quarta-feira, 22 de julho de 2015

Os "caititus" do Cunha


Senhores deputados federais de Mato Grosso. Apoiar incondicionalmente o político Eduardo Cunha, acusado por dois delatores da Lava-Jato, e que ainda ameaça testemunhas e desafetos políticos com CPI, não se parece medida politicamente inteligente, e recomendada aos nossos parlamentares. É o caminho mais curto para ser conhecido pela História como Caititu-Federal da República.


Eduardo Cunha, e os mato-grossenses Ezequiel Fonseca, Fabio Garcia, Adilton Sachetti, Nilson Leitão e Victorio Galli.


 Os "caititus" do Cunha


 Por Antonio Cavalcante filho e Vilson Nery

Por uma dessas razões que a própria razão diz não reconhecer, um deputado estadual mato-grossense, ligado ao ex deputado Riva, afirmou que os colegas de parlamento seguiam o “chefe” como um bando de caititus. Deve ter se auto incluído na vara (coletivo do animal).

Como já nos ensinou o professor de Biologia, Caititu é um mamífero, também conhecido como tateto, ou porco do mato. Tem pouca visão, reconhece os demais pelo forte cheiro exalado por glândulas espalhadas pelo corpo, e vive em bandos.

Mas os caititus de Mato Grosso se reconheciam pelas vantagens de serem aliados de José Riva, ainda que na atualidade, acuado por condenações e ameaça de prisão, o ex líder revela que “não fazia nada sozinho” [sobre as acusações de práticas de delito] e que tinha auxílio de 23 deputados [caititus?] para manusear o dinheiro público.

Pois bem.

Em Brasília, agora se revela que o presidente da câmara federal, Eduardo Cosentino da Cunha, 57 anos, usou uma Comissão de Fiscalização instituída pelo artigo 58 da Constituição Federal para pressionar empresa fornecedora da Petrobrás. E que depois teria, pessoalmente, exigido propina de pelo menos uns $ 5.000.000 (cinco milhões de dólares) à mesma empresa, fato revelado em processo judicial.

O dito dirigente da “casa do povo”, que seria o presidente natural do país no caso impedimento do presidente e vice-presidente (daí a obsessão pelo impeachment), é investigado por inúmeras outras acusações de práticas delituosas.

Mas se mantem no poder se gabando de liderar uma bancada de 200 “caititus”, que lhe devotam “obediência canina”.

Entre estes, votando religiosamente com o “líder” Eduardo Cunha, estão os mato-grossenses Ezequiel Fonseca, Fabio Garcia, Adilton Sachetti, Nilson Leitão e Victorio Galli. É o que revela o mapa de votações do primeiro semestre.

O deputado federal Ezequiel, como se sabe, herdou o espólio eleitoral e o “distrito” de Pedro Henry, mas não precisa repetir a triste trajetória do aliado. O seu colega Fabio Garcia é membro da família proprietária da empresa que “reformou” o aeroporto Marechal Rondon, e cuida da demorada revitalização do Bairro do Porto e do Córrego Mané Pinto, em Cuiabá. Mas precisa ser mais eficiente que as empresa da família. Pelo menos na postura parlamentar.

O deputado Sachetti, diziam, não se daria bem na política, porque era sério demais e por vezes mal-humorado. Tem tradição de coerência e não pode ser conhecido como seguidor de quem pratica mal feitos. O colega Nilson leitão, inquéritos no Supremo Tribunal Federal, e passeio com algemas da Polícia Federal à parte, deve satisfação à sociedade quanto ao apoio emprestado a Eduardo Cunha. Por fim, o pastor Vitório Galli precisa criticar menos os homossexuais e programas de televisão, repetindo a atuação do pastor Magno Malta, e se atentar para a sua atuação congressual. Igreja é igreja, e política é objeto diverso.

Senhores deputados federais de Mato Grosso. Apoiar incondicionalmente o político Eduardo Cunha, acusado por dois delatores da Lava-Jato, e que ainda ameaça testemunhas e desafetos políticos com CPI, não se parece medida politicamente inteligente, e recomendada aos nossos parlamentares.

É o caminho mais curto para ser conhecido pela História como Caititu-Federal da República.
Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery são ativistas do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral – MCCE. 


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