sábado, 15 de dezembro de 2012

Prefeito e moradores queimam bandeira do Brasil e deputado diz que Assembleia apoia ato


NOTA DA CPT MT SOBRE AS OCORRENCIAS DA TERRA MARÃIWATSÉDÉ 




A Comissão Pastoral da Terra, Mato Grosso, reunida em Cuiabá no Encontro Estadual, com representantes de todas as equipes do Estado, quer expressar a sua total solidariedade e, simultaneamente, lamentar com profunda indignação a situação por que passa, mais uma vez, o Povo Xavante da aldeia Marãiwtsédé (Médio Araguaia). 

Após anos de espera, que impôs seqüelas irreparáveis à todo Povo Xavante, principalmente às crianças, que morreram vitimadas pelas doenças, finalmente acreditamos que uma injustiça histórica está sendo reparada. No entanto, o que estamos assistindo, atualmente, é um quadro extremamente preocupante, de forte agressão ao Estado de Direito, por parte de grupos que historicamente exploraram a área indígena até a exaustão; hoje, eles continuam a manipulação da verdade e da realidade, com a conivência do Governo do Estado. Exemplo disso é a Lei nº 9.564 de 2011 que autoriza a permuta com a FUNAI, trocando a Terra Indígena Marãiwatsédé pelo Parque Estadual do Araguaia, proposta pelo Presidente da Assembléia, José Geraldo Riva e pelo deputado Adalto de Freitas, com o apoio da mídia subserviente. 

Além disso, há uma série de outros posicionamentos de políticos, eleitos para representar o povo, que merecem repúdio. Entre eles, a manifestação carregada de preconceito e ódio do então Senador Cidinho dos Santos (PR), publicada no Diário de Cuiabá, em que afirma: “Hoje, podemos dizer que, primeiramente, existem os direitos dos índios e, depois, vêm os direitos dos humanos”. 

No coro das injustiças e inverdades, está também o Deputado Federal Júlio Campos (DEM/MT), que protestou a favor dos intrusos, desconsiderando a vida e a história dos indígenas Xavantes na região, já fartamente comprovada nos laudos antropológicos. 

Tudo isso vem trazendo um clima irrespirável e conseqüências graves não somente para o povo Xavante, mas para toda a sociedade. Provocam-se e acirram-se, a cada dia, ódios e chantagens vingativas e violentas. Chega-se a executar ações desumanas, como as que foram claramente expostas pelos intrusos, no bloqueio da BR 158, em que se proibiu, mesmo com a escolta da Força Nacional, a trafegabilidade de uma ambulância que transportava uma indígena Xavante que se encontrava em trabalho de parto, necessitando, urgentemente, de cuidados médicos. E, como não bastassem, os intrusos destruíram as pontes de acesso à aldeia Xavante, privando os indígenas do alimento e da água potável. 

Uma absurda projeção de culpas tem recaído em quem sempre defendeu posseiros e indígenas, a exemplo do Bispo Pedro e outros agentes da Prelazia. Não podemos aceitar que a voracidade de lucro de poucos setores privilegiados possa levar ao desequilíbrio da violência e do ódio, renovados por essas atitudes. Esperamos que a intervenção do Ministério Público Federal possa dar um basta a estes graves abusos. 

Na procura da Paz com Justiça, nos encoraja a firme posição assumida pelo novo bispo, Dom Adriano e sua Prelazia. Juntos, a CPT de MT quer contribuir para que se possa trilhar o caminho da justiça, com o reassentamento das famílias que tem direito à Reforma Agrária e conclamamos os órgãos Federais e Estaduais e toda aT sociedade a se unirem neste objetivo de Paz. 

COMISSÃO PASTORAL DA TERRA, REGIONAL MATO GROSSO. 

Cuiabá-MT, 16 de dezembro de 2012. 




