Bem que aquele velho baião diz: "Paraiba, masculina, mulher macho, sim senhor!"
Ao
abrir mão de ser a vice do candidato Fernando Haddad, a paraibana de
Uiraúna deu uma lição de dignidade política a certo pernambucano de
Garanhuns.
Aquele que não se importa em trocar abraços, sorrisos e
apertos de mão com o homem que, como governador de São Paulo em 1980,
foi o responsável último por seu encarceramento no Departamento Estadual de Ordem Política e Social.
Fonte: Náufrago da Utopia
Leia mais:
Lula, o Desastre: entra Maluf e sai Erundina
Tem coisa que simplesmente não dá pra engolir. O "Nefasto", por exemplo.
Assino embaixo o artigo do Rui Martins. (ABC)
O acordo LULA-Maluf
Por Rui Martins - Berna Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é
líder emigrante, ex-membro eleito no primeiro conselho de emigrantes
junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e
Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça. Escreve para o Expresso,
de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress.
Berna
(Suíça) - Embora eu tenha operado as amígdalas e, recentemente, tenham
me tirado a vesícula biliar, há uma coisa que não consigo fazer – é
engolir sapo. E talvez, por isso, termine os poucos anos que me restam
de militância como apartidário.
Ainda na
semana passada, quando o ministro do Trabalho, neto do velho combatente
Brizola, passava por Genebra, na Organização Internacional do Trabalho,
um amigo tinha organizado uma feijoada com os companheiros do PT e me
convidou não só para participar do encontro, como para aderir ao
partido.
E eu, com
aquela sinceridade e maneira direta capaz de chocar algumas pessoas,
agradeci mas declinei da oferta: “meu caro, desde o dia em que deixei a
igreja, prometi a mim mesmo, nunca mais pertencer a igreja ou partido.
Nem acreditar em deus, seja qual for, e muito menos em líderes humanos,
mesmo porque, no fundo sou um rebelde e nunca aceitaria ter de aceitar
uma decisão com a qual não concorde”.
Faz dez
anos, perdi meu emprego como correspondente europeu da CBN por ter
insistido em malhar o ex-governador na época da ditadura e ex-prefeito
Paulo Maluf, naquela questão das contas bancárias suíças. Escrevi mesmo
um livro sobre esse caso, contando a sucessão de meus boletins a
Heródoto Barbeiro, dando número do processo penal na Polícia Federal
suíça, por suspeita de desvio de dinheiro público depositado em diversas
contas sob nomes diferentes.
Nesse
livro (“Dinheiro Sujo da Corrupção”, Geração Editorial), havia uma frase
profética, um dom do qual não consegui me livrar: “Mas pode também não
acontecer nada com Paulo Maluf e sua família – bastará para isso que os
processos instaurados no Brasil terminem sem condenação ou sejam
derrubados por falhas ou vícios processuais ao chegarem ao Supremo
Tribunal Federal”.
Realmente,
as contas de Maluf bloqueadas na Suíça logo serão desbloqueadas, pois
até hoje não houve condenação brasileira e nem haverá. E a família Maluf
receberá de volta com juros todos os milhões que, há alguns anos,
provocavam tantas denúncias na mídia e revolta na população.
Entretanto,
jamais poderia imaginar que no ano da criação da Comissão da Verdade,
aconteça igualmente uma reabilitação política de Paulo Maluf de maneira
clara e escandalosa como a ocorrida, sendo oficiante o ex-presidente
Lula, a quem tenho apoiado, para tentar dar corpo à candidatura de
Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo.
Lembro-me
do valoroso herói bíblico, Sansão, que perdeu todas suas forças ao lhe
cortarem os cabelos. Será que Lula sem barba é outro Lula, diferente
daquele que vi pessoalmente no Itamaraty, no encontro dos emigrantes, ou
daquele diante do qual se puseram de pé, acho que há três anos, os
representantes dos países membros da OIT no grande auditório do Palácio
das Nações?
Por que
jogar numa aventura paulistana, fadada à derrota, seu prestígio, ao
aceitar um acordo eleitoral com Paulo Maluf ? Não posso ser político
porque não engulo sapo, não posso ser diplomata porque não sei mascarar
meus sentimentos. Falo como jornalista e como cidadão, para externar
minha decepção. Por que trazer um desconhecido dos paulistanos, quando
Erundina, ex-prefeita, teria muito mais chances e não seria necessária
uma aliança com Maluf?
E,
folheando meu livro, já esgotado, achei um episódio precedente - "a
frase "indiciado não é culpado", de Ruy Falcão (na época porta-voz da
ex-prefeita paulistana Marta Suplicy, hoje dirigente do PT),
justificando o apoio malufista, nada tinha de escandalosa... ela se
integrava na antologia oportunista da política brasileira... ". Maluf já
havia recebido o apoio do PT, no segundo turno da candidatura de Marta
Suplicy.
Escrevo
este comentário para tornar pública minha decepção e que é, sem dúvida,
de outros tantos paulistas e brasileiros, diante dessa coligação
desnecessária. Não voto em São Paulo, ainda bem, porque não aceitaria
participar dessa farsa.
Desculpe-me
companheiro Lula, continuo admirando sua gestão como presidente, mas
ninguém é perfeito, mesmo os grandes líderes erram, felizmente podemos
divergir.
Parabéns Erundina por não ter aceitado participar dessa aliança.
Fonte Direto da Redação
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