Até agora, a 2a Turma era composta por Gilmar Mendes (presidente), Celso de Mello, Ricardo Lewandowski, Teori e Toffoli. Com Teori, estava assegurada a maioria contra conchavos. Quem assumirá o seu lugar na 2a Turma?
Além disso, qual dos atuais Ministros teria condições de assumir a relatoria da Lava Jato? Dias Toffoli e Gilmar, com sua flagrante parcialidade? Barroso, que muda de pomba a falcão ao primeiro berro da besta? Celso de Mello que já expôs publicamente seu partidarismo em um shopping center? Luiz Fux, o homem de Sérgio Cabral Filho?
No cargo, personificou a figura do magistrado, com as virtudes
públicas da discrição, da firmeza, em tempos em que Ministros passaram a
se comportar como celebridades e figuras públicas se confundem com
perfis de Facebook e, para se tornar presidenciável basta cometer frases
como “não se mude do Brasil, mas mude o Brasil”.
Em um país em que a única forma de julgamento é midiático, Teori foi
discreto ao extremo, no trabalho e na vida pessoal. Tanto que passou a
ideia de um ser sisudo e, pelos depoimentos de amigos e parentes,
aparece o cidadão bem-humorado, com a ironia fina e o afeto discreto dos
tímidos, que cativou de Gilmar Mendes a Eugênio Aragão, de Dilma e Lula
a Joaquim Barbosa.
Era capaz de transmitir gentileza nos menores gestos. E de não ceder
um milímetro ao deslumbramento que acometeu muitos de seus colegas, dos
jovens aos decanos imaturos.
Foi a peça central da Lava Jato, a segurança técnica, a maturidade,
contrapondo-se ao histrionismo dos procuradores paranaenses, ao
deslumbramento do juiz Sérgio Moro e à falta de pulso do Procurador
Geral Rodrigo Janot.
Na Lava Jato, seus maiores conflitos foram justamente com Janot.
Na primeira leva de denúncias encaminhada ao Supremo, comentou com o
filho sua estranheza pelo fato de Janot ter proposto a absolvição do
senador Aécio Neves contra quem, segundo Teori, havia evidências muito
mais fortes do que contra outros políticos denunciados.
Quando as arbitrariedades da Lava Jato atingiram o ápice – com a
condução coercitiva de Lula – havia a esperança da montagem de uma
aliança liberal no Supremo, capaz de segurar os abusos e restaurar o
estado de direito.
Hipoteticamente, seriam Teori, Ricardo Lewandowski, Luís Roberto
Barroso, Marco Aurélio de Mello, Luiz Edson Fachin, Celso de Mello e
Rosa Weber. Um a um pularam fora, constrangidos pela virulência da
opinião pública e pelos ataques da mídia e através das redes sociais.
Escracho na frente de sua casa, ameaças anônimas denunciadas pelo
próprio filho, certamente contribuíram para arrefecer a resistência de
Teori.
Cometeu fraquezas e praticou inconstitucionalidades, como o pedido de
prisão do então senador Delcídio do Amaral e o reconhecimento da
ilegalidade do vazamento das conversas de Lula e Dilma, não acompanhado
das sanções devidas.
Mesmo com essas fraquezas, foi o que mais resistiu à pressão de uma
opinião pública que comprara a tese do direito penal do inimigo.
Tornou-se o único elo de toda a cadeia da Lava Jato de quem se podia
esperar alguma espécie de isenção, o acatamento de argumentos jurídicos.
E, certamente, a severidade isenta na hora de analisar as delações,
sem, se curvar à parcialidade flagrante do PGR.
Era chocante, aliás, a diferença de dimensão entre ele e outros
personagens da Lava Jato, como o deslumbramento provinciano de Sérgio
Moro nos regabofes de João Dória ou nos eventos da American Society, ou
do Procurador Geral Rodrigo Janot em Davos, se anunciando como
pró-mercado, dois jecas na corte do Rei Arthur.
Da teoria conspiratória à conspiração
Apostar em teoria conspiratória é tão irresponsável como negar a
possibilidade de conspiração. Se foi acidente ou não, apenas
investigações criteriosas dirão.
De qualquer modo, a morte de Teori abre um leque inédito de
possibilidades estratégicas para a Lava Jato que estão sendo analisadas
pelos ínclitos Michel Temer e Eliseu Padilha, o político notório que,
com a determinação férrea dos grandes comandantes e a falta de sutileza
total dos que conhecem a natureza humana, conseguiu comprar toda
imprensa com toneladas de publicidade.
Há três possibilidades:
1. Temer escolhendo um Ministro que mate no peito. Baixa probabilidade, dada a sua falta de legitimidade.
2. A presidente do STF Carmen Lúcia procedendo a uma distribuição isenta dos processos sob análise de Teori.
3. O que é mais provável, um arranjo político no âmbito do próprio STF.
No Judiciário, há uma distribuição eletrônica dos processos através
de sorteios definidos por algoritmos. Esses sorteios podem e são
manipulados.
Na história recente, há inúmeros exemplos dessa manipulação, como no
sorteio de Gilmar Mendes para relator das contas de Dilma Rousseff e do
PT no TSE, tendo como presidente Dias Toffoli.
Nem se pense em nada mais desabonador para o Supremo, do que o receio
dos bons Ministros em pegar esse rabo de foguete. O último que pegou -
Marco Aurélio de Mello - ficou ao relento. A proatividade no STF
resume-se a Gilmar Mendes.
Em março de 2015, já ocorrera um primeiro movimento estratégico no
STF, quando Dias Toffolli solicitou e foi autorizado a mudar da 1a para a 2a Turma – justamente a que iria mais à frente julgar a Lava Jato.
Até agora, a 2a Turma era composta por Gilmar Mendes
(presidente), Celso de Mello, Ricardo Lewandowski, Teori e Toffoli. Com
Teori, estava assegurada a maioria contra conchavos. Quem assumirá o seu
lugar na 2a Turma?
Além disso, qual dos atuais Ministros teria condições de assumir a
relatoria da Lava Jato? Dias Toffoli e Gilmar, com sua flagrante
parcialidade? Barroso, que muda de pomba a falcão ao primeiro berro da
besta? Celso de Mello que já expôs publicamente seu partidarismo em um
shopping center? Luiz Fux, o homem de Sérgio Cabral Filho?
Trata-se de uma época tão ingrata para o Supremo, que o acidente que
vitimou Teori tornou-se simbólico: o mais discreto e sisudo dos
Ministros do Supremo morre em uma viagem a passeio no avião particular
de um empresário famoso por ser um grande farrista.
Fonte GGN
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Por Conversa Afiada com Paulo Henrique Amorim
O que é pior? A bancada da Odebrecht no Senado, ou o sucessor do Teori ser escolhido em sorteio no STF?
A bancada da empreiteira, por exemplo, é composta de nomes de peso, como o "Justiça", o "Caju", o "Gripado"... Sem falar no "Mineirinho"!
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