Prefeito e moradores queimam bandeira do Brasil e deputado diz que Assembleia apoia ato 


Lábaro em chamas 

 Iniciada a manifestação, crianças em fila se dirigiram à base do mastro para puxar a flâmula para baixo, ajudadas por alguns adultos. Após a queda da bandeira, líderes do movimento jogaram álcool e gasolina no tecido e atearam fogo com isqueiros. Enquanto os trapos se desprendiam, a multidão emitia alguns gritos e aplausos...O ato, planejado exclusivamente para dar repercussão nacional à situação da gleba, tem apoio da Assembleia Legislativa (AL) de Mato Grosso, segundo anunciou o deputado estadual Baiano Filho (PMDB)

 Foto: José Medeiros / Olhar Direto


Da Reportagem local - Lucas Bólico e Renê Dióz - enviados especiais a Estrela do Araguaia (Posto da Mata)/Olhar Direto

Por anos a entrada do distrito de Estrela do Araguaia foi reconhecida por uma pequena estátua de Cristo Redentor e uma bandeira brasileira. A partir desta sexta-feira (14), passa a contar apenas com o Cristo. Cerca de 200 moradores e produtores rurais, acompanhados de líderes sindicais, de associações e políticos incendiaram o símbolo maior da pátria em revolta contra o processo de desintrusão que vem retirando todos os não-índios de Suiá Missú, demarcada como terra xavante em 1998.

O ato, planejado exclusivamente para dar repercussão nacional à situação da gleba, tem apoio da Assembleia Legislativa (AL) de Mato Grosso, segundo anunciou o deputado estadual Baiano Filho (PMDB) logo após o protesto – o qual contou com a presença de sindicalistas rurais e produtores de outros pontos da região, sobretudo da cidade de Querência.

Foto: José Medeiros / Olhar Direto

O peemedebista defende que a queima do lábaro nacional é um ato democrático do setor produtivo que está insatisfeito com o desfecho da disputa jurídica pelas terras. “[O ato tem] apoio nosso da Assembleia [Legislativa], todo parlamento estadual até porque nós da Assembleia entendemos que o que está acontecendo aqui é uma injustiça muito grande”, argumenta.

Quem, do microfone, chamou a população para o protesto anti-patriótico foi o prefeito de São Félix do Araguaia, Filemon Limoeiro (PSD), que detém área em Suiá Missú e já retirou todo o seu gado devido à desintrusão. “Eu convido a todos que vamos lá, abaixar a bandeira brasileira, que é uma vergonha para todos nós, e fazer o ato. Aqueles que concordam, queiram nos acompanhar”, conclamou o peessedista.

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) só não tiveram representantes no ato porque foram intimados pelo Ministério Público Federal (MPF), segundo o qual poderiam ser presos por incentivar impedimento a cumprimento de decisão judicial.

Foto: José Medeiros / Olhar Direto

Lábaro em chamas

Iniciada a manifestação, crianças em fila se dirigiram à base do mastro para puxar a flâmula para baixo, ajudadas por alguns adultos. Após a queda da bandeira, líderes do movimento jogaram álcool e gasolina no tecido e atearam fogo com isqueiros. Enquanto os trapos se desprendiam, a multidão emitia alguns gritos e aplausos.

“Não somos terroristas, somos ruralistas”, gritaram alguns. “Vamos botar uma bandeira dos Estados Unidos no lugar, lá ninguém tá nem aí pra índio não!”, exclamou outro.

Foto: José Medeiros / Olhar Direto

Observados por aproximadamente trinta caminhoneiros retidos no bloqueio mantido na rodovia BR-158, os manifestantes passaram a rasgar os restos chamuscados da bandeira brasileira enquanto algumas crianças corriam, ávidas para mostrar cartazes de protesto às câmeras da imprensa. O ato só se encerrou com a chegada de um ônibus abastecido com alimentos, em apoio aos moradores de Estrela do Araguaia (Posto da Mata). Algumas crianças levavam pedaços de tecido verde, amarelo e azul para casa de bicicleta.

O ato só não saiu como o planejado, porque os manifestantes exaltados acabaram inutilizando a corda do mastro. No lugar do símbolo nacional, os produtores, moradores e políticos, pretendiam erguer um pedaço preto de lona, em sinal de luto.

