O que explica o desinteresse da classe média ao chamamento dos seus
movimentos de direita? O motivo principal é o mais óbvio possível: a
classe média, que tantas vezes correu iludida para as ruas, vestindo a
camisa amarela da CBF e portando o patinho de borracha da Fiesp, acordou
do sonho dentro de um pesadelo. Parte significativa da classe média é
formada por funcionários públicos e eles estão sob a ameaça de perdas de
todo tipo: o congelamento dos salários para atender ao ajuste fiscal, o
fim da aposentadoria, a perda de garantias trabalhistas. Outra parte
significativa desse grupo, é a de profissionais liberais, pequenos
empresários e negociantes, igualmente triturados pela crise. Enfim, são
muitas pauladas na cabeça
Com muito carro de som e baixa participação popular, protestos do domingo demonstraram que a classe média cansou de ser iludida
O Cafezinho
A Avenida Paulista esteve congestionada de caminhões, com nada menos que seis trios elétricos gigantescos (o que mostra que os grupos estão muito bem financiados). Curiosamente, contudo, faltaram manifestantes para preencher o vazio na frente do Masp, como revelam as imagens do protesto. Como previsto, os números do Facebook apontavam um grande desastre para o MBL e o Vem Pra Rua nas manifestações deste último domingo (26). As primeiras coberturas já confirmaram essa análise.
O UOL publicou, ainda no domingo, reportagem com o título: Em protesto com baixa adesão, manifestantes defendem Lava Jato e criticam Congresso.
A Folha de S.Paulo falou em "baixa adesão", mas isso é puro eufemismo. Na verdade, se trata de uma completa deserção da classe média dos seus "movimentos" de direita. Foi a mesma conclusão que se tira dos dados expostos pela Globo na reportagem Cidades pelo país têm manifestações a favor da Lava Jato neste domingo. A arrogância da direita recebeu um duro golpe e, daqui para frente, terá que andar com a crista muito baixa.
E isso terá grandes consequências, é óbvio, para a Lava Jato. A começar pela retomada no Congresso da lei de abuso de autoridade. Dificilmente, embora venha desconversando, (o presidente do Senado) Eunício Oliveira (PMDB-CE) deixará de votar a lei, nesse momento de enfraquecimento da Lava Jato e de indiferença da classe média pelo combate à corrupção.
O que explica o desinteresse da classe média ao chamamento dos seus movimentos de direita? O motivo principal é o mais óbvio possível: a classe média, que tantas vezes correu iludida para as ruas, vestindo a camisa amarela da CBF e portando o patinho de borracha da Fiesp, acordou do sonho dentro de um pesadelo. Parte significativa da classe média é formada por funcionários públicos e eles estão sob a ameaça de perdas de todo tipo: o congelamento dos salários para atender ao ajuste fiscal, o fim da aposentadoria, a perda de garantias trabalhistas. Outra parte significativa desse grupo, é a de profissionais liberais, pequenos empresários e negociantes, igualmente triturados pela crise. Enfim, são muitas pauladas na cabeça.
Em troca do combate fictício, ou, no máximo, pontual e seletivo, à corrupção, as massas da classe média descobrem que serão tratadas como cães danados. Ou seja, a pauladas.
Serviram de recheio, de massa de manobra, formaram as legiões de zumbis amarelos que gritavam vivas à PM e aos militares, e pediam o fim do governo Dilma. Mas, mal acabaram as tomadas abertas, em que era preciso uma multidão de figurantes (tão idiotas que até compraram a indumentária e bancavam o deslocamento para as locações), a deslumbrada classe média foi posta entre os alvos a serem liquidados.
Ela já pode se preparar para se tornar uma "nova classe média". Aquela classe média que, no projeto de Lula, cabia aos pobres periféricos (mas para eles tornar-se "nova classe média" era ascensão social), é o que Temer projeta para o futuro da classe média atual, ou seja, poderão comprar seus eletrodomésticos no Magazine Luiza e pagar o plano do smartphone. Não muito mais que isso.
Ela já deve ter começado a sentir uma imensa saudade dos anos de Lula e do PT em que foi, infelizmente, paparicada e tratada a pão de ló. Nesse período, toda a frota de veículos da classe média foi trocada, muitos compraram carros de luxo, a maioria viajou ao exterior, com os altos salários, em especial no funcionalismo público, a classe média investiu em imóveis e deu o pontapé inicial para os filhos prosperarem nos negócios. Agora tudo ruiu.
Com o nítido recuo da classe média das ruas, quem mais perde cobertura é a Lava Jato. Apavorada diante da perspectiva de votação da lei contra o abuso de autoridade, não será surpresa se, já na próxima semana, comecemos a deparar uma avalanche insana de vazamentos contra os políticos à frente da mobilização em favor daquela lei.
