Esses dois delegados Torres e Calli precisam esclarecer se ainda sustentam hoje que documentos entregues por Éder, através da intervenção do promotor Regenold, no encontro que tiveram com ele em Brasília, em dezembro de 2013, não tem nada a ver com a Operação Ararath? E a procuradora Vanessa Scarmagnani também continua batendo na tecla da possível “blindagem” de Blairo Maggi e se recusando a se reunir com Prado e Regenold?
Paulo Prado e Marcos Regenold, do Ministério Público Estadual de Mato Grosso
Da pagina do Enock
A confusão com relação à Operação Ararath continua, não é fácil de
resolver. Desde que o caso veio à tona – e lá se vão muitos e muitos
dias – uma verdadeira hecatombe se abateu sobre o cenário político de
Cuiabá. Nunca antes as vísceras de nossa política e dos nossos políticos
estiveram tão à mostra, como neste processo. Mas para o grosso da
população, os fatos ainda não foram devidamente alinhados e
esclarecidos, com todas as responsabilidades devidamente atribuídas.
Imagino que não será um processo que vá se resolver na base do
vapt-vupt.
A nossa mídia, coitada, só contribui para essa confusão, com essa
mania de, ao mesmo tempo, ora exaltar, ora procurar arrebentar com a
figura do ex-homem de ouro de Blairo Maggi e Silval Barbosa, o senhor
Éder Moraes. Éder, na verdade, é um peão em um jogo complicado que,
expressa, em Mato Grosso, os mesmos vícios das relações políticas pelo
mundo afora.
Na minha modesta avaliação, coube ao procurador Paulo Prado e ao
promotor Marcos Regenold o esforço mais elogiável, neste caso, de dar
uma formatação minimamente lógica à participação do notório Éder em todo
este imbróglio. Foi deles o esforço para atrair Éder Moraes para a
delação premiada, com um cuidado, um critério, uma habilidade que a
procuradora da República Vanessa Scarmagnani, do MPF, em Mato Grosso,
por exemplo, também na minha modesta avaliação crítica, não teve a
sensibilidade suficiente para entender, para validar.
Sim, um possível choque de egos entre profissionais que deveriam
atuar conjuntamente, talvez acabe por invalidar todo essa descoberta,
que a Operação Ararath nos proporcionou, dos bastidores putrefatos da
política de Mato Grosso, notadamente durante a administração desses
senhores Blairo Maggi e Silval Barbosa. Graças à Ararath, muito daquilo
que costuma ficar somente como especulação em conversas de botequim, da
nossa esquerda e também da nossa direita festiva, ganhou concretude,
ganhou prova documental, a partir da Ararath. Então, apesar de toda
confusão, viva a Operação Ararath.
Sim, a Ararath veio expor, escancarar a crítica a Blairo Maggi,
aquele homem que continua sendo adorado e idolatrado por grande parte de
nosso eleitorado e que chegou ao poder com aquela imagem de um homem
que não precisava roubar porque já tinha dinheiro demais, era, afinal de
contas, o rei da soja, uma das maiores fortunas do Brasil e do mundo.
Nada se provou suficientemente ainda contra Blairo Maggi, de forma a
garantir sua condenação pela Justiça, mas o que se delineia das
evidencias levantadas durante a Operação Ararath e outros inquéritos que
discutem ações influenciadas pela sua passagem pelo poder em Mato
Grosso, já nos sugerem que a Era Maggi realmente não teria sido um
governo, teria sido um cataclisma. (Pedro Taques, pelo que vejo, não
concordaria comigo pois já vi referencias dele a Maggi como se fosse uma
espécie de guru na terra, um profeta capaz de caminhar sobre as águas
do Lago de Manso.)
Eu fico daqui aguardando as prováveis e irretocáveis ações judiciais
que, tudo leva a crer, virão, com a assinatura da procuradora da
República Vanessa Cristhina Marconi Zago Ribeiro Scarmagnani, contra
Blairo Maggi, identificando seus possíveis crimes, o seu possível
exercício corrupto do poder.É uma possibilidade que está colocada e os
advogados do Blairo não podem achar que eu esteja exorbitando em minha
análise. Ela escreve o original e o PGR Janot encaminha ao STF porque,
como se sabe, Maggi tem a blindagem legal da prerrogativa de foro.
