Blairo Maggi e seu 'bagrinho' Vilceu Marchetti - para Mauro Zaque e outros promotores, fraude na compra dos maquinários só seria possivel 'com a conivência e participação direta e eficiente da alta cúpula do governo
Por RODRIGO VARGAS-DE CUIABÁ
Cinco promotores de defesa do patrimônio público em Mato Grosso pediram ao procurador-geral de Justiça que abra investigação contra o ex-governador e senador eleito Blairo Maggi (PR).
O objetivo, diz a Promotoria, é apurar o papel de Maggi na compra supostamente superfaturada de maquinário pesado em 2009.
Nesta semana, dois secretários da gestão Maggi e nove empresários foram denunciados por suspeita de participação em irregularidades que teriam permitido um rombo estimado em R$ 44 milhões aos cofres do Estado.
Agora, segundo a Promotoria, é preciso esclarecer a conduta do ex-governador.
"Os procedimentos licitatórios [...] só seriam passíveis de serem fraudados com a conivência e a participação direta e eficiente da alta cúpula do governo estadual", diz trecho da representação.
Ao todo, 705 máquinas (caminhões, motoniveladoras e escavadeiras hidráulicas, entre outras) foram compradas pelo governo, por meio de um financiamento de R$ 241 milhões obtido com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Depoimento de um servidor da Secretaria da Administração, segundo a representação, aponta que Maggi determinou que a aquisição fosse "apressada ao máximo", o que teria prejudicado o processo de tomada de preços dos equipamentos.
Em outro depoimento, um dos fornecedores das máquinas diz ter sido instruído a dar 5% do valor do contrato para "subsidiar a campanha do então governador".
Mesmo com Maggi fora do cargo, diz a Promotoria, a prerrogativa para pedir a investigação ainda é do procurador-geral, Marcelo Ferra.
As possíveis irregularidades foram apontadas em março pela Auditoria-Geral do Estado. O trabalho foi determinado pelo próprio Maggi, que disse ter agido após uma denúncia anônima.
Para a Promotoria, o fato não o exime de eventual responsabilização.
Procurado pela reportagem, Maggi chamou de "conversa fiada" a alegação de que teria tentando "apressar" a compra do maquinário. Sobre a possível abertura de investigação, disse desconhecer o pedido.
Maggi negou envolvimento com possíveis irregularidades. "Assim que tomei conhecimento das denúncias, determinei que os fatos fossem apurados", afirmou.
Fonte: FOLHA DE S PAULO
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