quanto nos que ainda possam ser concebidos neste torrão natal prestes a desbarrancar num abismo de terror político, econômico e social excruciante, que afetará suas tenras existências, se estendendo pela adolescência até suas vidas adultas. O que tinha a comentar com meus filhos sobre a gravidade deste momento já o fiz.

Desde bem jovem, o Brasil que sonhei para mim e para as futuras gerações seria um belo chão, onde todos pudessem viver sem a humilhação da descriminação, seja por questão de orientação sexual ou de raça, seja por ser negro, mulher, pobre ou nordestino. Seria uma nação sem a escorchante desigualdade social, sem a aflição da violência, sem as agruras do desemprego e sem o tormento da fome, que hoje já atinge cerca 11,7 milhões de brasileiros.

O país que sonhei para mim e meus descendentes não só utilizaria boa parte das receitas obtidas com a arrecadação de impostos para fazer justiça social e dar concretude ao que chamam “estados de bem-estar social”, mas iria muito além, avançando até a destruição de toda e qualquer estrutura autoritária, abrindo caminhos para a liberdade e construção da verdadeira democracia: a democracia popular.

Por toda minha vida, no Brasil que sonhei, os nossos representantes, em vez de provocarem a ira, a violência e o ódio entre as pessoas, suscitavam a paz, o entendimento, a benevolência. Ao contrário de plantarem hostilidade, semeavam fraternidade, em vez de fortalecerem o egoísmo, tonificavam a solidariedade.

No país que eu quero para meus filhos e netos, a população não será armada com escopetas, nem com revólveres, fuzis ou baionetas, mas, sim, com livros, como sonhou lá atrás, ainda no Brasil Império, o poeta Castro Alves, ao recitar: “Oh! Bendito o que semeia livros à mão cheia e manda o povo pensar! O livro, caindo n'alma é germe – que faz a palma, é chuva – que faz o mar!”

Nos governos Lula/Dilma, tendo Haddad como Ministro da Educação, o Brasil criou um programa complexo de distribuição de renda chamado Bolsa Família, e uma das obrigações da família para receber os benefícios é manter as crianças na escola.

Por esses dias, foram publicados os resultados da 14ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP 2018), uma iniciativa da Associação Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), com apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). A olimpíada é realizada com recursos oriundos do contrato de gestão firmado pelo IMPA com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e com o Ministério da Educação (MEC).

Interessa-me dizer aos meus netos, Ysis, 4 anos, Artur, 3 e Alice, 1, para que no futuro eles saibam que hoje, graças aos governos do Partido dos Trabalhadores, já passa de 1000 o número de alunos, oriundos de famílias que recebem Bolsa Família, premiados na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas.

Resultados como esse enchem seus humildes pais de alegria, mostrando que o caminho certo a seguir é o que propõe o candidato Haddad: o lugar de criança é na escola pública de qualidade e, preferencialmente, em tempo integral, com a família recebendo a devida atenção estatal.

Mas, ao longo do tempo, as mídias corporativas burguesas (pontas de lança da classe dominante), tendo a Rede Globo, dos riquíssimos irmãos Marinhos, e a Record, do milionário bispo Macedo na “linha de frente”, conseguiram criar um clima de insegurança no Brasil, destruíram a confiança dos brasileiros em suas instituições, fabricaram falsos profetas, e o resultado já é possível de se verem nas ruas: um país sem autoestima, em que as centenas de agressões homofóbicas e neonazistas vicejam em todos os cantões, prometendo um futuro cinzento para o Brasil e seu povo.

Este é o país que não quero.

Enfim, o Brasil que eu sonho e quero é o solo pátrio, onde a cultura da paz seja pregada em todos os setores da sociedade, a começar pelas igrejas católicas, pentecostais e espíritas. Neste país, os cristãos e seus líderes condenarão a tortura e todas as formas de discriminação e de violência contra as minorias, repetindo com o seu mestre: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. ”

Creio que, no “Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”, como afirmam os cristãos kardecistas, as igrejas se contentarão em ministrar a palavra divina, sem avançar sobre o livre arbítrio das pessoas de manifestarem livremente suas convicções políticas, religiosa ou de gênero.

No Brasil, que sonho para meus netos, a paz e a felicidade não são somente sensações passageiras, ou uma utopia distante e abstrata, mas uma meta a ser buscada incansavelmente por todos nós, “homens e mulheres de boa vontade”, até o dia que nossos sonhos generosos e benéficos se tornem de fato, uma realidade duradoura e permanente.

Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News