terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Conheça Eduardo Cunha, o novo presidente da Câmara dos Deputados


Réu em diversos processos, líder evangélico Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é autor de projetos polêmicos como o que estabelece o Dia do Orgulho Heterossexual. Cunha tem como padrinhos políticos Fernando Collor e Anthony Garotinho. Sua vitória, celebrada por Silas Malafaia, tende a conturbar ainda mais o cenário político nacional

 Eduardo Cunha, o novo presidente da Câmara (Imagem: Givaldo Barbosa / O Globo)
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), 56 anos, é o novo presidente da Câmara dos Deputados; é radialista, economista e líder evangélico. Entrou na política pelas mãos do tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor, o falecido PC Farias. Cunha era o responsável pelas finanças do comitê carioca do então candidato, em 1989. Virou presidente da antiga Telerj, a companhia telefônica do Rio. Foi exonerado depois de um escândalo de corrupção na estatal. 

Fundador da Igreja Sara Nossa Terra, Cunha reapareceu no centro da política carioca em 1999, com a ajuda do então governador Anthony Garotinho. Virou presidente da Companhia Estadual de Habitação, mas ficou no cargo por apenas seis meses. Foi afastado em meio a outro escândalo de corrupção. 

Em 2001, virou deputado estadual (era suplente), garantindo imunidade parlamentar em meio às investigações. Daí em diante teve uma carreira meteórica, embalada pelo bordão de seu programa de rádio “O povo merece respeito!”. No ano seguinte, elegeu-se deputado federal. Não demorou muito para se tornar um mestre do ofício nos corredores do Congresso. 

Conservadorismo 

Cunha é considerado um dos parlamentares mais conservadores do Congresso Nacional e é autor de projetos como o Dia do Orgulho Heterossexual – ou ‘a criminalização da heterofobia’. No alto de sua hombridade, Cunha se sentia “descriminado” pelos LGBTs, como argumentou na época 

Pastor Silas Malafaia parabeniza Eduardo Cunha pela vitória


Outro projeto do parlamentar regulamenta prisão de até 10 anos para médicos que auxiliarem mulheres a fazer aborto. 

O deputado do PMDB afirmou ainda ser contra a regulação econômica dos meios de comunicação: “Regulamentação de mídia jamais. Eu colocaria na gaveta”. Cunha foi o principal opositor do Marco Civil da Internet no Congresso Nacional. 

Entusiasta do financiamento privado de campanha, o parlamentar recebeu R$ 6,8 milhões em doações de empresas como Vale, AmBev, Bradesco, Santander, Safra e Shopping Iguatemi. 

Processos 

Eduardo Cunha é réu em vários processos. No STF (Supremo Tribunal Federal), Eduardo Cunha responde a dois inquéritos. O 2984/2010 apura o uso de documentação falsa e o 3056 se refere a crimes contra a ordem tributária. 

No Tribunal Regional da Primeira Região ele é réu no processo 0031294-51.2004.4.01.3400. Trata-se de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Estadual. 

No Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ele é alvo do processo 0026321-60.2006.8.19.0001, que trata de improbidade administrativa. 

No Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro ele responde ao processo 59664.2011.619.0000, que se refere à captação ilícita de sufrágio. No mesmo tribunal ele é réu no processo 9488.2010.619.0153 sob a acusação de abuso de poder econômico em campanha eleitoral. 

No Tribunal Superior Eleitoral, ele também responde por captação ilícita de sufrágio, no processo 707/2007. 

com CartaCapital


Saiba mais


Já era mesmo tempo de acabar a aliança PT-PMDB 



 O triunfo do atraso

Diário do Centro do Mundo

 
Durou o que tinha que durar a melancólica aliança entre PT e PMDB na Câmara dos Deputados.

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Ela começou a ruir quando Dilma se incomodou com o monumental preço a pagar por ela: não mexer no âmbito da Câmara em nada que ameaçasse velhos e irremovíveis privilégios.

E, por extensão, praticar o que existe de mais arcaico e deletério na política: o clientelismo que é a alma, o corpo, o tudo e o nada do PMDB.

Foi uma parceria que não elevou o PMDB e rebaixou o PT.

Cansada do custo de ter o PMDB ao lado, Dilma agiu a partir de determinado momento como alguém que não suporta mais um casamento mas não sabe exatamente como rompê-lo. Foi deixando claro o enfado, o desprezo pelo laço que a prendia — e ao país — a tanto atraso.

Eduardo Cunha aglutinou então, no PMDB, o batalhão dos descontentes e desprezados. O desfecho se deu ontem.

Não estava escrito, mas desde o princípio estava entendido que o apoio do PMDB a Dilma não seria mantido caso a pauta do governo abrangesse itens essenciais à sobrevida dos peemedebistas, como o financiamento privado das campanhas e a regulação da mídia.

O PMDB não sobrevive sem os milhões de reais que vão dar nele para defender uma agenda conservadora. E a regulação acabaria com o coronelismo eletrônico da elite do partido.

A situação, agora, é curiosa.

As Jornadas de Junho mostraram que o país já não suporta o tipo de política representado pelo PMDB.

E a eleição de Eduardo Cunha é a negação do desejo de renovação demonstrado nas manifestações.

Isso leva a uma conclusão: o futuro da agenda política nacional vai ser decidido nas ruas.

Para que o conservadorismo do PMDB não faça o relógio andar para trás, os movimentos sociais vão ter que se mexer.

A militância petista, nestes anos todos de Lula e Dilma, ficou em casa, temerosa de atrapalhá-los.

Agora, os militantes vão ter que tirar o traseiro do sofá – e não apenas para defender causas progressistas.

Trata-se, também, de proteger a democracia e impedir que prosperem ambições golpistas expressas numa palavra sinistra: impeachment.

Foi fácil derrubar Collor porque ele não tinha sustentação nenhuma nem nos partidos e nem na sociedade.

Seria muito mais complicado tentar o mesmo com Dilma – mas isso tem que ficar evidente para quem porventura pretenda enterrar 54 milhões de votos.
 
 
Fonte Diário do Centro do Mundo

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