segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Eleições embalam movimentos

Manifestantes de combate a corrupção já se organizam para fiscalizar eleições municipais deste ano



Coordenador do MCCE-MT, Antônio Cavalcante Filho, ‘o Ceará’, acredita que o debate sobre a corrupção será ampliado neste pleito


KLEVERSON SOUZA / REPORTAGEM LOCAL 
Folha do Estado


As eleições municipais deste ano devem ser marcadas pelo fortalecimento das discussões acerca do combate à corrupção, promovidas principalmente pelos movimentos que em 2011 levaram milhares de pessoas às ruas nos dias 7 de setembro e 12 de outubro para manifestar contra a prática que onera os cofres públicos.


O ano passado foi representado pela mobilização em vários estados brasileiros para a realização de manifestações contra a corrupção e estes foram organizados por meio das redes sociais como Facebook, Twitter e Orkut. Como neste ano acontecem as eleições municipais em outubro, estes movimentos devem se intensificar em todo o país com o objetivo de combater a prática e denunciar os candidatos a vereador e prefeito que já estiveram envolvidos em denúncias ou com problemas na Justiça. 



Em Mato Grosso, além da mobilização por parte dos movimentos sociais que disseminam os protestos pela internet, as discussões sobre corrupção também ocorrem por ser a principal bandeira do senador Pedro Taques (PDT), responsável pelo Projeto de Lei do Senado (PLS 204/2011, que inclui atos de corrupção na lei dos crimes hediondos para permitir a aplicação de punições mais severas aos condenados.

De acordo com o parlamentar, a corrupção será um dos principais temas abordados nas eleições deste ano em função do próprio relatório da Controladoria Geral da União (CGU) e da Auditoria Geral da União (AGU) apresentar o desvio de R$ 1,1 bilhão dos cofres públicos. “A corrupção é o principal mal que atinge o país. Em Mato Grosso vemos casos como dos ‘maquinários’, ‘cartas de crédito’, entre outros, que mostram como o desvio de dinheiro público está presente no Estado. Acredito que esta discussão será o ponto forte das eleições de 2012”, avaliou.

O coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral de Mato Grosso (MCCE), Antônio Filho, ‘o Ceará’, lembra que nos últimos 12 anos, desde a aprovação da 1ª Lei de Combate a Corrupção de iniciativa popular, com um milhão de assinaturas, as discussões sobre o assunto foram sendo ampliadas. “Acredito que este debate será fortalecido no pleito eleitoral, com a realização de seminários, palestras e encontros nas escolas, universidades e associações para abordar sobre o tema para obtermos a moralidade da coisa pública”. O MCCE já se mobiliza em todo o país para levantar assinaturas com o objetivo de apresentar projeto de iniciativa popular sobre a reforma política

ANÁLISE

“Candidatos vão tentar esvaziar os debates”



O cientista político João Edison de Souza acredita que apesar das mobilizações sobre o combate à corrupção terem sido ampliadas em 2011, no período eleitoral deste ano, os próprios candidatos tentarão esvaziar o debate sobre o assunto para não prejudicarem suas legendas.

Na visão de João Edison, os políticos dificilmente abordam este tema no pleito eleitoral em função de poderem ‘comprar briga’ com os demais postulantes e receberem em troca, acusações sobre denúncias de corrupção ou revelações de casos envolvendo algum filiado do seu próprio partido. “As mobilizações podem acontecer neste primeiro semestre por parte da sociedade, mas será diminuída pelos próprios políticos no pleito eleitoral, pois é um período onde todos os candidatos estão em situação igual e não há uma definição de situação e oposição”, argumentou.

A legislação brasileira que conta com uma burocracia exagerada beneficia a corrupção, segundo o cientista político. “Os candidatos que não possuem cargos podem até abordar o tema, mas os detentores de mandato tentarão silenciar o discurso”.

De acordo com João Edison, em função da própria omissão dos políticos em tratarem sobre o combate a corrupção no pleito eleitoral, a população também deixará de tratar acerca do tema. “A sociedade não entende a fundo sobre corrupção e se espanta quando é revelado um desvio de dinheiro público. A população que fala mal dos políticos corruptos acabam votando em candidatos com essa prática”.

Fonte: Folha do Estado

Visite a pagina do MCCE-MT