Afinal de contas, a procuradora que ousou acusar o procurador Paulo
Prado, chefe do MP estadual, e seu fiel discípulo, o promotor Marcos
Regenold, de pretensamente armarem trampa para blindar Maggi e esconder
seus possíveis crimes, deve estar preparando verdadeiras bombas
atômicas, bombas de hidrogênio, bombas de neutrons, sob a forma de
denuncias criminais e cíveis contra o rei da soja – o queridinho de
Dilma Roussef e de tantos adesistas do meu partido, que é o Partido dos
Trabalhadores, e também queridinho do nosso atual governador Pedro
Taques.
Já estamos no segundo mês de 2015, a Operação Ararath já rola há um
bom tempo e até agora não tivemos um processo que fosse da
procuradora Vanessa Cristhina Marconi Zago Ribeiro Scarmagnani com Maggi
figurando como réu. Ao contrário do que se viu de parte do Ministério
Público Estadual, mais uma vez comandado por Paulo Prado, e que já
disparou uma tantas ações contra Maggi (veja no destaque) de forma que
imagino que o tal rei da soja, que hoje é senador da República, vai
viver ainda muitos anos de sua vida com os processos do nosso MP sempre a
pesar sobre a sua cabeça. Posso estar enganado, mas é o que penso,
hoje.
Exposto à execração pública a partir do momento que se soube das
iniciativas da procuradora Vanessa Cristhina Marconi Zago Ribeiro
Scarmagnani contra ele, e também pela denúncia de organizações populares
como a Ong Moral, o procurador Paulo Prado, ao que me parece, não
falhou diante de suas responsabilidades na apuração de possíveis crimes
do rei da soja Blairo Maggi. As ações do MPE-MT estão aí. Quem é que
está blindando quem, cara pálida? Talvez, por isso, a decisão da visita
do procurador geral da República, Rodrigo Janot, a Prado e a posterior
nomeação de uma força-tarefa para atuar na Operação Ararath, visando
atenuar as divergências entre as duas instâncias, federal e estadual, do
Ministério Público. O trato público algo submisso de Paulo Prado para
com o ex-governador Maggi não impediu o chefe do nosso Ministério
Público Estadual, de colocar Marcos Regenold na pista desses muitos
possíveis larápios do dinheiro público que a Operação Ararath vai,
lentamente, identificando.
Só que não basta identificar. Tem que punir. Ou por outra, tem que
ser competente para saber punir. As ações do Ministério Público
Estadual, comandado por Paulo Prado, estão aí – e Maggi não foi
blindado, como, aliás, aconteceu com os discursos do atual senador Pedro
Taques que, antes de ser eleito senador falava uma coisa do Blairo,
hoje fala outras completamente diferente. Mas isso está aí, nas páginas
de jornais e sites para a reflexão de toda a sociedade.
Quando se trata de crime do colarinho branco, todo mundo sabe como é
difícil punir devidamente, segundo a legislação, os responsáveis pela
bandalheira. Todo mundo viu (à exceção dos zumbis da direita, é claro),
no caso do chamado Mensalão do PT, que, na falta de provas, e no afã de
incriminar um partido de forte componente socialista e tentar afastar
esse partido do poder central do País, até uma teoria especial, a
chamada Teoria do Domínio do Fato, teve que ser habilmente manipulada
para que se conseguisse a condenação de José Dirceu e seus companheiros
do PT. Estão aí os sábios juristas Yves Gandra Martins, pai, e Celso
Antonio Bandeira de Melo que não me deixam argumentar sem o embasamento
de grandes mestres.
Então, na Operação Ararath, quando o promotor Marcos Regenold
consegue que as provas dos malfeitos comecem a aparecer aos borbotões,
através da cooperação do sr. Éder Moraes com ele, o promotor Regenold, e
com os dois delegados da Polícia Federal – Guilherme Torres e Dennis
Calli – que participaram de reuniões com o Éder em Brasília, no final de
2013, isso não poderia ser tratado com tanta inabilidade, avalio eu,
exercendo a liberdade de expressão que a democracia brasileira me
garante, como foi tratado pelo delegado Torres e pela procuradora
Scarmagnani!
