Atendendo Assembleia e Governo, Rubens de Oliveira articula mudanças no TRE para favorecer políticos; Rui pode cair
Legislativo e Executivo fazem pressão a presidente eleito do TJ; políticos não querem o desembargador Rui Ramos na presidência do Tribunal Regional Eleitoral e indicam o nome do desembargador Carlos Alberto Alves Rocha para o cargo; clima esquenta nos bastidores
por Alexandre Aprá
Ao que tudo indica, a atual gestão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) tem, de fato, tirado o sono da classe política mato-grossense. Prova disso é a mais nova manobra de bastidores envolvendo os três poderes da esfera estadual: Legislativo, Executivo e Judiciário. O objetivo: derrubar a atual administração da Justiça eleitoral mato-grossense a fim de "favorecer" os políticos "enrolados" com a Justiça Eleitoral no Estado.
Do Palácio Paiaguás, o recado já foi dado. O instrumento de barganha será o orçamento anual destinado ao Poder Judiciário. O presidente eleito do Tribunal de Justiça, desembargador Rubens de Oliveira, parece que vai ceder à pressão do Executivo, amparada pelos deputados estaduais, para derrubar o desembargador Rui Ramos da presidência do TRE no próximo biênio.
Rui, que atua como "presidente-tampão", em substituição ao desembargador Evandro Stábile, afastado cautelarmente pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), pode ser eleito e ainda reeleito ao cargo. Outro magistrado que é tido como "pedra no sapato" dos políticos, o desembargador Márcio Vidal, não atuará na Justiça eleitoral no próximo ano porque assume a Corregedoria-geral de Justiça.
Depois da silenciosa pressão por parte dos poderes Executivo e Legislativo, Rubens de Oliveira solicitou, na semana passada, ao ainda presidente da Corte, desembargador José Silvério Gomes, que retirasse a eleição da nova diretoria do TRE da sessão plenária da última quinta-feira. Pelas articulações de bastidores, seriam eleitos ali Rui Ramos para presidente e o desembargador Guiomar Teodoro Borges para assumir a vice-presidência e corregedoria-geral eleitoral no Estado. Atendendo ao "estranho" pedido do presidente eleito, José Silvério retirou a eleição de pauta, frustrando vários desembargadores que compõem o pleno.
Sob as bênções do Executivo e Legislativo, podem ser eleitos, num aparente "conluio" do Judiciário com os outros poderes, os desembargadores Carlos Alberto Alves da Rocha, como presidente do TRE, e o desembargador Sebastião de Moraes Filho, para vice-presidente e corregedor eleitoral.
Pela interferência dos poderes Executivo e Legislativo, a manobra teria como principal objetivo, "aliviar" a barra dos políticos mato-grossenses que, como nunca antes visto, têm sido repreendidos e julgados com rigor pela Justiça eleitoral estadual.