Seja qual for o desdobramento da Operação Rêmora, “Grão-Vizir”, ou da Lava Jato por essas bandas pantaneiras, o mal maior já está feito, que é o incalculável prejuízo político, econômico e social que a conspiração midiático-parlamentar-judicial tramou conta o Brasil e seus filhos. E no meio de toda essa jogatina de xadrez golpista está lá o governador Pedro Taques e o seu PSDB. E isso é inegável!
Por Antonio Cavalcante Filho
Durante 20 anos o ex-todo-poderoso José Riva, que foi filiado ao PSDB, mandou e desmandou na política e na gestão estadual. Nessa época, apenas uma meia dúzia de pessoas criticava seus métodos (o pecado e não o pecador), entre eles o jornalista Enock Cavalcante, a blogueira Adriana Vandoni, o também jornalista Ademar Adams, o advogado Vilson Nery, o sindicalista Gauchinho e este escriba.
Durante 20 anos o ex-todo-poderoso José Riva, que foi filiado ao PSDB, mandou e desmandou na política e na gestão estadual. Nessa época, apenas uma meia dúzia de pessoas criticava seus métodos (o pecado e não o pecador), entre eles o jornalista Enock Cavalcante, a blogueira Adriana Vandoni, o também jornalista Ademar Adams, o advogado Vilson Nery, o sindicalista Gauchinho e este escriba.
O tempo mostrou que eu (e os demais) detinha a razão. Atualmente
minhas críticas a Pedro Taques não são bem aceitas por alguns setores,
(quando Riva comandava a “política” em Mato Grosso, também não eram bem
aceitas as nossas críticas, e até enfrentamos processos e ameaças por
fazê-las), mas podem ter a certeza que as críticas que hoje faço ao
atual governador possuem as mesmas consistências daquelas que denunciava
a atuação de José Riva.
Logo após a eleição de 2014, uns dias antes de assumir o mandato, o
governador Pedro Taques reuniu algumas pessoas em uma audiência pública,
que ocorreu na escola Médici, em Cuiabá. Eu estava lá. Pude notar que
ele conduzia a escolha da equipe com “punhos de ferro”, dizia que não
aceitava indicações partidárias e prometia fazer um governo “técnico” e
ainda por cima satanizava a política, se apresentando como o “novo”.
Só que não era bem isso.
Primeiro porque os partidos políticos indicaram sim os comandantes
das estruturas de poder, principalmente aquelas secretarias mais
abastadas, e que se destinam a atender contingentes expressivos da
população. Então a Educação, a Agricultura, o setor Penitenciário, a
Saúde, somente para citar alguns, foram entregues a partidos políticos
que disputaram a eleição e apoiaram aquele projeto de poder.
Os demais nichos, aqueles em que o Estado gera, controla e fiscaliza
setores de interesses capitalistas foram entregues ao agronegócio,
(raposa cuidando do galinheiro), que indicaram diversos secretários e
demais cargos com poder decisório e de influência. Aquele chavão de que
“ficha-suja” não entra não resistiu, sequer, às primeiras indicações,
inclusive de parentes do governador, mesmo havendo impedimento pelas
regras antinepotismo.
Portanto a defesa que o procurador-geral de Justiça e o chefe do
GAECO fizeram recentemente do governador me pareceu bastante
precipitada, me levando a crer que em Mato Grosso o Ministério Público
caminha na contramão daquilo que até mesmo o próprio ex-procurador da
República Pedro Taques criticava em relação a Janot em não apurar
acusações contra Dilma. Dizia ele, nas páginas amareladas da Veja, “como
você saberá se o fato é ou não estranho ao exercício da função sem
investigar? É ilógico!”.
Primeiro era Maggi o político “ininvestigável”... Agora tem mais um?
Considerando que “seo” Taques possuía noção exata de quem estava
nomeando, que procurava conduzir a gestão com rédeas curtas, e que havia
inclusive um tal contrato de gestão ou de resultados, me parece
infantil acreditar que ele de nada sabia dos malfeitos da sua equipe.
