Com o parecer pelo recesso, Cunha ainda paralisa, por 45 dias, os
trabalhos do Conselho de Ética, onde será julgado por quebra de decoro
parlamentar em função das denúncia da Operação Lava Jato.
Como Cunha ajudará a oposição a empurrar o impechment para 2016
Por Luis Nassif
Jornal GGN - Na Folha de S. Paulo deste domingo (6),
o plano de Eduardo Cunha (PMDB) para atender ao pedido da oposição ao
governo Dilma Rousseff (PT) e deixar o impeachment para 2016, após as
festas de fim de ano, quando a situação econômica deve se agravar e será
mais fácil mobilizar movimentos de rua. Cunha já encomendou um parecer
técnico à área técnica da Câmara para sustentar que o Congresso pode
entrar em recesso no próximo dia 23, mesmo que não cumpra a prerrogativa
de votar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
"Com isso", escreveu a Folha, "o trâmite do impeachment será suspenso
possivelmente na fase limite para que Dilma apresente sua defesa – é
impossível precisar a data, já que ela é definida em número de sessões
da Câmara, que podem ou não ocorrer em todos os dias úteis."
"O governo federal, o PT e técnicos da Câmara, porém, afirmam que a
Constituição é clara em dizer que 'a sessão legislativa não será
interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes
orçamentárias'". A LDO ainda aguarda a convocação de uma sessão do
Congresso para ser votada e o governo pode mobilizar a base aliada para
obstruir a pauta e ganhar tempo para que o processo de impeachment não
seja interrompido.
O cabo de guerra entre governo e oposição acontece porque cada uma
das partes tem um entendimento diferente sobre qual o melhor momento
para julgar o impeachment. Para o Planalto, é agora, para evitar que
deputados da base mudem de ideia se houver pressão das ruas ou de
prefeitos e governadores atingidos pela crise.
Já para a oposição, o impeachment de Dilma tem que fazer caminho
inverso ao de Fernando Collor. “O impeachment do [ex-presidente
Fernando] Collor foi diferente deste da presidenta Dilma. Enquanto o
[desgaste] de Collor começou nas ruas e veio para o Congresso, o da
Dilma começou no Congresso e agora precisa ir para as ruas”, analisou o
líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima, segundo relatos da Agência
Brasil.
Com o parecer pelo recesso, Cunha ainda paralisa, por 45 dias, os
trabalhos do Conselho de Ética, onde será julgado por quebra de decoro
parlamentar em função das denúncia da Operação Lava Jato.
Segundo a Folha, o PT e o governo aguardam a manobra de Cunha com o
parecer para recorrer ao Supremo Tribunal Federal. Caberá à Corte,
portanto, deliberar sobre o cronograma do impeachment.
Fonte GGN
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