As acusações do condenado Marcos Valério ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (vide aqui)
não devem ser aceitas como fiéis expressões da verdade, nem podem ser
sumariamente descartadas como engodos para o operador do mensalão escapar das grades. Têm de ser investigadas.
Por dois motivos: sua indiscutível gravidade e o fato de que vieram acompanhadas de pistas concretas.
Então, cabe ao Ministério Público apurar que destino tiveram os dois depósitos de Valério na conta da empresa do ex-assessor da Presidência Freud Godoy em 2003; e se a fornecedora da Portugal Telecom em Macau transferiu mesmo R$ 7 milhões para o PT em 2005.
A falta de credibilidade de Valério enfraquece suas afirmações de que Lula manteve tais ou quais contatos, dando aval para isto ou aquilo. Mas, não exime as autoridades de investigarem o que pode ser investigado, ou seja, de seguirem o rastro do dinheiro.
Outras perguntas que não querem calar:
- se Valério deu tais declarações à Procuradoria Geral da República no dia 24 de setembro, o que fez a PGR nestes dois meses e meio? Temos um novo engavetador geral da República?
- quando O Estado de S. Paulo recebeu as primeiras informações sobre o depoimento de Valério à PGR (publicadas no dia 01/11) e a íntegra das 13 páginas (que agora diz possuir)? Foram mesmo duas entregas diferentes ou já dispunha do material todo e optou por divulgá-lo seletivamente, esperando o fim do julgamento do mensalão para fazer as revelações mais contundentes? Enfim, está apenas se prestando a trombetear o que convém a terceiros ou tem com eles uma relação de parceria?
Para quem é do ramo, fica
evidente a existência de duas forças contrárias atuando nos bastidores:
uma para minimizar/acobertar o que porventura haja ocorrido e outra para
fazer explodir mais um escândalo político.
Quanto ao Estadão, um dia saberemos se atuou com motivações apenas midiáticas ou, como em 1964, tentando direcionar os acontecimentos. O certo é que pega muito mal um jornal tão pomposo e empertigado estar favorecendo as maquinações de um criminoso desprezível...
Já o Lula e o Zé Dirceu, sejam eles inocentes ou culpados, deveriam ter um mínimo de respeito por suas próprias histórias, jamais permitindo que sujeitinho tão ignóbil gravitasse em suas órbitas. Quem com cães de deita, com pulgas se levanta.
Fonte Náufrago da Utopia
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O cerco contra Lula se fecha. E agora?
por Altamiro Borges, no seu blog
Reportagem do Estadãode
hoje confirma, até para os mais ingênuos, que a direita midiática e
partidária não vai recuar um milímetro na sua ofensiva para desconstruir
a imagem de Lula – e para, logo na sequência, bombardear a presidenta
Dilma. Ela teve como base um depoimento prestado por Marcos Valério, em
24 de setembro último, à Procuradoria-Geral da República, que “vazou” no
jornal da famiglia Mesquita. Nela o publicitário afirma que pagou
“despesas pessoais” do ex-presidente Lula e que sofreu “ameaças de
morte”.
Ainda segundo o sinistro depoimento, prestado após o empresário ser
condenado a 40 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal, Lula teria
dado aval aos empréstimos que irrigaram o “mensalão” que comprou
deputados da base aliada do seu governo. Marcos Valério fez as novas
denúncias às procuradoras Raquel Branquinho e Cláudia Sampaio – esta
última mulher de Roberto Gurgel, procurador-geral da República. Com
isto, ele tentou ser incluído no programa de proteção a testemunhas para
reduzir a sua pena.
O depoimento “vazado” deu novo fôlego à oposição midiática e
partidária. Em plena ofensiva, ela atua em várias frentes. Explora ao
máximo o midiático julgamento do “mensalão do PT”, que já estava nos
seus estertores e agora ganha nova dinâmica, e ainda abusa das
baixarias, inclusive moralistas, no caso Rosemary Noronha, ex-chefe do
gabinete da Presidência da República em São Paulo. Tudo é calculado para
fustigar a popularidade do ex-presidente Lula e, de quebra, para
fragilizar o governo da sua sucessora.
Já o cambaleante presidenciável do PSDB, Aécio Neves, disse que “o PT
e o governo deveriam terminar este ano de luto”. Será que ele bebeu
novamente? Será que ele já se esqueceu dos péssimos resultados das
eleições municipais? Para o senador mineiro, as denúncias de Marcos
Valério confirmam que “o nível das relações íntimas do governo federal
nos tráficos de influência que lesaram o erário público… O mensalão está
aí na sua fase final e já temos outras denúncias que justificam a
investigação da Procuradoria-Geral”.