Foto: José Medeiros / Olhar Direto


Fonte Olhar Direto

Saiba mais:


Desapropriação de reserva indígena no MT escancara a violência do latifúndio


Da página do MST

Desde o início dessa semana, a desapropriação das fazendas ocupadas de forma ilegal na área indígena de Marãiwatsédé começou a ser executada. Os despejos ocorrem pelo fato da área ser uma reserva indígena destinada à tribo Xavante.

Os posseiros e fazendeiros que serão despejados agravam a tensão na região, criando conflitos com as forças de segurança que exercem a desapropriação e ameaçando figuras históricas na defesa dos direitos indígenas, como o bispo emérito de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga.

Os Xavante lutam há mais de 40 anos para conseguir voltar de fato a sua terra de direito e viver em paz. Dos 165 mil hectares da reserva, os 800 Xavantes não ocupam nem 10% do total, situando-se em apeas uma aldeia, e mesmo assim sempre sofreram constantes ameaças físicas para que saíssem da área.

Os indígenas foram removidos de suas terras na década de 60, com apoio do regime militar para que empresas agropecuárias pudessem se estabelecer na área. Em 1992, a empresa Suiá Missu, por conta da pressão internacional da Eco-92, se desfez das terras. Neste momento, políticos e latifundiários, apoiado pelo estado do Mato Grosso, fizeram forte campanha para a ocupação da área indígena por não índios, incitando uma grande quantidade de pequenos produtores e posseiros a ocuparem a área, para encobrir a ação dos grandes latifundiários.

De acordo com levantamento do Ministério Público Federal (MPF), grande parte das áreas do povo Xavante está nas mãos de apenas 22 posseiros. Prefeitos, ex-prefeitos, vereadores, empresários e um desembargador são donos de 32 fazendas na região, o equivalente a 44,6 mil hectares da área.

Pequenos proprietários

Em carta divulgada sobre a situação da área pelo bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, Adriano Ciocca, é preciso dar assistência aos posseiros de baixa renda que vão perder sua terra. “Sabemos que está havendo muito sofrimento, sobretudo, dos mais pobres, por causa desta retirada determinada pela justiça. Lamentamos que pessoas humildes tenham se deixado levar pelas promessas de políticos e demais pessoas interessadas apenas em tirar proveito desta terra historicamente pertencente ao povo Xavante e que estão acostumadas a usar o povo para garantir os seus interesses”, disse.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) assegurou que os pequenos produtores serão incluídos no cadastro da Reforma Agrária. O bispo Ciocca argumenta que a entidade religiosa apoiará quem tem o direito à um pedaço de terra e irá pressionar para o cumprimento deste direito, mas que a ocupação teria esse fim para os não indígenas. “Queremos lembrar que nós, bispos e agentes de pastoral, desde o início desta ocupação alertamos e sempre continuamos alertando para a possibilidade do atual desfecho por se tratar de terras cujo direito é garantido ao povo Xavante pela Constituição Federal de nosso país.”

Ameaças a Dom Pedro Casaldáliga

O bispo emérito de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga é um histórico defensor do direito dos Xavante a ocuparem suas terras, e que posseiros e sem terra também possam obter um lote legal. Há mais de três meses, Dom Pedro vem recebendo ameaças de sequestro e morte, que se tornaram públicas nesta semana. Para garantir sua segurança, o bispo foi movido de sua residência para um lugar mais seguro, até o fim das desapropriações.

De acordo com carta de solidariedade a Dom Pedro, assinada por entidades como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), “O que D. Pedro sempre pediu, em relação a esta terra, foi que os pequenos que entraram enganados, fossem assentados em outras terras da Reformas Agrária. Mas o que se vê é que, ontem como hoje, os pequenos continuam sendo massa de manobra nas mãos dos grandes e dos políticos na tentativa de não se garantir aos povos indígenas um direito que lhes é reconhecido pela Constituição Brasileira.” Quando a perseguição a sua figura começou, Dom Pedro escreveu o poema abaixo, no qual afirma que “morrerá de pé com as árvores”:

MORREREI DE PE COM AS ARVORES

Eu morrerei de pé como as árvores.
Me matarão de pé.
O sol, como testemunha maior, porá seu lacre
sobre meu corpo duplamente ungido.