Se Levarmos em conta o pensamento político e jurídico do próprio
governador na citada entrevista à Veja, defendendo que, “por decorrência
lógica, a presidenta Dilma deveria ser investigada por atos de seus
subordinados”, o governador Pedro Taques deve ser investigado também,
pois, segundo ele mesmo, isso é lógico! (sem esquecer aqui, que ele foi
aluno do professor de direito constitucional, golpista e usurpador da
República, Michel Temer, defendendo, que, “o juízo político pode ser
feito independentemente da tipicidade”).
Em Mato Grosso, basta uma ligeira análise da cronologia dos
acontecimentos para demonstrar que, ao contrário do que vem afirmando
representantes do Ministério Público, no caso em foco, não é tão simples
assim separar o gestor dos malfeitos da sua equipe.
Flagrada nos primeiros meses da gestão Taques, mas divulgada em 3 de
maio de 2016 por meio da Operação Rêmora, conduzida pela GAECO e DEFAZ,
foi desarticulada uma organização criminosa que atuava dentro da
secretaria de Educação (Seduc). Os crimes ocorriam desde 2015 e
envolviam um esquema de pagamento de propina e fraudes em pelo menos 23
processos licitatórios de reformas e construções de escolas públicas,
cujos contratos somavam mais de R$ 56 milhões. Foram presos um
empreiteiro e diversos servidores da secretaria de Educação,
principalmente os chamados cargos de confiança (de quem nomeia, é
claro).
Em 20 de julho de 2016 não deu para esconder mais, e o ex-secretário
de Educação, agrônomo Permínio Pinto, é alvo da segunda fase da Operação
Rêmora. Foi acusado por comparsas de ter participado ativamente do
comando decisório da organização criminosa, ainda que em juízo espiasse
sua omissão, reconhecendo que sabia de tudo, mas “deixou rolar”.
No finalzinho do ano de 2016, em 30 de novembro, um empreiteiro preso
durante seis meses é liberado e concorda em dedurar o restante da
quadrilha, cita um deputado estadual e um federal, ambos do PSDB, como
beneficiários dos produtos do crime.
Em 14 de dezembro foi decretada a prisão preventiva do tesoureiro do
PSDB na campanha de Pedro Taques, na operação policial “Grão-Vizir”, e a
investigação revela os bastidores do processo de arrecadação de
dinheiro para uso na campanha eleitoral, a posse festiva, feita com
recursos ilícitos e a farra com o orçamento da secretaria de Educação.
Desse modo, ao movimentar esse “xadrez do PSDB”, se percebe que as
figuras de expressão da agremiação partidária possuem laços estreitos
com os demais membros da organização que lesou o Estado de Mato Grosso.
Declarar com antecedência que o governador de nada sabia é uma
precipitação dos membros do Ministério Público, pois retira as luzes dos
focos do problema e busca nos convencer que só havia “peixe pequeno”.
Eu não “Consignum” acreditar que seja só isso.
As delações da Operação Lava Jato devem desmentir essa nova “lenda
urbana” (de que Taques nada sabia). Mas isso é assunto que ficará para
2017, ano do fechamento com “chave de ouro” do plano golpista, de um
golpe dentro do golpe, iniciado logo após o resultado da apuração da
eleição de 2014.
Seja qual for o desdobramento da Operação Rêmora, “Grão-Vizir”, ou da
Lava Jato por essas bandas pantaneiras, o mal maior já está feito, que é
o incalculável prejuízo político, econômico e social que a conspiração
midiático-parlamentar-judicial tramou conta o Brasil e seus filhos. E no
meio de toda essa jogatina de xadrez golpista está lá o governador
Pedro Taques e o seu PSDB. E isso é inegável!
Apesar dos pesares, desejo a todos um feliz 2017, um ano de muitas lutas pelo restabelecimento da democracia.
Antonio Cavalcante Filho, cidadão, escreve às sextas feiras neste Blog. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News
"Nada se pode esperar dos homens que iniciam a vida sem abraçar apaixonadamente um ideal; para os que nunca foram jovens todo sonho parece sem sentido. E não se nasce jovem: a juventude deve ser adquirida. E sem um ideal não se adquire". ( do livro "O Homem Medíocre" de José Ingenieros)
https://www.facebook.com/antoniocavalcantefilho.cavalcante
Visite a pagina do MCCE-MT
www.mcce-mt.org