O pedido de realização das audiências publicas foi protocolado hoje as 10 horas da manha, primeiro na Procuradoria Geral de Justiça e depois na Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
O MCCE (MOVIMENTO DE COMBATE À CORRUPÇAO ELEITORAL) protocolou nesta quarta-feira no MP e na AL um pedido de intervenção da assembleia
legislativa e do ministério público por meio de audiências públicas, abertas a
toda sociedade, para discutir a proposta de cobrança de pedágios nas rodovias estaduais.
Desde o ano passado o
governo do estado começou a realizar algumas audiências públicas em cidades do
interior, bem longe dos verdadeiros interessados, e os supostos debates tem como
objeto a proposta de criação de praças
de pedágio na estrada que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães, numa primeira
etapa.
Depois o pedágio seria
estendido a outras regiões, encarecendo fretes, e inibindo a criação da indústria turística.
Segundo Antonio
Cavalcante Filho, o Ceará, coordenador do MCCE em Mato Grosso, em relação a cobrança de pedágio, a atuação do governo é
cheia de mistérios, gera desconfiança e abre espaço para todo tipo de ilação.
“Há quem diga que já
existe uma empresa preparada para faturar com o pedágio, um negócio que gera
movimento financeiro idêntico às empresas de ônibus, igual o ‘jogo do bicho’ ou à igreja do ‘Apóstolo’ Valdomiro”, compara Ceará.
Na visão do MCCE, se
for implantada a cobrança de pedágio na rodovia que liga a Capital à Chapada
vai se desvelar um perigoso apartheid
em Mato Grosso. Quem possuir condições materiais terá acesso ao lazer e os desassistidos
ficarão marginalizados.
Outra situação que
parece esdrúxula e se revela contraditória é que foram destinados mais de um bilhão
e meio de reais de dinheiro público para aplicar em rodovias, e essa tendência abre
espaço para que os investimentos públicos se revertam em lucro para alguns
particulares, privilegiados.
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Em documento, MCCE cobra ação do MP e AL contra pedágio
Cobrança de pedágio na MT-251, estrada de Chapada dos Guimarães tem causado polêmica nos últimos dias
Coordenador do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE), Antônio Cavalcante, protocola documento no MPE
Hiper Noticias
ELIANA BESS
O Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE) protocolou documento no Ministério Público Estadual (MPE) e na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso (ALMT) para pedir intervenção dos poderes em relação à cobrança de pedágio na MT-251, estrada de Chapada dos Guimarães. O ato aconteceu na manhã desta quarta-feira (22).
Segundo o presidente do MCCE, Antônio Cavalcanti Filho, a questão da cobrança de pedágio não foi amplamente discutida com a sociedade e os segmentos sociais interessados no assunto mesmo com a realização de três audiências públicas concretizadas pela Secretaria de Estado de Transporte e Pavimentação Urbana (Setpu).
As audiências aconteceram entre os dias 6 e 15 deste mês, nos municípios de Cuiabá, Chapada e Campo Verde. Contudo, mesmo com os eventos registrados em ata, o MCCE espera que o MP analise se houve as audiências e se teve a participação efetiva das entidades.
Quanto a Assembleia, o Movimento espera que se realize o debate com a sociedade, pois segundo o presidente, a AL não cumpriu o seu papel de discutir. “O que dá para entender é que fizeram no afogadilho, na pressa, sem o debate com a baixada cuiabana, nem os movimentos sociais foram convocados”.
Inclusive, ele questiona que “os R$ 23 milhões de verba que a Assembleia tem para a comunicação deveria ser canalizada para pontos importantes como este, divulgando para a sociedade e convocando”.
O Movimento vai aguardar cerca de 15 dias para ver a reação na prática. Se a discussão não for ampliada com todos os segmentos envolvidos, o MCCE estuda judicializar a questão, a exemplo do que foi feito com o concurso da Assembleia, que após tentativas negadas para regularização do certame, acionou a justiça e acabou motivando até a troca da empresa realizadora do concurso.
VALORES DO PEDÁGIO
De acordo com as audiências públicas, está previsto que a estrada de Cuiabá a Chapada conte com três paradas de pedágio. A primeira praça (P1) será implantada próximo à Fundação Bradesco, no Km 6,5. Logo após o trevo que dá acesso ao Manso, será implantada a P2 (Km 26). Já a P3, deverá ser fixada pouco antes da cidade de Chapada (Km 51).
Após a cidade turística, está prevista mais uma praça (P4) entre as cidades de Chapada dos Guimarães e Campo Verde, no Km 59. A tarifa será de R$ 4,10 proporcional à extensão percorrida, com média de 0,25 por quilômetro.
Os valores são considerados abusivos pelo MCCE e a tendência é encarecer já que o pedágio deve ser associado ao pagamento do guia de turismo para ter acesso a visitação do espaço turístico. “Estão cerceando o direito dos trabalhadores de freqüentar o espaço. Na verdade estão elitizando o local. Um espaço da natureza, que era para ser de uso coletivo, estão fazendo para uso exclusivo de determinado segmento”, frisou o presidente do MCCE.
Antônio pondera ainda que para alguns turistas é insignificante, coisa de ‘troquinho’, mas para outros é difícil, pesa no bolso um passeio com família, por exemplo.
