"Nós iniciamos a luta pela aprovação da Lei da ficha Limpa, que depois mobilizou toda a sociedade. Agora, contamos com vocês para garantir que ela seja julgada constitucional pelo STF" (Jovita José Rosa,coordenadora nacional do MCCE)
Na marcha contra a corrupção, os manifestantes representaram o movimento dos indignados, que toma as ruas da Europa e dos EUA; a centralização da mídia e do direito de expressão; além do voto secreto no Congresso
Por Redação, com Agência Carta Maior - de Brasília
O Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso foram os dois alvos principais de mais uma marcha popular e apartidária, convocada pela internet, para protestar durante um feriado na capital brasileira. Sem a festa pelo Dia da Independência a estimular a ida à Esplanada dos Ministérios, cerca de 20 mil pessoas, nas contas da Polícia Militar (PM), saíram de casa e, ao contrário do ato de 7 de setembro, defenderam pautas concretas.
Dos parlamentares, exigiram o fim do voto secreto na Câmara e no Senado. Do STF, cobraram que declare a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa e que não casse poderes investigatórios do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Pouco se viu ou se escutou sobre o governo, que ao ter ministros acusados de corrupção, havia sido um dos combustíveis da passeata anterior.
Com a maioria vestida de preto e rosto pintado de verde e amarelo, muitos a carregar artificiais pizzas gigantes, vassouras e faixas, os manifestantes atravessaram a Esplanada recolhendo assinaturas para um abaixo-assinado cobrando a instalação, no Congresso, de uma CPI da Corrupção.
– Não queremos apenas fazer barulho. Queremos realmente mudar o país – afirma a corretora de imóveis Daniella Kalil, uma das fundadoras do movimento que, embora ainda não esteja institucionalizado, já foi batizado de Movimento Contra a Corrupção (MCC).
As personagens
Patrícia Kohlreusch e o marido Bernardo Falcão receberam o convite para ir ao evento por meio do Facebook, pelo qual 18 mil pessoas haviam confirmado presença até a véspera. Decidiram não só comparecer, mas também levar os filhos Bernardo, 6 anos, e Izabele, 9 anos.
– Estamos lutando justamente para que eles possam viver em um país melhor. Por isso, é importante que eles também participem – explicou a mãe.
A estudante Juliana Silva, 18 anos, estava um pouco decepcionada com a queda no número de participantes em relação à marcha de cinco semanas atrás.
– Eu sei que muita gente está viajando, mas esperava que a mobilização aumentasse ou, pelo menos, se mantivesse – observou.
Para ela, a geração atual é muito acomodada:
– Precisamos resgatar os cara-pintada e mudar esse estado de coisas.
No ato anterior, que coincidiu com o Dia da Independência, foi mais difícil dimensionar quem fora à Esplanada só para protestar. Muita gente que tinha assistido à parada militar na mesma avenida, mas no sentido oposto, pulara de um evento ao outro.
Naquela ocasião, a marcha tivera 26 mil confirmações e iniciara com duas mil. O público oficial informado pela polícia sobre a passeata foi entre 30 mil e 40 mil pessoas, mesma platéia estimada para o desfile militar.
A marcha desta quarta-feira começou com 10 mil pessoas, também de acordo com a polícia. Entre elas, o militar Vinicius Vieira, de 20 anos, que participou de patins.
– Vim acompanhar uma amiga e decidi aproveitar para me exercitar – disse.
Não foi o único. Muitos ciclistas, skatistas e patinadores cruzavam a Esplanada em apoio ao protesto. Os próprios organizadores se utilizavam de patins, skates e bicicletas para controlar o andamento da marcha, parecido com uma desfile de escola de samba. Segundo a PM, não foi registrado nenhum incidente durante os cerca de 3,5 Km de percurso.
Apartidarismo e diversidade
A exemplo do que ocorrera da outra vez, os organizadores não permitiram a participação de partidos. Não autorizaram sequer a presença de bandeiras. O movimento só aceita apoios individuais de políticos com algum histórico na luta pela democracia e contra a corrupção.
– Decidimos, democraticamente, por voto direto, construir um movimento apartidário, e vamos cumprir com esse compromisso – esclareceu Daniella.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que mobilizou representantes de todos os estados para prestigiar a marcha, concorda com a decisão do movimento de se manter distante dos partidos.