E os rios e o mar
serão caminho
de todos meus desejos,
enquanto a selva amada sacudirá, de júbilo, suas cúpulas.

Eu direi a minhas palavras:
- Não mentia ao gritar-vos.
Deus dirá a meus amigos:
- Certifico
que viveu com vocês esperando este dia.

De golpe, com a morte,
minha vida se fará verdade.
Por fim terei amado!

Fonte MST

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Maraiwatsédé e o Senador Cidinho




 Por  Dr. Luiz Augusto Passos

Senador Cidinho,

Quando se tem acesso à terra necessária para o bem estar, se tem acesso à vida. Se tem acesso ao bem necessário, por sermos e termos corpo dependente dos recursos cósmicos para mantê-lo.  Esse cuidado do corpo é condição do nosso cuidado com o coração, alma e sentimentos. A terra é um direito a cada pessoa, mas ela também tem um direito primordial se continuar a recebe nosso cuidados, nossos carinhos, pelo dom gratuito dela para conosco, e fazer-nos gente no mundo. Reconhecida por todas as culturas do mundo como Mãe, o é, num sentido radical, não teríamos estaríamos no mundo, não sobreviveríamos e não seríamos pessoas sem ela. Abraço e laço primal de nossa convivência com o mundo; ela no coloca em relação com todos os outros seres, inanimados e animados, que se relacionam com a gente por ela, todos somos terra, ela gera um círculo de fraternidade universal e de comunhão de todos com tudo. Por isso não somos únicos neste planeta, sequer somos os melhores, sobretudo pela degradação causada à toda a realidade e em humanidade em dores de parto entre a barbárie e a solidariedade. Compartilhamos com a pedra, com a água, com as plantas, enfim com todos os bens o que a terra, antes, compartilhou de si conosco.

Violência contra terra, é violência contra nós, e contra todos e tudo. Violência contra quem quer que seja, animado ou inanimado, é também violência contra a terra, contra a vida, que só se mantem pela aposta perversa de um egoismo sem fundamento de que podemos nos apartar de todos os outros, com a pretensão de sermos o centro do universo. Não somos!

Os jornais publicaram, Senador Cidinho, sua manifestação raivosa, publicada no Diário de Cuiabá, acredito que fruto de equívoco. Nela se atribuía ao senhor a seguinte frase: “Hoje, podemos dizer que, primeiramente, existem os direitos dos índios e, depois, vêm os direitos dos humanos”, disse ontem senador Cidinho dos Santos (PR), sobre a retirada de posseiros da reserva Marãiwatsede.”
 
Senador, infelizmente, o senhor chegou muito depois dos Xavante, eles foram os primeiros na terra que o senhor propõe que lhes seja negada! O senhor sabe dos inúmeros documentos do século XVII que demonstram, com precisão, os povos que ocupavam a área do Mato Grosso com suas múltiplas nações, covardemente assassinadas, e que se estendeu, inclusive, à retirada do povo Xavante do seu território. O pesadelo das gravações fonográficas que formam um dossiê na polícia federal, filmes, fotografias, memória viva na população mato-grossense que está perplexa pela perversidade reiterada da acumulação de capital e de terra feita à custo da verdade, da justiça e de muito sangue. Apesar disso, os Xavante continuam os primeiros, não apenas naquela terra, mas também em dignidade. Lutam pela terra que conservam como continuidade de suas próprias vidas e das nossas. Infelizmente, falta-nos humanidade a todos nós não-indígenas a condição de grandeza e dignidade dos Xavante, Senador. Ele honram nossa humanidade, mas também honram os direitos humanos, porque cuidam do bem que nos garante a perspectiva de continuar respirando, nos alimentando, mantendo-nos e nos dando a chance de lutar, dia a dia, pela humanização de todos e todas, também dos não indígenas, mas também do direito da Terra, que também nos precedeu a todos, senador.

