Brasil, um país republicano, graças a uma disputa amorosa.
Por Rafaela Santos Jacintho.
Diferente do que foi aprendido nos tempos de escola, a república não era uma ideia que
agradava a população brasileira, pelo contrário. Já em 1884, bem
próximo a sua “proclamação”, apenas três republicanos conseguiram se
eleger para a câmara dos deputados e na próxima eleição somente um.
Os republicanos tentavam a todo custo disseminar suas idéias pelo
país, porém era um trabalho em vão. Quando enfim perceberam que não
conseguiriam por fins pacíficos acabar com o império, tiveram a grande
idéia de um golpe militar. Só que para que isso acontecesse precisariam
ter o apoio de um líder de prestígio da tropa militar. Foi ai que então
resolveram se aproximar de Marechal Deodoro da Fonseca em busca de
apoio.
O que grande parte das pessoas não sabe é que foi tarefa difícil
convencer Marechal Deodoro a dar o golpe, tendo em vista que o mesmo era
amigo do Imperador Dom Pedro II e era um dos maiores defensores do
Monarquismo.
Entenda o cenário:
Dom Pedro II, filho mais novo do Imperador Dom Pedro I tornou-se
imperador aos 5 anos de idade e teve que passar grande parte da sua
infância estudando para que fizesse um bom reinado. Como já dito em
artigo anterior, um rei é preparado pra reinar desde o momento de seu
nascimento, logo as longas horas de estudo e preparação do nosso
Imperador resultou em transformar o Brasil numa grande e potente nação
emergente. Sua estabilidade política era notória e o Império do Brasil
se destacava em relação as nações vizinhas. Tínhamos liberdade de
expressão, respeito aos direitos civis, tendo em vista que foi durante
seu reinado que foi assinada a lei áurea, pela sua filha Dona Isabel
Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança
e Bourbon, popularmente conhecida como Princesa Isabel.
Poucos sabem, mas desde meados de 1850, Dom Pedro II se declarava
publicamente contra o regime de escravidão. Fato esse corajoso, tendo em
vista que poucos brasileiros na época se manifestavam contra o regime. O
nosso imperador considerava a escravidão uma vergonha nacional e
tampouco possuiu escravos.
A escravidão no Brasil vinha sendo extinta de forma gradual através
de várias medidas. Em 1871 veio a lei do ventre livre que ajudou
bastante a diminuir o percentual de população escrava no país. Todos
consideravam que esse posicionamento político de Dom Pedro II em relação
a escravidão seria suicídio político, pois até os mais pobres no Brasil
tinham escravos como propriedade.
Em 1888, quando princesa Isabel Decretou a Lei Áurea, os donos de
escravos sentiram-se traídos pelo regime monárquico e por forma de
vingança tornaram-se republicanos. Os mesmo são chamados de republicanos
de última hora.
Voltando ao golpe militar, como já foi falado, os republicanos
precisavam de uma forma de convencer Marechal Deodoro a dar o golpe e
tanto tentaram que acabaram conseguindo.
No dia 14 de novembro de 1889, os republicanos, num ato muito
“honesto” fizeram correr o boato de que o primeiro ministro Visconde de
Ouro Preto havia decretado prisão contra Marechal Deodoro e o líder dos
oficiais republicanos o tenente-coronel Benjamim Constant. Essa falsa
notícia fez com que Marechal Deodoro decidisse se levantar contra a
monarquia. Na manhã do dia 15, Deodoro reuniu toda a tropa em direção ao
centro da cidade do Rio de Janeiro, capital do Brasil Império, com o
intuito de decretar a demissão do ministério de Ouro Preto. Porém, ainda
não tinha a intenção de proclamar a república.
No calor dos acontecimentos, os republicanos precisavam pensar em
algo rápido para que convencessem de vez o marechal a fazer a
proclamação. Informaram-no então que Dom Pedro II teria nomeado Gaspar
Silveira Martins como primeiro ministro. Gaspar nada mais era do que um
rival de Deodoro, pois os dois já haviam disputado o amor da mesma
mulher na juventude. Essa foi a gota d’água para que fosse feito o
rompimento total com a monarquia.
Dom Pedro não reagiu ao golpe. Passou os seus últimos dois anos de
vida no exílio na Europa, vivendo só e com poucos recursos. O primeiro
ato de corrupção do regime republicano foi quando os golpistas ao
obrigar a família imperial do Brasil ao exílio, retiraram dos cofres
públicos 5 mil contos de réis e deram a Dom Pedro II como forma de
indenização pelos danos sofridos. O Imperador não só recusou como também
exigiu que caso o dinheiro já tivesse sido retirado dos cofres públicos
que fosse feito um documento comprobatório no qual ele o estaria
devolvendo. Ele citou então a frase: “Com que autoridade esses senhores
dispõe do dinheiro publico?”
Aposto que isso tudo seu professor de história não contou: Brasil, um país republicano, graças a uma disputa amorosa.
Fonte Liberdade.br
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REPÚBLICA, "PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA" - É HORA DE RELEMBRAR RUI BARBOSA
“A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.
A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.
Essa foi a obra da República nos últimos anos. No outro regime, o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre, as carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade”.
Fonte BLOG DO JÚNIOR BONFIM
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