Como se os professores, nas escolas maltratadas do Estado e dos municípios, não tivessem enfrentamentos tão duros. As escolas são palcos de luta diária contra o crime organizado, notadamente o tráfico de drogas, que procura, desde cedo, submeter nossos jovens ao seu domínio. Olhem para as mobilizações do Sintep contra os desmandos da administração, e verão que são esses trabalhadores corajosos que enfrentam cotidianamente os males provocados pela corrupção, pelo patrimonialismo que marca nosso Estado
Por Enock Cavalcanti
Meus amigos, meus inimigos: vejam que o Sr. Roberto Turin, cheio de
empáfia, está expondo a categoria dos promotores de Justiça. Atuando
como presidente da Associação do MP, o antes discreto promotor Turin
parece que se sente com o rei na barriga e danou a falar bobagem,
fazendo ataque irresponsável, já repudiado pela OAB, contra os
profissionais da Educação.
Em meu blogue já tive o espanto de registrar o pagamento, a
promotores, de quase R$ 200 mil, em um mês. Agora, quando o blogue do
Alexandre Aprá expõe os 500 mil pagos ao juiz Mirko Tô Nem Aí
Gianotte, vemos que supersalários, no Judiciário, se tornaram prática
abusiva, viabilizando a vida de nababo de uns poucos às custas da
maioria assalariada.
Parece que o Sr. Turin aloprou e sugere que os profissionais da
Educação não teriam padrão para receber o mesmo que um membro do MP.
Ora, sempre destaquei o trabalho do Dr. Turin mas olhem para a maioria
do MP que temos em MT: são profissionais quase anônimos, que não fedem
nem cheiram, pesando pouco na depuração das instituições e para o
aperfeiçoamento das relações sociais.
Vejam o argumento torto do Dr. Turin: os promotores têm que ser
“muito bem remunerados” por conta da gama de atribuições que exercem. “A
carreira do MP impõe enfrentamentos que outras carreiras não possuem.
Enfrentamos o crime organizado, a corrupção, o poder político e
econômico, na defesa da criança, do idoso, do meio ambiente e da
probidade administrativa”.
Como se os professores, nas escolas maltratadas do Estado e dos
municípios, não tivessem enfrentamentos tão duros. As escolas são palcos
de luta diária contra o crime organizado, notadamente o tráfico de
drogas, que procura, desde cedo, submeter nossos jovens ao seu domínio.
Olhem para as mobilizações do Sintep contra os desmandos da
administração, e verão que são esses trabalhadores corajosos que
enfrentam cotidianamente os males provocados pela corrupção, pelo
patrimonialismo que marca nosso Estado, enquanto dondocas e “gênios” do
Ministério Público vivem a se gabaritar nas butiques, nas academias de
ginásticas, sonhando com corpos marombados, viagens para o exterior,
mansões nos Florais, tudo bancado pelos penduricalhos que sua casta
arranca dos cofres públicos.
Compare o salário do Dr. Turin com o salário do cego professor Gilson
Romeu, dirigente do Sintep/Cbá, e vejam quem é que está na batalha para
favorecer mais decididamente a vida do povo pobre. Olhe-se no espelho,
Dr. Turin. Reconheça os privilégios de sua categoria e tenha a humildade
de compreender que um outro mundo é possível.
Enock Cavalcanti, jornalista e blogueiro, é editor de Cultura do Diário