Pedro Taques tem que romper com esse protecionismo neoliberalista de sacrificar os pobres para premiar os ricos. Insistir em seguir a cartilha do usurpador Michel Temer, chamada de “Ponte para o Futuro”, além de não tirar Mato Grosso do vermelho, ainda irá jogar a sua gestão e todos nós mato-grossenses num abismo de caos muito pior do que aquele que desgraçou a Europa.
Por Antonio Cavalcante Filho
O senhor Pedro Taques cometeu um erro que lhe custou a carreira
política, cujo início carregava a esperança de mudança de velhos
hábitos, há muito tempo condenados por milhares de cidadãos
mato-grossenses, que via nele o novo. Todavia, como “o meio faz o
homem”, logo, o senador recém-eleito se deixou contaminar pelas velhas
raposas da política, principalmente os Bandeirantes, que “passam a
perna” nos Tapuias mato-grossenses desde o século XVII.
Ao se eleger para o Senado, começa a contrariar as bandeiras que o
elegeram. Corre para abraçar o “criador” do escândalo do maquinário, que
também foi mentor do esquema das cartas de créditos e dos precatórios,
sem se esquecer de que foi o mesmo “artista” que lançou Pedro Nadaf e
Eder Moraes para a política.
Mas esse foi só o primeiro erro de Taques.
Depois ele deixa o PDT, ao se eleger governador, vai para o PSDB,
começando a partir daí a defender abertamente o golpe contra a
democracia, que aqui no Brasil, a velha elite reacionária apelidou de
impeachment. Hoje, já está claro, ao menos para uma grande parcela da
população, que o logro do impeachment foi, na realidade, um traiçoeiro
golpe contra os trabalhadores e os verdadeiros interesses da nação. E
essa foi a sua derrocada, se empolgou tanto com os holofotes da mídia
golpista (como fez o ex-ministro Joaquim Barbosa, quando ainda
interessava ao establishment), que se esqueceu da missão de governar.
E, com isso, Mato Grosso está em frangalhos. Como diz o ditado
popular, “vendendo o almoço pra comprar a janta”, a tal ponto de propor a
venda dos vagões do VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) para levantar os
recursos necessários para concluir o assentamento dos trilhos. E depois,
vai vender as máquinas para comprar os vagões?
Mas há uma solução, aliás, mais de uma. Pelo menos nosso Estado sai
da UTI, ainda que a tinta do carimbo de golpista deva ser mais
duradoura, porém, parafraseando alguns amigos, apesar de ter votado
nele, “a culpa não é minha, fui contra o golpe”.
Já falamos sobre a reforma administrativa, que deve extinguir os tais
gabinetes, penduricalhos edificados na medida para interesses que não
são exatamente os que prestam para a sociedade mato-grossense.
Agora falamos de reforma tributária.
Nossa população convive com um sistema de arrecadação de tributos
complexo e ineficiente, mas acima de tudo injusto, que aumenta os custos
da produção e dos bens de consumo, porque privilegia tributar quem
produz e protege quem sonega. Os bancos não pagam impostos nesse país!
Tudo bem que no Brasil existem mais de 60 tributos federais,
estaduais e municipais; que uma empresa gaste, em média, 2.600 horas
para pagar os impostos, segundo estudo Doing Business, do Banco Mundial.
Isso é bem superior à média de 503 horas registradas nos demais países
da América Latina e do Caribe.
Entretanto, temos uma diferença brutal com os demais países: estamos
em construção, precisamos de estradas, portos, escolas, universidades,
hospitais e instituições de pesquisa. Diferente dos países do velho
mundo, ou pequenas nações da América do Sul, o Brasil é um continente,
com enorme população e grandes necessidades. E para dar conta de
“construir”, temos que arrecadar. O problema é que o Brasil cobra mal,
cobra os empobrecidos, protege os ricos e incentiva os sonegadores.
Os poderosos contratam contadores, advogados tributaristas para
interpretar a lei da forma que lhes interessa, e isso contraria quase
sempre os interesses do governo.
De acordo com dados da Receita Federal do Brasil, a carga tributária
no país – a soma de todos os impostos, contribuições e taxas pagas pelos
cidadãos e empresas em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) - era
equivalente a quase 36% do PIB, acima da média de 34,1% do PIB
registrada nos países mais ricos do mundo, que formam a Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
No entanto, veja bem: aqueles países já construíram a sua
infraestrutura, de modo que suas necessidades agora são bem menores, e,
além disso, são populações bem menos numerosas que a nossa.
O fato é que o agronegócio recebe por ano a bagatela de R$ 200
bilhões de recursos públicos (umas dez vezes o Bolsa Família), para dar
conta de suas atividades, produção e comercialização, todavia, a
retribuição para com o generoso Estado de Mato Grosso é escassa, ou é
quase nada. Cerca de R$ 7 bilhões seriam arrecadados somente com o ICMS
se o governo taxasse o agronegócio, hoje uma “política proibida”.
Pedro Taques tem que romper com esse protecionismo neoliberalista de
sacrificar os pobres para premiar os ricos. Insistir em seguir a
cartilha do usurpador Michel Temer, chamada de “Ponte para o Futuro”,
além de não tirar Mato Grosso do vermelho, ainda irá jogar a sua gestão e
todos nós mato-grossenses num abismo de caos muito pior do que o que
desgraçou a Europa.
Antonio Cavalcante Filho, cidadão, escreve às sextas feiras neste Blog. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News
AOS MEU FILHOS E A TODOS QUE AMO:
(Cuiabá-MT, 20/11/2016)
“Me desculpem, se escrevo sem saber se choro ou canto.
Mas num mundo onde os dissabores são tantos,
Como cantar com a dor enroscada na garganta?
Gostaria de compor somente a alegria de viver,
Mas como evitar o desencanto que insiste em doer,
No convívio da injustiça que prospera e se agiganta?"
Mas num mundo onde os dissabores são tantos,
Como cantar com a dor enroscada na garganta?
Gostaria de compor somente a alegria de viver,
Mas como evitar o desencanto que insiste em doer,
No convívio da injustiça que prospera e se agiganta?"
(Antonio Cavalcante Filho)
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