A investigação do Gaeco é mais ampla que a realizada pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa do MP. Este último só busca saber sobre a ligação com a gráfica.
Gaeco também investiga morte de Mário Spinelli Sobrinho
RD News
Valérya Próspero
O presidente afastado da Câmara de Cuiabá João Emanuel (PSD) tem no rol de investigações que pesam contra ele o suicídio do servidor público estadual Mário Spinelli Sobrinho, de 34 anos, ocorrido no início de agosto, no Centro de Reabilitação Dom Aquino Corrêa (Cridac). Isso porque o motivo de Mário tirar a própria vida seria uma dívida contraída com agiota para ajudar o social-democrata na campanha de 2012, supostamente no valor de R$ 1 milhão.
Como o montante não estava sendo pago, o servidor teria recebido
inúmeras ameaças contra ele e a família, inclusive com violência por
parte do cobrador. Diante da situação, desesperado, Mário se matou. “A
denúncia não partiu da família, mas o caso também está sendo
investigado”, disse um dos promotores do Gaeco que atua na Operação
Impostor.
Outras acusações que João Emanuel terá que responder se refere a
fraude de documentos, apropriação do dinheiro público em proveito
próprio, fraude em contrato de licitação, peculato, corrupção e
organização criminosa. Agiotagem para angariar recursos para possível
campanha a deputado também está sendo investigada. Neste caso, o
vereador teria captado recursos com factorings a fim de dar legalidade
ao dinheiro
Os membros do Gaeco, em coletiva concedida nesta quinta (28), não
quiseram especificar quais as provas que já foram reunidas contra João
Emanuel que fizeram o Tribunal de Justiça não só decretar o afastamento
por supostos crimes penais e cíveis, mas também dizer que a
documentação apresentado pelo Ministério Público evidencia fortemente
conduta que desrespeita a lei.
A única evidência de irregularidade expressa pelo Gaeco trata do
gasto de R$ 1,4 milhões só com material gráfico, neste ano, junto a
Gráfica Propel, em Várzea Grande, que também presta serviços à
Assembleia. Para comparar, o coordenador –geral do Gaeco Marco Aurélio
Costa, exemplifica que todas as secretarias da Prefeitura de Cuiabá
gastaram em 2013, R$ 500 mil. Também são investigados servidores
comissionados diretamente ligados à presidência da Câmara.
A Operação teve início há dois meses. Foram expedidos oito
mandados de busca e apreensão, mas nem todos cumpridos ainda. Futuras
prisões não estão descartadas. A investigação do Gaeco é mais ampla que a
realizada pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e da
Probidade Administrativa do MP. Este último só busca saber sobre a
ligação com a gráfica.
MP contrapõe defesa
O Gaeco ainda desmereceu a competência do advogado de João
Emanuel, Eduardo Mahon, dizendo que qualquer bacharel sabe a diferença
entre prestar esclarecimentos para Promotoria e para o Gaeco. A
declaração se refere ao fato de Mahon ter declarado que os documentos já
tinham sido encaminhados e que o vereador já tinha ido à sede do grupo.
O coordenador do Gaeco disparou ainda que se a busca e apreensão não
fosse necessária, a Justiça não teria expedido.


