sábado, 4 de abril de 2015

A NÃO COMPAIXÃO DO APARELHO REPRESSOR DO ESTADO COM O MENINO JESUS


Aqui jaz, nesta cidade, neste dia dois de abril, Eduardo de JESUS Ferreira. Filho de Maria e José. Que dia, Mãe! Que dia, Pai! Quem somos? 



Fonte Cine Ostra

Jesus morreu ontem. Quinta-feira, por volta das 22 horas. No Estado do Rio de Janeiro, na cidade do Rio de Janeiro, na Grota, no Complexo do Alemão, o menino de 10 anos foi assassinado por um agente do Estado, na porta da sua casa. 

Ao deixar a companhia da mãe, quando sentados no sofá da sala, decidido a ir sentar à entrada de sua casa, o menino sucumbe ao fogo do inimigo Estado. A arma apontada, com toda a técnica que se ensina nos treinamentos das forças de segurança, o alvo na posição certa, o fogo consome em milésimos de segundo a Vida. Um estrondo! Buumm! Abandona-se ali a alegria, a brincadeira, o sorriso, a graça. Nasce ali a desgraça que se seguirá por toda vida.

Assassinatos que fazem estrondos na alma Humana; estilhaçam o espírito de humanidade; pulverizam a razão do Estado. 

O sangue corre nas lágrimas como corre por debaixo dos olhos com medo de ter coragem. 

O menino Jesus e nosso calvário seguirá neste incompreendido mundo de homens pré-humanos, pré-históricos. Após dois mil e quinze anos estamos nós aqui, deste lado do horizonte, correndo olhos pela viela ensanguentada, colando os ouvidos aos gritos da mãe pedindo pelo filho – Meu filho! Mataram meu filho! Filho, meu filho. Assassinos! Mataram meu filho. Filho. Pai. Deus.

Não se sabe se os deuses querem nossa ruína. Talvez nós próprios temos nos arruinados com esse mundo bipolar: com dinheiro, sem dinheiro.

Vendo o rosto do homem que acabara de trucidar o menino Jesus, sua mãe guardará para sempre essa marca, não estampada em gravura, mas no seu globo ocular, na sua infinita memória maternal, na sua perpétua dor. 

Aqui jaz, nesta cidade, neste dia dois de abril, Eduardo de JESUS Ferreira. Filho de Maria e José.


Que dia, Mãe! Que dia, Pai!

Quem somos?

Rio, abril de 2015.

cineostra.wordpress.com


A mãe, Maria, e o filho Jesus




Saiba mais


Polícia não é para atirar na cabeça de crianças, governador Pezão. E nem bater em quem protesta contra isso 




Tijolaço

Autor: Fernando Brito  

É inconcebível que a Polícia Militar tenha recebido ordens de reprimir os protestos dos moradores do Areal, localidade do Complexo do Alemão onde, ontem, um garoto de 10 anos foi morto com um tiro de fuzil na cabeça.

Não pode haver “cobertura” do poder público para um ato de violência contra uma criança, mesmo que tenha sido involuntário por parte de um policial.

E, a crer no que diz o pai do menino, em O Dia, não foi:

“Quando fui socorrer meu filho, o PM falou que eu era vagabundo que nem ele. Falou que matou um vagabundo que era filho de um vagabundo”, declarou o ajudante de pedreiro José Maria Ferreira de Sousa, pai de  Eduardo de Jesus Ferreira”

O mínimo que poderia ser feito, além do dever de investigar, seria recuar e permitir que as pessoas manifestassem sua dor sem afrontas.

Mas a PM reprimiu com violência, segundo os jornais, um protesto pacífico dos moradores, como já haviam feito na véspera (foto).

Alguém consegue imaginar uma ação semelhantes se o protesto fosse pela morte, ainda que involuntária, de uma criança de dez anos, se isso tivesse ocorrido em Copacabana, Ipanema ou na Barra?

O episódio não pode estar sendo tratado por um capitão de plantão na Semana Santa.

É, depois do episódio de ontem, uma atribuição do próprio Governador do Estado, que não se pode aceitar ausente do caso.

Ouvi o comandante das Unidades de Polícia Pacificadora, hoje, na CBN, antes do conflito.

Tem de ser afastado, de imediato, porque não mostrou nenhuma compreensão da delicadeza do momento.

Em lugar de compreender e responder à dor da família e da comunidade, só o que disse é que “se não fossem os bandidos, isso não aconteceria”.

Ora, dos bandidos não se vai cobrar prudência ou respeito, não é?

Vivi algo assim há mais de 30 anos.

Dois policiais militares subiram o Morro do Chapéu Mangueira, no Leme, atirando contra um homem que havia roubado uma bolsa.

Uma menina de oito anos, sentada à porta de casa, levou um destes tiros e morreu.

Brizola determinou que os dois soldados ficassem presos em seu batalhão, até que o caso fosse esclarecido.

Foi o que bastou para dizer que ele não permitia que “a polícia subisse morro”.

Dilma está certíssima em exigir apuração do caso e Pezão erradíssimo em se escafeder do problema, até agora.

Está se tornando cúmplice.

Segurança pública não é atirar na cabeça de crianças.

Fonte Tijolaço


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