Um lado descobriu a corrupção ontem. O outro lado sempre a combateu.
Um lado é machista, o outro não.
Um lado é racista, o outro não.
Um lado é o que o ser humano sempre foi, o outro lado é trabalho interno e superação rumo a uma nova etapa civilizatória.
Pra um lado é fácil, pro outro é difícil.
Então não.
Não é um conflito só de lados, horizontal, mas de comportamentos, vertical.
Então fora com a "isenção" do discurso do "ambos os lados". Abaixo o discurso fácil do "ambos os lados".
Estou farto de ler sobre o tal processo
de radicalização "de ambos os lados". A radicalização existe, mas não
provém "de ambos os lados".
Comparemos.
Um lado publica um texto sensato e
razoável. Algumas dezenas, com sorte centenas, de compartilhamentos. O
outro lado publica boatos, calúnias, mentiras óbvias. Dezenas de
milhares de compartilhamentos.
Um lado distribui adesivos na eleição,
para quem quiser aderi-los. O outro lado cola seus adesivos nos
passantes e hostiliza quem não os quiser, chegando mesmo a agredir quem
estiver usando outros adesivos.
Um lado ensina suas crianças a agredir e
traumatizar crianças que estiverem com uma camisa vermelha, ainda que
da Suíça. O outro lado nem mesmo concebe dizer a seus filhos que agridam
crianças posando com a Polícia Militar.
Um lado agride um cadeirante por estar
fazendo campanha para o outro lado. O outro lado gestou, embalou,
debateu e praticou o conceito de acessibilidade nas gestões públicas.
Um lado agride um cachorro porque sua
dona o enfeitou com um lenço vermelho. Houvesse correlato do outro lado,
e veríamos fotos e vídeos de tucanos torturados nas redes sociais.
Um lado xinga, berra, escreve em CAIXA
ALTA, personaliza o debate. O outro lado argumenta, e por isso mesmo é
menos popular e acessível.
Um lado é o menino mimado, o dono da
bola. Não aceita o resultado das urnas e quer a ditadura de volta. O
outro lado se criou sob a ditadura, lutando contra ela.
Um lado pretende sequestrar como símbolo
seu a bandeira nacional que o outro lado defende de fato ao militar
causas que seu antagonista desconhece ou repudia.
Um lado tem a mídia. O outro lado também, mas sempre contra.
Um lado tem o senso comum, assimilável facilmente. O outro lado tem a análise a exigir esforço intelectual.
Um lado importou seu discurso de
laboratórios estrangeiros de interferência sociopolítica. O outro lado
gerou o seu a partir do debate.
Um lado tem o taxista tagarela, soldado
incansável do senso comum. A dona na fila de banco e o que ela viu na
televisão. A massa de manobra nadando fácil na direção que a mídia quer.
O outro lado tem o estudante, o profissional, o professor cansado de
enxugar o gelo da ignorância, de nadar contra a corrente da burrice, de
corrigir imprecisões ou cortar a cabeça da mentira que logo a repõe com
mais duas ou três.
Um lado tem o familiar inculto,
agressivo, abusivo, gritalhão e sem memória. O outro lado já se retirou
da mesa pra evitar o mal estar.
Um lado tem soluções brutais, simplórias
e rápidas para os bodes expiatórios que a mídia grande o fez acreditar
serem os problemas da sociedade. O outro lado se debruça sobre a
complexidade sem apelo emocional e sem mídia do que realmente é
problema.
Um lado racionaliza a defesa violenta de
suas idéias porque as tomou como suas. O outro tomou as suas idéias por
suas depois de usar a razão.
Um lado vê televisão, o outro lê livros.
Um lado tem fetiches com a imagética militar. O outro lado milita pela via civil.
Um lado é emoção, mas racionaliza. O outro lado é razão, embora se emocione.
Um lado dá carteirada no cinema, o outro lado vê bons filmes.
Um lado descobriu a corrupção ontem. O outro lado sempre a combateu.
Um lado é machista, o outro não.
Um lado é racista, o outro não.
Um lado é o que o ser humano sempre foi, o outro lado é trabalho interno e superação rumo a uma nova etapa civilizatória.
Pra um lado é fácil, pro outro é difícil.
Então não.
Não é um conflito só de lados, horizontal, mas de comportamentos, vertical.
Então fora com a "isenção" do discurso do "ambos os lados". Abaixo o discurso fácil do "ambos os lados".
Fonte GGN
A MARCHA DAS MÚMIAS DECADENTES DO BRASIL. A CAVALGADA DOS MORALISTAS SEM MORAL.
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Fonte GGN
13 DE MARÇO O DIA DA VERGONHA NACIONAL:
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