sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Mensaleiro Pedro Henry quer burlar pena com pedidos de trabalho, diz MP


Ex-deputado quer uma agenda cheia fora da cadeia: trabalhar em hospital, estudar fisioterapia à noite, cursar pós-graduação e dar plantões no IML




Agência Brasil

Em parecer encaminhado à Vara de Execuções Penais, o Ministério Público de Mato Grosso afirmou que o ex-deputado Pedro Henry (PP-MT), condenado no escândalo do mensalão, tentar “burlar” o cumprimento da pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao apresentar pedido para manter outros empregos e estudar fora da Penitenciária Central do Estado, conhecido como Polinter.

Henry foi condenado a sete anos e dois meses em regime semiaberto pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no julgamento do mensalão. Ele já obteve aval para trabalhar no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá, mas pleiteia também estudar fisioterapia no período noturno durante a semana, cursar pós-graduação em medicina hiperbárica às sextas-feiras e aos sábado, e cumprir plantões médicos de 24 horas semanais no Instituto Médico Legal (IML).

Para o promotor de Justiça Joelson Maciel, o pedido de duplo trabalho não permitiria, por exemplo, que o mensaleiro passasse parte do tempo na cadeia e não daria ao condenado o “necessário momento de reflexão que toda e qualquer pena deve impor aos condenados sobre os seus atos e consequências deletérias dos mesmos em relação a toda sociedade mato-grossense e brasileira”.

“O trabalho duplo, nesse caso, ao invés de tornar-se instrumento de ressocialização, transmuda-se como meio de burlar a própria execução da pena”, opinou o Ministério Público. No mesmo parecer, o promotor disse ser contrário à autorização para o mensaleiro cursar fisioterapia ou de pós-graduação em medicina hiperbárica.

Ex-líder do Partido Progressista (PP), Henry começou a trabalhar há cerca de duas semanas no hospital Santa Rosa. Ele foi autorizado pela Justiça a cumprir jornada das 7 horas às 17 horas. De acordo com a oferta de emprego assinada pelo sócio-proprietário do hospital, José Ricardo Mello, o ex-deputado atuará como coordenador da clínica médica e terá salário inicial de 7.500 reais. Ele não poderá deixar o hospital durante o trabalho e no futuro terá de usar tornozeleira eletrônica.

Fonte  Agência Brasil

Saiba mais

Juiz nega dois cursos e segundo emprego a Pedro Henry 

 Henry foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro

R7

Após parecer contrário do Ministério Público de Mato Grosso, o juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto, da Vara de Execuções Penais de Mato Grosso, negou nesta quarta-feira (22), os pedidos do ex-deputado Pedro Henry (PP-MT) para ter um segundo emprego, fazer um curso de fisioterapia à noite e concluir sua pós-graduação em medicina hiperbárica.

Condenado a 7 anos e 2 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no julgamento do mensalão, Henry cumpre a pena em regime semiaberto e já trabalha como coordenador administrativo do hospital particular Santa Rosa, em Cuiabá (MT). O ex-deputado recebe salário de R$ 7,5 mil no hospital.

De acordo com o juiz, há "total incompatibilidade da pretensão do reeducando com os objetivos da reprimenda, pois o cumprimento da pena seria reduzido aquém do mínimo, o que estimularia, inclusive, a impunidade." Fidelis Neto lembra ainda que Henry começou a cumprir a pena no regime semiaberto em 13 de dezembro, e que seria necessário o cumprimento de ao menos um sexto da pena para ter direito a sair para estudar.

Em 13 de dezembro do ano passado, Pedro Henry renunciou ao cargo de deputado federal após ter o mandado de prisão expedido pelo Supremo.
‘Estranheza’

"Soma-se à tal circunstância a estranheza que causou a qualquer pessoa, de senso comum, o fato de o penitente, conhecido pela profissão de médico e cursando pós-graduação em medicina hiperbárica, colocar-se a disposição para cursar graduação similar àquela já concluída. É bom frisar que não se está a diminuir a importância e o valor do curso de fisioterapia, porém é clara a intenção do recuperando em apenas se manter afastado do estabelecimento penitenciário", afirma o juiz magistrado, na decisão.

Nos pedidos encaminhados dia 13 pela defesa do ex-parlamentar, Henry solicitou também autorização para trabalhar como médico legista das 7 horas de domingo às 7 horas de segunda-feira. Henry é funcionário público do Estado de Mato Grosso e, mesmo condenado no mensalão, não perdeu o cargo. Cabe à Procuradoria-Geral da República solicitar a perda do cargo ao Supremo.

A decisão da Justiça segue o parecer do Ministério Público de Mato Grosso emitido na terça-feira passada, no qual o promotor de Justiça Joelson de Campos Maciel considerou os pedidos uma tentativa de burlar a pena. "O trabalho duplo, nesse caso, ao invés de tornar-se instrumento de ressocialização, transmuda-se como meio de burlar a própria execução da pena e ultrapassa, e muito, o limite legal", disse o promotor. 
 
Fonte R7
 
 
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