segunda-feira, 26 de março de 2018

SIGA O AÉCIO, PEDRO!


Lá, em Minas Gerais, até mesmo o líder do Taques, aquele que foi gravado pedindo R$ 2 milhões em propina ao empresário Joesley Batista e que abonou sua filiação no PSDB, o arrastando para a aventura golpista do Temer e Cunha, o “Mineirinho” que disse: “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação”, já desistiu da sua reeleição ao Senado. Aqui, em Mato Grosso, no caso de Taques, ninguém mais quer sua companhia, nem o vento bate nas suas costas. Por que então ele não segue o exemplo do seu amigo e padrinho político, Aécio Neves? 




Por Antonio Cavalcante Filho 


É notável, pelas notícias e notas veiculadas na blogosfera, que o senhor Pedro Taques vem sofrendo perda de apoios consideráveis jamais visto em nenhum outro governo. As críticas à sua desastrosa gestão se avolumam dia a dia num processo gradualmente acelerado. Até mesmo os ditos aliados de primeira hora, apavorados, já fogem do governador como o diabo corre da cruz.

Dada a qualidade dos apoios que celebrou para chegar ao poder, e nele se manter, é natural a debandada. Até mesmo o ex-governador direitista, Júlio Campos, do DEM, também conhecido como Julinho Bereré, falou que o tucano não ouve ninguém e é “teimoso demais", afirmando assim a saída dos Democratas da base aliada do governo.

As críticas mais recentes dos aliados ou ex-aliados mostram que Taques teria sido infeliz na escolha de seus assessores técnicos, que ao tomar o espaço dos políticos teriam sido a causa da derrocada do governador. Mas, será verdade, ou apenas desculpas esfarrapadas para abandonarem a canoa furada do Pedro?

Não creio que foram os técnicos que satanizaram o governo Taques, e sim, ele próprio e as pessoas de sua mais íntima esfera é que são culpadas pela sua desastrosa administração. Ele mesmo tropeçava todos os dias na sua soberba, prepotência e deselegância, inclusive para tratar pessoas de seu círculo pessoal.

Desde janeiro de 2015, logo após a sua posse, não passou um dia sequer sem que ele, o “Rei Sol”, ou o “Rei Luís XIV Pantaneiro”, como também é conhecido, apresentasse uma arrogância incomum, uma postura que só se justificaria se ele fosse um cara sabido em todas as coisas ... e ele não é, ainda que se acredite que seja!

A falta de renovação dos quadros políticos no governo é outro grande problema que a população, principalmente os mais jovens, percebem ao observar o nível de gestores como Taques, Silval, Maggi, Bezerra e Jaime (só para citar alguns que estão de olho no trono). Isso fatalmente levará à fuga de um grande número de cidadãos do palco da política.

Ao receber o governo em 2015, Pedro Taques vinha com o histórico e discurso de quem tinha prendido o Comendador Arcanjo, e que agora, no governo, iria agir por dentro, e acabar com a corrupção e a lesão que bandidos da política geram contra o erário. Porém, chama para o seu lado a turminha do PSDB, tendo Wilson Santos, Maluf e Leitão na linha de frente. A eles, entregou a secretaria de Educação, e o estrago não demorou para ser conhecido.

Numa operação que até agora não foi explicada, nem mesmo pela juíza que deixou o tesoureiro de Taques, Alan Maouf (apontado pela imprensa nacional como o seu operador do caixa 2), fora da tranca porque “era melhor assim”, e nem por Taques e seus aliados. Não se sabe até agora como um grupo de pessoas nomeadas pelo governador em cargos-chave (portanto não são servidores técnicos), aliadas a deputados, conseguiram dar um rombo de R$ 56 milhões em poucos meses.

Ou alguém aí já sabe se o PSDB, cujo presidente chegou a ser preso e está usando uma “Pulseira do Bem” (tornozeleira eletrônica) explicou para a sociedade como foi que isso aconteceu, e quem irá reparar o prejuízo aos nossos alunos, alguns inclusive sem acesso à merenda, porque os políticos roubaram.

Tem o lance do uso da Casa Civil para realizar a “grampolândia” pelo primo de Taques, que chegou a ir em cana também, um advogado que a OAB insiste em manter em seus quadros (pau que bate em Chico ...). Esse escândalo envolve espionagem, uso de recursos e funcionários públicos para fins privados, ameaças a juízes ... e a denúncia foi feita pelo próprio então secretário de Segurança de Taques, servidor de carreira do Ministério Público.

Tem ainda aquela secretaria de combate à corrupção, que parecia mais um cabide de empregos para políticos derrotados. Nela, tinha uma senhora que usava o Facebook como diário oficial, publicando suas mirabolantes “decisões”. Hoje, ela usa o mesmo instrumento para criticar o Pedro Taques.

E tem o VLT, uma das principais promessas de campanha do candidato Pedro Taques, em 2014, para a baixada cuiabana, que, em seu governo, gerou muito mais despesas com consultorias e bravatas seguidas, mas que não saiu do papel, ao contrário. O VLT foi um sonho que foi soterrado por Pedro Taques, por absoluta incompetência.

Hoje, o ex-secretário que era responsável para pôr o “trem nos trilhos”, deputado Wilson Santos, é o único a profetizar que Taques será novamente o próximo governador. Mas, como podemos crê em uma profecia de um falso profeta que não foi capaz de prever nem mesmo a sua própria derrota para prefeito de Cuiabá na última eleição?

Eu poderia falar dos consignados, da empresa que surrupiava os servidores, mas que tinha ótimas relações com pessoas da gestão, naturalmente ocupante de cargos políticos. Basta lembrar da lista de deputados que, no passado, foram tratados pelo apelido de “braço político do crime organizado”, mas que agora participam de convescotes com o governador.

Eu gostaria imensamente de repetir que “desvoto” o voto de confiança que depositei no Taques em 2014, e pedir desculpas aos meus amigos que eventualmente foram iludidos pela minha opção. Mas, quero também pedir ao governador que pare de fazer terrorismo com os trabalhadores. Todo mês é uma ladainha sobre o pagamento de salários, e isso colabora imensamente para o descontrole das economias dos servidores estaduais.

É desumano o que Pedro Taques faz: revogou o RGA, que é a simples reposição aos salários dos valores equivalentes das perdas da inflação. Depois, disse que tinha que acabar com os aumentos via teto de gastos. Mudou a Constituição para isso, violou direito dos trabalhadores. E faz troça todo mês, ameaçando não pagar salário.

Lá, em Minas Gerais, até mesmo o líder do Taques, aquele que foi gravado pedindo R$ 2 milhões em propina ao empresário Joesley Batista e que abonou sua filiação no PSDB, o arrastando para a aventura golpista do Temer e Cunha, o “Mineirinho” que disse: “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação”, já desistiu da sua reeleição ao Senado.

Aqui, em Mato Grosso, no caso de Taques, ninguém mais quer sua companhia, nem o vento bate nas suas costas. Por que então ele não segue o exemplo do seu amigo e padrinho político, Aécio Neves?

Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News