Gasto foi maquiado em pleno recesso parlamentar em 2010
RAFAEL COSTA
Da Redação
Nos meses de janeiro e fevereiro, período em que tradicionalmente a
Assembleia Legislativa está de recesso, servidores do gabinete do
ex-deputado estadual José Riva registraram gastos de R$ 4 mil com
marmitex. A despesa foi registrada em 2010, ano em que o gabinete de
Riva registrou gasto anual de R$ 773.482,78 mil com verba de
suprimentos, alvo de investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado) pela suspeita de gerar um rombo milionário
de até R$ 10 milhões aos cofres do Legislativo.
As investigações conduzidas pelos promotores de Justiça na "Operação
Metástase - Célula Mãe" descobriram indícios de fraudes na compra das
marmitex. Isso porque as notas fiscais foram registradas em um
restaurante que alegou em depoimento jamais ter prestado serviços ao
Legislativo.
A idosa M.T.S, proprietária de um restaurante de comida caseira,
prestou depoimento no Gaeco e afirmou nunca ter emitido recibos ou notas
fiscais no valor de R$ 4 mil, o que superaria o faturamento mensal da
empresa. A empresária afirmou ainda não trabalhar com a emissão de notas
fiscais, mas apenas de boletos com o timbre do restaurante.
Além disso, o restaurante é pequeno e não dispõe de capacidade para
produzir volume de comida tão elevado para receber R$ 4 mil, ainda mais
levando em consideração que uma marmitex, em 2010, custava em média R$ 6
reais. Como o restaurante não tinha como justificar a emissão de notas
fiscais, a proprietária declarou que qualquer nota ou recibo nestes
valores e com esta numeração em nome da empresa são documentos falsos.
A segunda fase indica que o dinheiro desviado do gabinete de Riva por
meio da verba de suprimentos, servia para abastecer com “mensalinho”
políticos e lideranças do interior do Estado. Além disso, as
investigações concluíram que o dinheiro público desviado serviria para
bancar agrados a pessoas físicas e jurídicas de Cuiabá e municípios do
interior.
Conforme o Gaeco, Riva financiava a distribuição de uísques,
pagamento de festas de formaturas (inclusive de faculdades
particulares), jantares, serviços de massagistas, e outros. Ele está
detido no centro de custódia de Cuiabá, mesma cadeia que abriga o
ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e os ex-secretários Marcel Souza de
Cursi (Fazenda) e Pedro Nadaf (Indústria, Comércio Minas e Energia e
também Casa Civil).
Na operação de terça-feira do Gaeco, também foram presos
preventivamente os servidores Geraldo Lauro e Maria Helena Caramelo,
ex-chefes de gabinete de Riva. Também foi decretada a prisão temporária
de cinco dias do ex-auditor geral do Legislativo, Manoel Marques.
Fonte Folha Max
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