Frente pela Defesa da Democracia (FDD), criada por partidos políticos e movimentos sociais, divulga primeiro comunicado rechaçando e condenando o "governo golpista de Federico Franco" e convocando a população a “defender o processo democrático e a institucionalidade da República com uma mobilização permanente”. Porta-voz da FDD será Ricardo Canese (foto), secretário geral da Frente Guasú, que em 2008 impulsionou a vitória de Fernando Lugo. "Lugo é o único presidente constitucional da República do Paraguai", diz comunicado.
Redação/Carta Maior
A Frente Guasú, que em 2008 impulsionou o
triunfo eleitoral do presidente Fernando Lugo, e uma ampla gama de
outros movimentos sociais e políticos decidiram criar a Frente pela
Defesa da Democracia (FDD), que “rechaça e condena o governo golpista de
Federico Franco” e convoca a população a “defender o processo
democrático e a institucionalidade da República com uma mobilização
permanente”. Com esse propósito, a FDD anuncia que está articulando um
plano de luta e que terá como porta-voz o secretário geral da Frente
Guasú, Ricardo Canese. Segue o primeiro comunicado oficial da FDD:
Pela recuperação da democracia e da soberania popular
A FDD, reunida em assembleia geral de seus membros, partidos políticos e movimentos sociais, dirigentes políticos e da sociedade civil, denuncia a ruptura institucional e do Estado de Direito no Paraguai por parte do setor mais conservador e reacionário do Parlamento Nacional, que desconheceu o princípio fundamental do Direito, a legítima defesa e o devido processo legal, utilizando conceitos e práticas da ditadura de Stroessner, provocando assim a derrubada do governo constitucional do presidente Fernando Lugo.
Essa violação da Constituição Nacional está baseada em acusações sem prova alguma e utiliza métodos nazi-fascistas sustentados em intrigas e calúnias com ferramentas pseudo-legais.
Este grave fato, com nefastas consequências na economia, na sociedade e na vida institucional da República, deve ser revertido de forma imediata. Deve ser reestabelecida a convivência civilizada e democrática, baseada na justiça e no respeito à soberania popular.
Por estas razões, a FDD rechaça e condena o governo golpista de Federico Franco e convoca todo o povo paraguaio a defender o processo democrático e a institucionalidade da República com uma mobilização permanente, a fim de evitar o avassalamento dos direitos humanos fundamentais. Chamamos à unidade de todo o povo paraguaio, dentro e fora do país, assim como a solidariedade dos demais povos irmãos da América Latina, para nos mobilizarmos coordenadamente pela restituição do Estado de Direito e o respeito à soberania popular no Paraguai.
Pela vigência da Constituição Nacional!
Pelo respeito pleno da justiça social e dos direitos humanos no Paraguai?
Fernando Lugo é o único presidente constitucional da República do Paraguai!
Não ao governo golpista de Federico Franco!
Pela recuperação da democracia no Paraguai!
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
Fonte Carta Maior
Leia mais:
TODO APOIO AO PRESIDENTE FERNANDO LUGO E AO POVO PARAGUAIO QUE SOFRE UM GOLPE DE ESTADO!
NOTA DA CONSULTA POPULAR:
A Consulta Popular, por meio da sua Direção
Nacional, vem expressar a sua profunda indignação frente a mais um
golpe de Estado em nosso continente.
Desde a
ascensão de Fernando Lugo à
presidência da república (em 2008), os setores conservadores, que
dominaram o Paraguai numa ditadura que durou mais de seis décadas,
inviabilizam as mudanças naquele país irmão. O Presidente Lugo esteve
todo esse tempo (desde a sua eleição) sob a ameaça de golpe, em virtude
da fragilidade de apoio ao governo no congresso.
