Na charge do jangadeiro on line, uma relação
explícita de confusão política. Isto reflete a falta de coesão
programática e ideológica na concorrência pelos poderes municipais.
Por Bruno Lima Rocha
Simultaneamente ao julgamento do caso conhecido como Mensalão do PT (existem outros, como os do PSDB mineiro e do DEM candango), estamos em pleno período de campanha eleitoral nos municípios. Desenvolvendo a análise a partir da cultura política reinante, ou seja, incluindo variáveis de atitude (transitória) e comportamento (estruturante), temos motivos de sobra para ficar preocupados com a qualidade do jogo democrático no Brasil. Se observarmos o padrão das alianças locais, aí a preocupação torna-se puro desespero.
Simultaneamente ao julgamento do caso conhecido como Mensalão do PT (existem outros, como os do PSDB mineiro e do DEM candango), estamos em pleno período de campanha eleitoral nos municípios. Desenvolvendo a análise a partir da cultura política reinante, ou seja, incluindo variáveis de atitude (transitória) e comportamento (estruturante), temos motivos de sobra para ficar preocupados com a qualidade do jogo democrático no Brasil. Se observarmos o padrão das alianças locais, aí a preocupação torna-se puro desespero.
Não é preciso ser especialista para constatar o óbvio.
Diante do conjunto de alianças circunstanciais, sem nenhuma coerência
interna ou afinidade discursiva, é simplesmente impossível para um
eleitor mediano reconhecer o alfabeto da política. Afinal, o estatuto da
representação implica em ter um discurso diferenciado, uma carga
ideológica explícita e proximidades e distâncias bem estipuladas para
com outros agrupamentos. Na ausência destes elementos básicos de
identificação, a escolha de candidatos e legendas, simplesmente não será
baseada em nada programático. Quando não há aliança programática,
resta associação de última hora, apenas juntando interesses
imediatistas, onde a meta de todos é apenas ocupar postos de poder (de
baixo recurso) e dotações orçamentárias (não muito volumosas).
Não há como exigir um comportamento razoável do eleitor se quem concorre para o cargo se porta tão mal. Quando não se identifica a divisão ideológica, a reprodução é a ideologia dominante, e sua cultura política hegemônica. Ou seja, o sentido lógico do engajamento político passa a ser a sobrevivência, a colocação laboral. O motor dessa cultura são as relações sociais, não escapando nenhum evento coletivo em escala municipal sem a presença de um enxame de candidatos a vereança e mesmo para prefeito.
A única forma de alterar este comportamento, ao menos o que vem de cima para baixo, seria algum tipo de verticalização de alianças. Não é possível uma sopa de siglas baseadas na ocasião fazer algum sentido para o eleitor mediano. Daí a associar a concorrência por cargos e representação apenas ao interesse econômico, não custa muito. As relações de clientela são muito fortes no Brasil, e como tal precisam ser combatidas. Uma boa forma seria a recomposição de blocos político-ideológicos, até para termos embates programáticos na campanha. É importante agrupar as legendas e para isso seria fundamental comprometer, ao menos nos estados, as formas de aliança política.
Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat
Não há como exigir um comportamento razoável do eleitor se quem concorre para o cargo se porta tão mal. Quando não se identifica a divisão ideológica, a reprodução é a ideologia dominante, e sua cultura política hegemônica. Ou seja, o sentido lógico do engajamento político passa a ser a sobrevivência, a colocação laboral. O motor dessa cultura são as relações sociais, não escapando nenhum evento coletivo em escala municipal sem a presença de um enxame de candidatos a vereança e mesmo para prefeito.
A única forma de alterar este comportamento, ao menos o que vem de cima para baixo, seria algum tipo de verticalização de alianças. Não é possível uma sopa de siglas baseadas na ocasião fazer algum sentido para o eleitor mediano. Daí a associar a concorrência por cargos e representação apenas ao interesse econômico, não custa muito. As relações de clientela são muito fortes no Brasil, e como tal precisam ser combatidas. Uma boa forma seria a recomposição de blocos político-ideológicos, até para termos embates programáticos na campanha. É importante agrupar as legendas e para isso seria fundamental comprometer, ao menos nos estados, as formas de aliança política.
Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat
Fonte: Estratégia e Análise
Visite a pagina do MCCE-MT