Aluf Benn
(Publicado por CAPJPO-EuroPalestine)
O governo israelita começa a preparar-se para enfrentar uma avalanche de queixas judiciais, mas sublinha, o que é muito revelador, que estas últimas emanam de «pessoas e de associações, mais do que empresas governamentais»!! Leia-se o seguinte artigo do diário israelita Haaretz.
Israel teme uma vaga de queixas judiciais por crimes de guerra durante a ofensiva de Gaza
Israel prepara-se para uma vaga de queixas judiciais emanando de associações pró-palestinianas do mundo inteiro contra israelitas implicados nos combates em Gaza, invocando a sua responsabilidade em crimes de guerra ligados aos efeitos destrutivos das acções das forças de Defesa israelitas contra civis palestinianos e os seus bens.
Ministros israelitas exprimiram, nos últimos dias, sérios receios sobre a possibilidade de Israel vir a ser obrigado a dar o seu acordo a um inquérito internacional sobre as perdas causadas entre os não-combatentes durante a operação "Chumbo derretido"; ou então, hipótese alternativa, de que israelitas sejam confrontados com queixas individuais, como foi o caso de oficiais israelitas acusados de crimes de guerra na Grã-Bretanha pelos seus actos durante a segunda Intifada.
«Quando a extensão dos estragos em Gaza for patente, não voltarei a passar férias em Amesterdão, senão no Tribunal Internacional da Haia», declarou um ministro. É difícil determinar se ele estava a gracejar ou não.
Um outro ministro indica que, em contraste com a situação que se seguiu à operação Escudo Defensivo na Cisjordânia há sete anos, a zona atacada por Israel está desta vez totalmente sob controlo palestiniano. Por conseguinte, os jornalistas estrangeiros que vão penetrar na Faixa de Gaza para aí fazer as suas reportagens sobre as consequências da operação "Chumbo derretido" não serão escoltados por oficiais ou porta-vozes israelitas como o foram na Cisjordânia em 2002.
Os organismos de Defesa começaram a constituir dossiers a montante das queixas legais esperadas e prepararam a sua defesa relativamente às casas privadas atacadas em Gaza pelo exército israelita. Os elementos de prova incluem documentos sobre a localização dos depósitos de armas e os locais de onde o Hamas lançava rockets. Isaac Herzog (do Partido Trabalhista), ministro dos Assuntos Sociais, que coordena a ajuda humanitária para Gaza, vai também coordenar os esforços israelitas de relações públicas contra as acusações de crimes de guerra.
O principal perigo é suposto vir de queixas judiciais emanando de pessoas e associações, mais do que de empresas governamentais querendo abrir inquéritos oficiais. As altas personalidades esperam que a visita de responsáveis europeus a Jerusalém esta semana, e as suas declarações apresentando a ofensiva israelita como fazendo parte de uma guerra legítima contra o terror, vão ajudar Israel nas suas futuras batalhas jurídicas.
Israel sublinhará que agiu em Gaza em situação de legítima defesa e que consentiu grandes esforços para avisar os habitantes de que as suas casas estavam prestes a ser visadas e dar-lhes ordem de as evacuar. Israel recorreu a sms, lançou panfletos por via aérea e fez 250 mil telefonemas para avisar os habitantes de Gaza, difundindo avisos nas estações de rádio palestinianas. A sua defesa porá também em evidência a forma como o Hamas transformou casas, escolas, mesquitas e organismos humanitários em esconderijos de armas e em ratoeiras, explicando que esses locais foram atacados porque constituiam alvos militares legítimos.
Fonte: HAARETZ, 19.01.2009