Lugo vêm sofrendo grandes dificuldades, visto que o parlamento paraguaio
ainda se concentra nas mãos do Partido Colorado que tenta - numa farsa
muito bem orquestrada - provocar um golpe, mascarando-o com elementos
institucionais. Neste intento, arrastou para o seu lado, o PLRA –
Partido Liberal Radical Autêntico, que conta com 14 representantes no
congresso, o qual retirou o seu apoio ao presidente, além de aprovarem
juntos (Colorados e Liberais), e numa rapidez absurda, a instauração de
impeachment contra Lugo.
Vale destacar, que esses setores direitistas
são intimamente ligados às oligarquias e aos latifundiários, grandes
produtores de soja para exportação, dentre os quais, brasiguaios como
Tranquilo Favero, o mais rico do país.
Foram
justamente estes setores que instigaram os Policiais do Grupo de
Operações Especiais à matança de camponeses pobres ocorrida na semana
passada. O que se passou em Curuguaty trata-se de um plano de
desestabilização de seu governo, visto que recentemente Lugo assumiu uma
postura mais firme, visando avançar na reforma agrária, resolver o
problema das terras irregulares (Morunbí) e outras medidas
progressistas, o que tem gerado oposição ferrenha dos partidos
tradicionais.
Dentre as inúmeras acusações abstratas que fazem contra o Presidente no
processo de impeachment, todas elas existem sem provas. Ademais, mesmo
se comprovando algo (o que é impossível, em virtude da farsa), se
trataria de
crimes comuns, os quais exigiriam um rito próprio, não sendo devido,
portanto, o processo político de impeachment. Além disso, alegam que
Lugo tem politizado o exército e mantém ideologia marxista e
bolivariana, ficando claro, portanto, os seus interesses de classe.
No mesmo momento em que se instaurou a crise política no país irmão, o
governo dos Estados Unidos da América, através, de seu porta-voz para a
América Latina do Departamento de Estado, William Ostick, afirmou que se
deve respeitar o processo contra o presidente Lugo. Tornando-se claro
os interesses do Império na queda do Presidente Lugo que visa uma
integração continental que fere aos objetivos dos EUA.
Neste momento, é dever de todas as forças populares manifestar à sua
absoluta contrariedade ao Golpe, expressando completo e irrestrito apoio
ao Presidente Lugo e ao povo Paraguaio.
A
queda de Lugo significa um retrocesso na correção de forças do
continente, uma vez que abre espaço para que as forças direitistas
voltem assumir o executivo, através do Federico Franco, do Partido
Liberal. Mais do que isso, representa um passo a trás frente ao projeto
continental que visa dá respostas aos anos de avalancha neoliberal e à
atual crise capitalista.
Caberá a Fernando Lugo e ao povo Paraguaio, reverter a situação e ir em
frente no projeto de tornar o Paraguai Livre, Democrático e Soberano.
Este foi o intento do povo paraguaio expresso nas urnas. Neste momento, o
povo nas ruas reafirma o apoio ao presidente e exige que as medidas
populares sejam implementadas.
É fundamental que os países que compõem a UNASUL - União de Nações
Sul-Americanas manifestem uma postura firme e contundente contrária ao
Golpe de Estado em curso, expressando solidariedade e respaldo
político ao Presidente democraticamente eleito nas urnas, exigindo-se o
retorno imediato de Lugo às suas atribuições.
À
militância “é preciso passar a ação”. Que se organizem nos próximos
dias atos de solidariedade, decorações, ações de rua, atividades na
embaixada Paraguaia no Brasil etc, demonstrando completo apoio ao
Presidente Fernando Lugo e contra o Golpe, o qual nada mais é do que uma
demonstração das forças à serviço do Império visando impedir os avanços
democráticos e populares em nosso continente.
Colorados e Liberais são inimigos do povo Paraguaio!
Os golpistas não passarão!
Todo apoio ao Presidente Lugo!
Um golpe contra o Paraguai é mais um golpe contra a América Latina!
Abaixo o
Imperialismo!
América Latina Livre, Venceremos!
Direção Nacional da Consulta Popular.
São Paulo, 22 de junho de 2012.
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