Os Xavante, ao contrário do que disse o Senador – se deveras disse o que lhe foi imputado pela imprensa – nos ensinam humanidade e nos obrigam a recuperarmos a noção e a sensibilidade dos Direitos Humanos entre nós, que os indígenas conhecem pela ausência deles no nosso meio. Se não houver índios reclamando direitos, senador, eles não existirão entre nós, nem como lembrança, porque nós os desconhecemos ou os negamos. O que os Xavante reivindicam é o direito de poderem ser INDIOS, indios a modo Xavante, que não querem se confundidos com a covardia que desde o primeiro contato com os não indígenas, os fizeram vítimas. Os Xavante eram indígenas amistosos, mas aprenderam – na marra – que em não indígena não se pode confiar. Souberam isso, a preço de ver suas mulheres violentadas, anciãs assassinadas, aldeias queimadas, crianças trucidadas por uma racionalidade que se imagina só no mundo, e que não carece dos outros, e a ninguém presta conta.

Os Xavante reivindicam, desculpe corrigi-lo,  não são os direitos de Índios serem índios porque nunca renunciaram à sua identidade de história,  o que eles reclama são os Direitos Humanos atribuídos por nossa constituição a eles, inclusive pelo direito internacional. Se os Xavante forem privados dos Direitos Humanos que reconhecem e demandam, e pelo qual lutam com cidadania, a quem iremos, Senador, aos “BRANCOS” que perderam a noção do que este direitos possam ser?
Direitos humanos que tem sido vilipendiados por uma institucionalidade empedernida, positivada e morta, na medida em sequer estimulamos em nós o respeito a nós mesmos, e não zelamos pelo pudor de dizermos com nossa boca o que empana ainda mais nossa condição [des]humana precisamente por sermos cegos e não enxergarmos que o direito reclamado pelo OUTRO e pelo DIVERSO nos salva!

Os Xavante nos incomoda porque se negam a subordinar-se à iníqua ordem de um capital assassino. Nos incomodam também porque mostram a vileza da nossa violência que se pretende racional e superior, capaz de produzir outra vez na história a vergonha de uma “solução final” pela morte .

Os Xavante serão e são vencedores, como o serão os Kaiowá-Guarani, os Munduruku, o Katawixi, Himerimã, Pataxó e todos os outros, que demonstram um nível de sensibilidade humana que quase todos nós já perdemos.

Eles serão a fonte, o manancial vivo de nos instigar a voltar à vida, à dignidade perdida pela extrema ganância que cultiva o genocídio, a  incapacidade de viver com o diverso e o diferente. Ele são voz no deserto que clama não apenas pela vida deles, mas de todos nós, de toda e qualquer vida, sem diferença, onde também a sua está contemplada, Senador.

Não use a palavra “Xavante” ou a palavra “índio” na contraposição da humanidade ela poderá ferir-nos a nós próprios. Vamos aproveitar o incidente, Senador, por esforçar-nos a reconhecer gosto de sermos gente, por termos raízes no mundo deles. Eu não  o conheço, mas acredito que podemos todos nós, o senhor também assumir que no seu sangue, como no meu, corre sangue luso-ibérico-afro-indígena, queiramos ou não, tantas vezes negado por nós, por medo de neste espelho descobrirmos, espantados, o quanto nos desumanizamos!

Use de suas prerrogativas, Senador, para pedir desculpas não aos indígenas mas à suas raízes feridas de morte que também são as nossas. Os que reivindicam Maraiwatsédé - território Xavante – e paralisam a desintrusão – o fazem em nome de grandes interesses de pessoas que não precisam de Maraiwatsédé, mas que o fazem como alvo simbólico por sua pertinaz resistência. A desintrusão da terra Xavante enaltece a humanidade de todos nós, porque estanca em parte o projeto de morte que não visa só Maraiwatsédé, mas tem por objetivo tudo o que se possa considerar terra, como recurso econômico, às custas da vida de pessoas e da terra.

Precisamos evitar, Senador, que seja utilizada a força e a violência para ferir direitos legítimos e legais à Humanidade de todos nós e dos indígenas.

Prof. Dr. Luiz Augusto Passos

Fonte:  luizaugustopassos.com.b

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