– Os advogados estão aqui abraçando essa causa porque não têm rabo preso com partidos políticos. Desafio as entidades representativas dos magistrados e do Ministério Público a virem aqui, defender abertamente o combate à corrupção – provocou o presidente da OAB, Ophir Cavalcanti.
Além da OAB, outras entidades mais tradicionais têm se aproximado do movimento. É o caso da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e do Movimento Contra a Corrupção Eleitoral (MCCE), que tiveram membros no ato.
– Nós iniciamos a luta pela aprovação da Lei da ficha Limpa, que depois mobilizou toda a sociedade. Agora, contamos com vocês para garantir que ela seja julgada constitucional pelo STF – disse a coordenadora nacional do MCCE, Jovita José Rosa.
O Sindicato dos Servidores da Câmara, Senado e Tribunal de Contas da União (TCU) também mandou representantes à marcha para deixar claro que os trabalhadores também não aprovam a conduta antiética dos chefes.
Militantes da Associação Nacional dos Estudantes Livre (Anel) também participaram do protesto para cobrar a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação, assunto que está em discussão no Congresso – a proposta do governo eleva de 5% para 7% o investimento em educação até 2020.
Filiada à central sindical Conlutas, a Anel é uma dissidência da União Nacional dos Estudantes (UNE), criticada pelos organizadores por não comparecer à marcha.
Militantes do movimento gay também empunharam suas bandeiras durante a passeata. “A corrupção e o desvio dos recursos públicos também impede a implantação de políticas públicas LGBT que possam valorizar essa parcela da população”, justificou Cristiano Lucas Ferreira, do Movimento Revolucionário Triângulo Rosa.
Fonte: Correio do Brasil
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Segunda Marcha Contra a Corrupção ganha novos temas
Movimento convocou protestos em 25 cidades em 18 estados no país. Organizadores em Brasília planejam ONG para manter mobilização.
Em Brasília, manifestantes usaram fantasias para protestar contra impunidade. Na foto, jovem caminha em direção ao Congresso como o personagem "V". (Foto: Nelson Antoine/Fotoarena/AE)
G1.
A segunda onda de protestos popularizada como Marcha Contra a Corrupção conseguiu mobilizar, novamente, milhares de manifestantes em várias capitais. Embora menos numerosa que a primeira edição, realizada no Sete de Setembro, a mobilização desta quarta-feira (12), feriado de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, ganhou novos temas.
Protestos foram convocados em ao menos 25 cidades de 18 estados em todas as regiões do país, principalmente articuladas nas redes sociais e blogs. Organizadores já planejam uma ONG para nacionalizar o movimento.
Protestos foram convocados em ao menos 25 cidades de 18 estados em todas as regiões do país, principalmente articuladas nas redes sociais e blogs. Organizadores já planejam uma ONG para nacionalizar o movimento.
Em Brasília, que concentrou o maior número de pessoas – entre 7.000 e 10.000, segundo estimativas da Polícia Militar – os manifestantes levaram à Esplanada dos Ministérios novos temas.
Além da validação da Lei da Ficha Limpa para as eleições de 2012 e o fim do voto secreto nas votações do Congresso, houve também protesto contra uma eventual limitação dos poderes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão criado para fiscalizar os juízes.
Ainda neste mês, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar ação proposta pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) que visa a limitar o raio de investigação do CNJ. Ainda neste ano, o STF também julga a validade da Ficha Limpa. Já a discussão sobre o fim do voto secreto foi retomado no Congresso após a absolvição da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF).
Marcha Contra a Corrupção se concentrou na orla de Copacabana (Foto: Mauro Pimentel/AE)
Na capital federal, outros movimentos aproveitaram a marcha para outras reclamações. Algumas faixas pediam mais concursos do governo federal. Esposas de militares (proibidos de participar) também reivindicaram aumentos salariais.
Segundo um dos líderes do Movimento Contra Corrupção (MCC), Walter Rodrigues, o objetivo é que as manifestações adquiram um caráter nacional. Na próxima semana, eles irão discutir a possibilidade de transformar o MCC em uma ONG.
"Vamos fazer uma videoconferência com os representantes das cidades na próxima quarta ou quinta-feira para discutir como nacionalizá-lo", disse.