Ora, não sei por que cargas d`agua, talvez por um problema de ego,
por ver o promotor Regenold conduzindo com tanta habilidade a conquista
de provas fundamentais sobre a possível corrupção nas altas esferas do
poder em Mato Grosso, esses documentos foram menosprezados pelo delegado
e pela procuradora. Veja como a procuradora transcreve o relato do
delegado, em uma de suas denúncias da Ararath, protocolada na Justiça
Federal:
Ora, por que nos canais de vazamento de informação, tão ativos na
imprensa de Mato Grosso, e notadamente em alguns blogues, não se viu a
reprodução desses documentos ofertados por Éder e que a procuradora
Vanessa Cristhina Marconi Zago Ribeiro Scarmagnani e o delegado
menosprezaram? Por que o MPF não chama a Ong Moral e demais entidades da
sociedade civil para uma conferencia em que se exiba tais documentos e
se demonstre, se isso for possível, que toda esta documentaiada não
passa, efetivamente, de papelada inútil, destinada apenas a blindar
Blairo Maggi e a desviar o rumo das investigações. Eu gostaria de ver!
Mas será que essas autoridades públicas tem humildade e senso de dever
suficiente para promover uma conferência deste tipo? É fácil perceber,
no texto da ação, que a procuradora já considerava Regenold marcado por
algum tipo de comprometimento, tanto que deixa claro que nem considerou a
possibilidade de encontrá-lo para conferir os encaminhamentos que ambos
estavam adotando. O que foi feito da velha parceria entre o MPF e o
MPE, consagrado no tempo em que Pedro Taques ainda era procurador da
República e não fora mordido pela mosca azul da política partidária.
Em meio a toda a confusão e ao choque de dados desencontrados que
aparece na cobertura dessa Operação Ararath, o que me ficou como
impressão é que até o mês de dezembro de 2013, a competente investigação
comandada pelo MPF e pela Polícia Federal, não apontava para o esquema
de lavagem de dinheiro que Éder Moraes, talvez a mando de Maggi e Silval
(é uma questão que reclama pela devida investigação e prova),
aparentemente, teria montado à sombra do BIC Banco.
Ora, o que o Junior Mendonça movimentou em suas factorins me parece
que é fichinha diante do que se movimentou via BIC Banco, pelo que se
depreende das investigações até aqui. Gostaria de ver uma tabela
produzida pelo MPF ou pela PF, no Excel, esclarecendo estas dúvida. No
entanto, nos vem a procuradora da República Vanessa Cristhina Marconi
Zago Ribeiro Scarmagnani, com toda a sua sabedoria, com toda sua longa
experiência, com todo seu faro para as grandes investigações, e
corrobora, na denúncia que encaminhou contra Éder à Justiça Federal que
durante o encontro que o promotor Marcos Regenold arquitetou em
Brasília, entre ele, Éder e os delegados da Policia Federal Guilherme
Torres e Dennis Calli, que o Éder só teria repassado “documentos
antigos, superficiais e desconexos entre si” e que “Éder repassou dados
que implicavam apenas atuais adversários políticos seus, na tentativa
clara de pautar a investigação da Polícia Judiciária” e – quem sabe –
desviar o foco da Operação Ararath.
Ora, tenha a santa paciência. Tanto a procuradora Vanessa Cristhina
Marconi Zago Ribeiro Scarmagnani quanto esses delegados precisam se
explicar melhor, para que possamos ampliar nosso respeito com relação a
eles.
Voltarei ao assunto, de acordo com minhas forças e minhas
possibilidades. Nos anexos, cópias de denúncias formuladas pelo MPE
quanto ao possível envolvimento de Maggi nos malfeitos apurados pela
Operação Ararath. Eu fico no aguardo das ações do MPF, daqui ou de
Brasília, contra o sojicultor e senador, Maggi, se é que o MPF vai
conseguir formatá-las. (Fico imaginando que talvez fosse simples se o
Ricardo Janot, humildemente, procurasse o ex-PGR Antonio Fernando, o
ex-PGR Roberto Gurgel e pedisse para eles uma orientação de como adaptar
a Teoria do Domínio do Fato para um oportuno emprego neste caso.)
Leia aqui:
Fonte Pagina do Enock
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