Fonte Hiper Noticias
Saiba mais:
O
orçamento 2013/2014 reservou um bilhão e meio de reais às rodovias
estaduais, por meio do Mato Grosso Integrado, e isso não pode ser
entregue ao especulador privado. Ousamos argumentar que, como são feitas às escondidas, as negociações
sobre o pedágio podem resultar em decisão administrativa
inconstitucional.
PEDÁGIO, NÃO!
Por Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery*
Esta discussão sobre o
início da cobrança de pedágios nas rodovias estaduais em Mato Grosso começa
bastante atrasada, mas vem em boa hora, porque 2014 é ano de eleições, momento
em que a classe política precisa ser desnudada, suas opiniões quanto às
políticas públicas merecem ser conhecidas da sociedade, a fim de avaliar os
projetos de estado e de país que queremos (e que vamos eleger ou rechaçar, por
voto).
Inicialmente notamos,
com estranheza, a ausência do ministério público no debate, em razão de que a
defesa dos interesses coletivos não é uma opção do promotor de justiça, mas sim
uma obrigação institucional, na medida em que uma cobrança de pedágio em rodovia
envolve direitos coletivos, difusos, do consumidor e bem presente o interesse
público (art. 129 incisos II e III da Constituição Federal e artigos 25 e 26 da
Lei 8.625/93).
A permissão para
cobrança do pedágio no Brasil sempre teve como objetivos a conservação, a
restauração, adequação da malha viária, sendo reservada quantia necessária à
operacionalização do sistema. Portanto estes são os insumos incluídos no valor
(custo) do pedágio.
A primeira norma a
prever tal sistema de cobrança, a Lei 7.712/88 determinava que 22% da arrecação
seria destinada para conservação da rodovia pedagiada, 50% para sua restauração
e melhora, 20% para a adequação, incluindo as obras de mobilidade, e 8% seria
para operacionalizar o sistema, aí incluído o lucro do empreendedor
concessionário.
Recentemente foi
aprovado pela Câmara dos Deputados o projeto número 1.023/2011, que isenta de
pagamento os moradores da região atendida, o que implica dizer que, no final,
quem vai “pagar o pato” será o usuário que vem do interior do estado (no caso
da rodovia de Chapada dos Guimarães) e também vai onerar os turistas e as
empresas de turismo. Isso se choca frontalmente com uma política pública
conhecida: fomento e indução da indústria turística. Essa fonte de recursos
financeiros que o governo tenta atrair justificou inclusive os grandes gastos
com a realização da Copa do Mundo.
Pois bem. Por que não
se deve aprovar, de afogadilho, a cobrança de pedágios nas rodovias estaduais?
Em primeiro lugar
porque todas as comunidades envolvidas e atingidas merecem participar deste
debate, inclusive porque isso vai ter impacto na vidas das pessoas. Imagine,
estamos em uma região que se pretende turística. Um assunto desta envergadura
não pode ignorar a opinião dos nossos irmãos poconeanos, livramentenses,
jangadenses, rosarienses, acorizanos e nobrenses.
Isso sem falar que todo
o estado precisa se manifestar!
Os políticos não
aprendem. As obras da Copa do Mundo em Mato Grosso são altamente polêmicas, em
grande parte porque os projetos, os custos, os gastos, os aditivos contratuais,
o cronograma, as licitações são desconhecidos do grande público, tudo foi feito
à margem da população pagadora (contribuinte) e o “segredo” gera grandes controvérsias
e ilações várias.
Fica a dúvida: se as
pessoas soubessem de todas as informações (benefícios/prejuízos), reagiria de
modo diverso às ruas trancadas e aos dissabores das obras da Copa do Mundo?
Será que em relação aos
pedágios, o amplo debate não seria mais saudável?
Na forma como está, a
concessão e instituição de cobrança de pedágio não poderia esconder a tentativa
de beneficiamento de algumas empresas (quebradas) e políticos em fim de mandato
e em fim de carreira?
Por fim, ousamos
argumentar que, como são feitas às escondidas, as negociações sobre o pedágio
podem resultar em decisão administrativa inconstitucional.
Por que?
É que o direito
fundamental de ir e vir nas estradas é incluído na Constituição Federal de
1988, no título II, entre os “Direitos e Garantias Fundamentais”. Isso que
significar que o direito de ir e vir é cláusula pétrea, não é possível sua
violação sem macular o ato (lesivo) com inconstitucionalidade.
Deste modo, não pode e
não deve ser imposta a cobrança de pedágio em rodovias estaduais, se não
precedida de grande debate com toda a população estadual. Tal como está, a
ideia afugenta turistas, limita o direito de ir e vir das pessoas, contraria
legislação federal e desarmoniza com as políticas públicas estaduais. O
orçamento 2013/2014 reservou um bilhão e meio de reais às rodovias estaduais,
por meio do Mato Grosso Integrado, e isso não pode ser entregue ao especulador
privado.
*Antonio Cavalcante
Filho e Vilson Nery são ativistas do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção
Eleitoral)
https://www.facebook.com/antoniocavalcantefilho.cavalcante
Visite a pagina do MCCE-MT
www.mcce-mt.org
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