Despacho sigiloso da Embaixada dos EUA em Assunção, dirigido ao
Departamento de Estado, em Washington, já informava, em 28 de março de
2009, a intenção da direita paraguaia de organizar um 'golpe
democrático' no Congresso para destituir Lugo, como o simulacro de
impeachment consumado na última 6ª feira. O comunicado da embaixada,
divulgado pelo WikiLeaks em 30-08-2011
(http://wikileaks.org/cable/2009/03/09ASUNCION189.html) O comunicado da
embaixada, divulgado pelo WikiLeaks em 30-08-2011
(http://wikileaks.org/cable/2009/03/09ASUNCION189.html) mostra que já
então o plano era substituir Lugo pelo vice, Federico Franco, que
assumiu agora. O texto enviado a Washington faz várias ressalvas.
Argumenta que as condições políticas não estavam maduras para um golpe,
ademais de mostrar reticências em relação a seus idealizadores naquele
momento. Dos planos participavam então o general Lino Oviedo (ligado a
interesses do agronegócio brasileiro no Paraguai, que agora pressionam
Dilma a reconhecer a legitimidade de Federico Franco, simpático ao
setor) e o ex-presidente Nicanor Duarte Frutos. Em seu governo
(2003-2008), o colorado Nicanor Duarte Frutos foi duramente criticado
por vários governos latino americanos por ter permitido o ingresso de
tropas norte-americanas no territorio paraguaio para exercícios
conjuntos com o Exército do país; foi em seu mandato também que os EUA
tiveram permissão para construir uma base militar na zona da Tríplice
Fronteira,com gigantesca pista de pouso, supostamente para combater
narcotráfico e o terrorismo islâmico.
Fonte: Carta Maior
Saiba mais:
O PARAGUAI E SUA "OBSCENA DISTRIBUIÇÃO DA RENDA"
É do veterano correspondente internacional da Folha de S. Paulo, Clóvis Rossi, a melhor análise que encontrei na grande imprensa sobre o golpe paraguaio: A solidão que derrubou Lugo (acesse íntegra aqui). Confiram os trechos principais:
"Sua vitória [a eleição de Lugo] foi um triunfo isolado, não de um movimento...
Teve que recorrer a um partido tradicional, o Liberal Radical Autêntico, para poder governar. Quando o PLRA o abandonou, caiu sem pena nem glória.
...Segundo problema que a América Latina não consegue resolver: a obscena distribuição da renda. No caso do Paraguai, dá-se que 1% dos proprietários rurais detêm 77% das terras, ficando apenas 1% para os 40% de camponeses donos de menos de cinco hectares.
Enquanto 350 mil famílias sem terra se tornaram 'carperas' (vivem em 'carpas', barracas de lona em espanhol), 351 proprietários são donos de 9,7 milhões de hectares.
Alguma surpresa que haja conflitos pela terra, um deles exatamente o que acabou sendo o pretexto para a deposição de Lugo, com a morte de 17 pessoas, policiais e sem-terra, na semana passada?
Se Lugo alguma culpa tem nessa história, não é a de ter ordenado ou provocado o incidente, mas o de não ter conseguido fazer a reforma agrária que prometeu ao assumir em 2008. Pretendia retomar para o Estado um total de 8 milhões de hectares, para depois dividi-los entre as famílias (300 mil então) que pediam a democratização do acesso à terra.
Se a tivesse executado, talvez caísse até antes, que os 'terratenientes' são impiedosos, mas talvez não estivesse tão solitário ".
Fonte: Náufrago da Utopia
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