Pelo país
Em São Paulo, a marcha se concentrou novamente na avenida Paulista, iniciada em caminhada a partir do Museu de Arte de São Paulo (Masp) por volta das 14h. Estimativas da Polícia Militar apontavam para a presença de 2.000 pessoas. Durante a mobilização, um homem foi preso por suspeita de quebrar o vidro de uma lanchonete Mc Donalds e de um banco. Na rua da Consolação, um grupo de punks com máscaras e panos enrolados no rosto se partiu para cima de outros manifestantes e da imprensa. No tumulto, uma mulher de 64 anos cortou o queixo ao cair na calçada.
No Rio de Janeiro, 2.000 pessoas caminharam pela orla de Copacabana, na Zona Sul, segundo a Polícia Militar.
Em Belo Horizonte, a manifestação se concentrou na praça da Liberdade, região nobre da cidade e próxima à antiga sede do governo estadual. Segundo a PM, 200 pessoas apareceram. Manifestantes pediram ainda o imediato julgamento dos acusados de crimes no esquema do mensalão e a devolução aos cofres públicos de dinheiro comprovadamente desviado por políticos corruptos.
Em Goiânia, onde o governo contabilizou cerca de 1,2 mil pessoas, a marcha atraiu estudantes universitários, professores, profissionais liberais e donas de casa. A maioria foi vestida de preto e percorreu 4 km no centro da cidade.
Em Curitiba, cerca de 500 pessoas partiram da Universidade Federal do Paraná (UFPR) até ruas do Centro Histórico e foram até o Centro Cívico. Estudantes mascarados se misturaram com aposentados, caras-pintadas e ativistas. Não havia sequer uma bandeira de partido político. Durante a passeata, alguns moradores jogaram água nos manifestantes.
Em Salvador, a marcha percorreu o circuito Barra-Ondina, famoso por receber os trios elétricos de Carnaval. Cerca de 800 pessoas apareceram, com bandeiras, apitos, narizes de palhaço e caras pintadas. Entre jovens e crianças, foram vistos também juízes e advogados.
Em Recife, a marcha levou cerca de 300 pessoas à avenida Boa Viagem, ao som de apitaço e palavras de ordem. Várias mães aproveitaram o feriado, quando também se comemora o Dia das Crianças, para levar os filhos pequenos.
Em Fortaleza, trio-elétricos animaram a caminhada ao som de canções engajadas como "Brasil", de Cazuza, e "Para Não Dizer que Eu Não Falei de Flores", de Geraldo Vandré. Na capital cearense, estudantes expressavam revolta contra o que ficou conhecido como "escândalo dos banheiros", esquema de desvio de dinheiro destinado a construção de banheiros populares que, segundo o Tribunal de Contas do Estado, chegou a um rombo de R$ 16 milhões.
Em João Pessoa, o público se concentrou no Busto de Tamandaré, e caminhou pela orla da praia. A mobilização foi organizada por entidades locais ligadas à advocacia e à imprensa.
Homem se amarra a cruz em frente ao Congresso Nacional
Empresário mineiro afirma que veio a Brasília para protestar e "pedir paz".
Ele diz que protestou em outras ocasiões, como no julgamento do caso Nardoni.
Empresário mineiro se amarrou nesta terça-feira (11) a cruz em frente ao Congresso Nacional para "pedir paz" (Foto: Naiara Leão/ G1)
Naiara Leão Do G1 DF
Depois de viajar por 15 horas em um ônibus entre Ponte Nova (MG) e Brasília, o empresário André Luiz de Santos, 50 anos, deve passar outras 15 horas em uma posição desconfortável. O mineiro se amarrou na madrugada desta terça-feira (11), por volta das 5h, a uma cruz em frente ao Congresso Nacional para “pedir paz”.
Em sua cruz estão penduradas placas sobre temas que vão desde corrupção no Legislativo até criminalização da homofobia. “O que carrego é a síntese das pessoas terem capacidade de lutar, e não guerrear”, explica. “Não tem nada a ver com política, a minha bandeira é a paz. Sem paz, há violência e a violência começa aqui [no Congresso]”.
Santos carrega nas costas uma cruz que, segundo ele, pesa 50 quilos. Um de seus braços está algemado. “A outra algema é para prender uns ladrões”, afirmou.
