domingo, 13 de março de 2016

Radicalização política não provém de ambos os lados


Um lado descobriu a corrupção ontem. O outro lado sempre a combateu. Um lado é machista, o outro não. Um lado é racista, o outro não. Um lado é o que o ser humano sempre foi, o outro lado é trabalho interno e superação rumo a uma nova etapa civilizatória. Pra um lado é fácil, pro outro é difícil. Então não. Não é um conflito só de lados, horizontal, mas de comportamentos, vertical. Então fora com a "isenção" do discurso do "ambos os lados". Abaixo o discurso fácil do "ambos os lados". 




Estou farto de ler sobre o tal processo de radicalização "de ambos os lados". A radicalização existe, mas não provém "de ambos os lados".

Comparemos.

Um lado publica um texto sensato e razoável. Algumas dezenas, com sorte centenas, de compartilhamentos. O outro lado publica boatos, calúnias, mentiras óbvias. Dezenas de milhares de compartilhamentos.

Um lado distribui adesivos na eleição, para quem quiser aderi-los. O outro lado cola seus adesivos nos passantes e hostiliza quem não os quiser, chegando mesmo a agredir quem estiver usando outros adesivos.

Um lado ensina suas crianças a agredir e traumatizar crianças que estiverem com uma camisa vermelha, ainda que da Suíça. O outro lado nem mesmo concebe dizer a seus filhos que agridam crianças posando com a Polícia Militar.

Um lado agride um cadeirante por estar fazendo campanha para o outro lado. O outro lado gestou, embalou, debateu e praticou o conceito de acessibilidade nas gestões públicas.

Um lado agride um cachorro porque sua dona o enfeitou com um lenço vermelho. Houvesse correlato do outro lado, e veríamos fotos e vídeos de tucanos torturados nas redes sociais.

Um lado xinga, berra, escreve em CAIXA ALTA, personaliza o debate. O outro lado argumenta, e por isso mesmo é menos popular e acessível.

Um lado é o menino mimado, o dono da bola. Não aceita o resultado das urnas e quer a ditadura de volta. O outro lado se criou sob a ditadura, lutando contra ela.

Um lado pretende sequestrar como símbolo seu a bandeira nacional que o outro lado defende de fato ao militar causas que seu antagonista desconhece ou repudia.

Um lado tem a mídia. O outro lado também, mas sempre contra.

Um lado tem o senso comum, assimilável facilmente. O outro lado tem a análise a exigir esforço intelectual.

Um lado importou seu discurso de laboratórios estrangeiros de interferência sociopolítica. O outro lado gerou o seu a partir do debate.

Um lado tem o taxista tagarela, soldado incansável do senso comum. A dona na fila de banco e o que ela viu na televisão. A massa de manobra nadando fácil na direção que a mídia quer. O outro lado tem o estudante, o profissional, o professor cansado de enxugar o gelo da ignorância, de nadar contra a corrente da burrice, de corrigir imprecisões ou cortar a cabeça da mentira que logo a repõe com mais duas ou três.

Um lado tem o familiar inculto, agressivo, abusivo, gritalhão e sem memória. O outro lado já se retirou da mesa pra evitar o mal estar.

Um lado tem soluções brutais, simplórias e rápidas para os bodes expiatórios que a mídia grande o fez acreditar serem os problemas da sociedade. O outro lado se debruça sobre a complexidade sem apelo emocional e sem mídia do que realmente é problema.

Um lado racionaliza a defesa violenta de suas idéias porque as tomou como suas. O outro tomou as suas idéias por suas depois de usar a razão.

Um lado vê televisão, o outro lê livros.

Um lado tem fetiches com a imagética militar. O outro lado milita pela via civil.

Um lado é emoção, mas racionaliza. O outro lado é razão, embora se emocione.

Um lado dá carteirada no cinema, o outro lado vê bons filmes.

Um lado descobriu a corrupção ontem. O outro lado sempre a combateu.

Um lado é machista, o outro não.

Um lado é racista, o outro não.

Um lado é o que o ser humano sempre foi, o outro lado é trabalho interno e superação rumo a uma nova etapa civilizatória.

Pra um lado é fácil, pro outro é difícil.

Então não.

Não é um conflito só de lados, horizontal, mas de comportamentos, vertical.

Então fora com a "isenção" do discurso do "ambos os lados". Abaixo o discurso fácil do "ambos os lados".

Fonte GGN


13 DE MARÇO O DIA DA VERGONHA NACIONAL:

A MARCHA DAS MÚMIAS DECADENTES DO BRASIL. A CAVALGADA DOS MORALISTAS SEM MORAL.




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