Se a lei for aprovada, é provável que já no dia seguinte, Moro diga a nação que, como já havia anunciado mais de uma vez, está cansado e precisa de alguns anos de férias. Aproveitará o descanso para estudar nos Estados Unidos. Feito isso, então, passará a ocupação para outro. E esse pode bem ser o lúgubre fim da Lava Jato.
Fonte O Cafezinho
https://www.facebook.com/antoniocavalcantefilho.cavalcanteA Avenida Paulista esteve congestionada de caminhões, com nada menos que seis trios elétricos gigantescos (o que mostra que os grupos estão muito bem financiados). Curiosamente, contudo, faltaram manifestantes para preencher o vazio na frente do Masp, como revelam as imagens do protesto. Como previsto, os números do Facebook apontavam um grande desastre para o MBL e o Vem Pra Rua nas manifestações deste último domingo (26). As primeiras coberturas já confirmaram essa análise.
O UOL publicou, ainda no domingo, reportagem com o título: Em protesto com baixa adesão, manifestantes defendem Lava Jato e criticam Congresso.
A Folha de S.Paulo falou em "baixa adesão", mas isso é puro eufemismo. Na verdade, se trata de uma completa deserção da classe média dos seus "movimentos" de direita. Foi a mesma conclusão que se tira dos dados expostos pela Globo na reportagem Cidades pelo país têm manifestações a favor da Lava Jato neste domingo. A arrogância da direita recebeu um duro golpe e, daqui para frente, terá que andar com a crista muito baixa.
E isso terá grandes consequências, é óbvio, para a Lava Jato. A começar pela retomada no Congresso da lei de abuso de autoridade. Dificilmente, embora venha desconversando, (o presidente do Senado) Eunício Oliveira (PMDB-CE) deixará de votar a lei, nesse momento de enfraquecimento da Lava Jato e de indiferença da classe média pelo combate à corrupção.
O que explica o desinteresse da classe média ao chamamento dos seus movimentos de direita? O motivo principal é o mais óbvio possível: a classe média, que tantas vezes correu iludida para as ruas, vestindo a camisa amarela da CBF e portando o patinho de borracha da Fiesp, acordou do sonho dentro de um pesadelo. Parte significativa da classe média é formada por funcionários públicos e eles estão sob a ameaça de perdas de todo tipo: o congelamento dos salários para atender ao ajuste fiscal, o fim da aposentadoria, a perda de garantias trabalhistas. Outra parte significativa desse grupo, é a de profissionais liberais, pequenos empresários e negociantes, igualmente triturados pela crise. Enfim, são muitas pauladas na cabeça.
Em troca do combate fictício, ou, no máximo, pontual e seletivo, à corrupção, as massas da classe média descobrem que serão tratadas como cães danados. Ou seja, a pauladas.
Serviram de recheio, de massa de manobra, formaram as legiões de zumbis amarelos que gritavam vivas à PM e aos militares, e pediam o fim do governo Dilma. Mas, mal acabaram as tomadas abertas, em que era preciso uma multidão de figurantes (tão idiotas que até compraram a indumentária e bancavam o deslocamento para as locações), a deslumbrada classe média foi posta entre os alvos a serem liquidados.
Ela já pode se preparar para se tornar uma "nova classe média". Aquela classe média que, no projeto de Lula, cabia aos pobres periféricos (mas para eles tornar-se "nova classe média" era ascensão social), é o que Temer projeta para o futuro da classe média atual, ou seja, poderão comprar seus eletrodomésticos no Magazine Luiza e pagar o plano do smartphone. Não muito mais que isso.
Ela já deve ter começado a sentir uma imensa saudade dos anos de Lula e do PT em que foi, infelizmente, paparicada e tratada a pão de ló. Nesse período, toda a frota de veículos da classe média foi trocada, muitos compraram carros de luxo, a maioria viajou ao exterior, com os altos salários, em especial no funcionalismo público, a classe média investiu em imóveis e deu o pontapé inicial para os filhos prosperarem nos negócios. Agora tudo ruiu.
Com o nítido recuo da classe média das ruas, quem mais perde cobertura é a Lava Jato. Apavorada diante da perspectiva de votação da lei contra o abuso de autoridade, não será surpresa se, já na próxima semana, comecemos a deparar uma avalanche insana de vazamentos contra os políticos à frente da mobilização em favor daquela lei.
Se a lei for aprovada, é provável que já no dia seguinte, Moro diga a nação que, como já havia anunciado mais de uma vez, está cansado e precisa de alguns anos de férias. Aproveitará o descanso para estudar nos Estados Unidos. Feito isso, então, passará a ocupação para outro. E esse pode bem ser o lúgubre fim da Lava Jato.
Fonte O Cafezinho
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