Ele disse que veio a Brasília para participar da Marcha Contra a Corrupção, marcada para esta quarta (12), às 10h, em frente ao Museu da República. No último dia 20, ele participou do protesto com vassouras contra a corrupção realizado pelo movimento Rio de Paz, na Cinelândia, no Rio de Janeiro.
“Fiz greve de fome por três dias na frente do STF [Supremo Tribunal Federal] quando votaram o Ficha Limpa. Fiquei na porta do fórum por oito dias desse jeito, dois em greve de fome, no julgamento do caso Isabela Nardoni. Fui ainda para a Parada Gay de São Paulo e fiz também a manifestação da greve dos bancários”, diz.
Apesar da longa lista de protestos, André rejeita o rótulo de “protestante profissional”. “De jeito nenhum! Faço tudo com meu próprio dinheiro. Gastei RS7.500 só fazendo esse material”, diz.
Em sua agenda futura de protestos, estão os julgamentos do caso Bruno e da juíza Patrícia Acioli, onde ele quer pedir o fim da impunidade. “Esses também eu estou acompanhando e vou. Não adianta fazer meu discurso só pra um, preciso me comunicar com as pessoas”.
Fonte: G1.
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Saiba mais:
Marcha contra corrupção reúne 20 mil pessoas em Brasília. Que bacana saber que brasileiros foram às ruas, em pleno feriado, defender CNJ que puniu, por corrupção, desembargadores Tadeu Cury, Ferreira Leite e Mariano Travassos e mais 7 juizes de MT
Os três pontos principais da Marcha contra a Corrupção são a regulamentação da Ficha Limpa, a aprovação do projeto que estabelece voto aberto dos parlamentares no Congresso, e a preservação dos poderes do CNJ
Célia Froufe, BRASÍLIA
O ESTADO DE S.PAULO
Uma mancha escura formada por cerca de 20 mil pessoas, segundo estimativas da Polícia Militar, percorreu um quilômetro de distância na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, seguindo do Museu da República até chegar à Praça dos Três Poderes, na manhã desta quarta-feira, 12.
Manifestantes protestam no DF com vassouras, nariz de palhaço e roupas de presidiários.
Os três pontos principais da 2ª edição da Marcha contra a Corrupção, realizada também em outras 18 cidades, são a regulamentação da Ficha Limpa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a aprovação do projeto de lei que estabelece o voto aberto dos parlamentares no Congresso, e a preservação dos poderes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de órgão de controle externo do Judiciário. Além do Movimento Contra a Corrupção Eleitoral, a marcha contou com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Além do Movimento Contra a Corrupção Eleitoral, a marcha contou com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
PM elevou para 20 mil pessoas a estimativa do número de participantes da segunda edição da Marcha contra a Corrupção, em Brasília, na manhã de hoje. O primeiro levantamento dava conta de 13 mil manifestantes que percorreram a Esplanada dos Ministérios, do Museu da República até a Praça dos Três Poderes e depois seguiram mais alguns metros até o Ministério do Exército, onde ocorreu a dispersão.
Mesmo assim, o volume de participantes foi inferior à contagem feita pela PM na primeira edição do evento, em 7 de Setembro. Na ocasião, foram contabilizadas as participações de 25 mil pessoas. De acordo com o tenente Marcos Braga, o outro evento acabou ganhando adesão de última hora da população de Brasília, que saiu de suas casas para assistir ao desfile militar.
Com bicicletas, vassouras, nariz de palhaço e roupas de presidiários, ou empunhando faixas, os manifestantes fizeram uma pequena pausa no percurso, em frente ao Congresso Nacional, onde foi cantado o Hino Nacional.
Uma proposta internacional nas ruas de Brasilia: fim dos paraísos fiscais
O número de participantes está menor do que o estimado pela PM na primeira edição do evento, em 7 de setembro, quando a PM contou 25 mil pessoas. O tenente Marcos Braga, da PM do DF, explicou que naquela ocasião o evento ganhou apoio de última hora da população de Brasília, que saiu de suas casas para assistir ao desfile de 7 de setembro.
Desta vez, os manifestantes também carregam uma faixa com uma pizza de 15 metros de diâmetro. Aos grados, gritam: "Não sou otário, do meu bolso é que sai o seu salário", "Ô Dilma, presta atenção, o brasileiro não quer mais corrupção", "Voto secreto não, eu quero é ver a cara do ladrão"
Fonte: Da pagina do E
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