Outras lideranças políticas, de legitimidade próxima à nulidade, também ficaram excitadas com a denúncia do Estadão. Roberto Freire, o chefão do PPS, novamente tentou se colocar como o capacho da direita. Já o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que andava meio na moita por puro oportunismo eleitoral, voltou a esbravejar que “o PT se transformou num verdadeiro carrasco da ética” e que o governo Dilma é “incompetente”. Alguns “viúvos do Demóstenes”, que se travestem de esquerda, também já se ouriçaram.
Diante deste verdadeiro linchamento, amplificado pela mídia, a reação
das vítimas desta nova ofensiva da direita ainda é muito tímida. Na
França, onde participa de um seminário internacional, Lula disse apenas
que o depoimento de Marcos Valério “é uma mentira e eu não posso
acreditar em mentiras”. Já a presidenta Dilma Rousseff, também presente
ao evento em Paris, lamentou “estas tentativas de desgastar a imagem de
Lula. Repudio todas as tentativas de destituir Lula de sua imensa carga
de respeito pelo povo brasileiro”.
O PT divulgou hoje à tarde uma nota, assinada pelo presidente da sigla, Rui Falcão, em repúdio às acusações. “A direção nacional do PT lamenta o espaço dado pela imprensa para as supostas denúncias assacadas pelo empresário Marcos Valério contra o partido e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Caso essas declarações efetivamente tenham sito feitas em uma tentativa de ‘delação premiada’, deveriam ser tratadas com a cautela que se exige nesse tipo de caso. Infelizmente, isso não aconteceu”.
Ainda segundo a nota, “as supostas afirmações desse senhor ao
Ministério Público Federal, vazadas de modo inexplicável por quem teria a
responsabilidade legal de resguardá-las, refletem apenas uma tentativa
desesperada de tentar diminuir a pena de prisão que Marcos Valério
recebeu do STF. Trata-se de uma sucessão de mentiras envelhecidas, todas
já claramente desmentidas. É lamentável que denúncias sem nenhuma base
na realidade sejam tratadas com seriedade”.
Direita em plena ofensiva
Neste esforço, o que há de mais reacionário na política nativa se une. Logo após o factoide do Estadão,
o PSDB anunciou que pedirá a imediata convocação de Marcos Valério para
depor no Congresso Nacional. “Queremos ouvi-lo para que ele diga ao
país o que disse ao procurador. O que se sabe são vazamentos. É oportuna
a presença dele para confirmar o que saiu na imprensa”, justificou o
exótico Álvaro Dias, líder tucano no Senado. Os demos, mais sujos do que
pau de galinheiro, também pedem a convocação.
Aécio Neves bebeu novamente?
Outras lideranças políticas, de legitimidade próxima à nulidade, também ficaram excitadas com a denúncia do Estadão. Roberto Freire, o chefão do PPS, novamente tentou se colocar como o capacho da direita. Já o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que andava meio na moita por puro oportunismo eleitoral, voltou a esbravejar que “o PT se transformou num verdadeiro carrasco da ética” e que o governo Dilma é “incompetente”. Alguns “viúvos do Demóstenes”, que se travestem de esquerda, também já se ouriçaram.
Reação tímida dos atingidos
O PT divulgou hoje à tarde uma nota, assinada pelo presidente da sigla, Rui Falcão, em repúdio às acusações. “A direção nacional do PT lamenta o espaço dado pela imprensa para as supostas denúncias assacadas pelo empresário Marcos Valério contra o partido e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Caso essas declarações efetivamente tenham sito feitas em uma tentativa de ‘delação premiada’, deveriam ser tratadas com a cautela que se exige nesse tipo de caso. Infelizmente, isso não aconteceu”.
Superar o pragmatismo e a conciliação
Os pronunciamentos e notas, porém, não são suficientes para conter a
fúria da direita midiática e partidária. A conjuntura política fica
cada vez mais delicada, com forte tendência à radicalização. Os
demotucanos, sempre pautados pela mídia, já decidiram “endurecer” e
precipitar a sucessão presidencial de 2014. As forças de esquerda,
especialmente o PT, precisam reavaliar o cenário. Não podem ficar
acuadas em função das visões pragmáticas e conciliadoras. O momento
exige partir para ofensiva. Antes que seja tarde!
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