domingo, 1 de abril de 2018

SEMANA SANTA, MAS O ÓDIO É PROFANO


Há dois mil anos, Jesus defendeu ideias revolucionárias sobre igualdade, amor, justiça e solidariedade. Por isso foi considerado uma ameaça pelas elites que o condenou a uma execução excruciante para servir de exemplo a outros, que, como ele, desafiassem os interesses dos poderosos com suas pregações subversivas de distribuição de riquezas e de igualdade entre os povos. 






Por Antonio Cavalcante Filho


Estamos em plena Semana Santa, que iniciou-se no Domingo de Ramos, dia 25 de março, relembrando a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, indo até sábado, dia 31. Mas é no Domingo de Páscoa, dia 1 de abril, ou Domingo da Ressurreição, que se celebra talvez a mais importante festa cristã, relembrando a ressurreição de Jesus.

Por essa razão é que fazemos esta reflexão, que deve interessar a todos os cidadãos que têm fome e sede de justiça, e desejam a paz e a construção de um mundo de irmãos, principalmente aos milhões de brasileiros que se dizem cristãos. Pois, creio que, se Jesus estivesse nesse momento entre nós, infelizmente ele teria que continuar dizendo que seu reino ainda não é desse mundo.

Há dois mil anos, Jesus defendeu ideias revolucionárias sobre igualdade, amor, justiça e solidariedade. Por isso foi considerado uma ameaça pelas elites que o condenou a uma execução excruciante para servir de exemplo a outros, que, como ele, desafiassem os interesses dos poderosos com suas pregações subversivas de distribuição de riquezas e de igualdade entre os povos.

Portanto, creio que, celebrar a Páscoa cristã é seguir o exemplo de Jesus, caminhando o mesmo caminho com ele, tornando-se um defensor dos pobres e dos injustiçados, mesmo que, para isso, tenha que pagar o preço da perseguição, da calúnia e até mesmo da morte.

Assim como amor e ódio não se combinam, cristão e fascista não rima. Aqui é um terreno onde não se pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Mateus 6.24.

Mas, por esses dias, milhares de pessoas, que se dizem cristãos, foram às igrejas por esse país afora. Muitos desses estavam nas igrejas de Passo Fundo (RS), São Miguel do Oeste (SC) e Laranjeiras do Sul (PR). Como diria o poeta Castro Alves: Amolando nas páginas da Bíblia o cutelo do algoz”.... “Sinto não ter um raio em cada verso, para escrever na fronte do perverso: "Maldição sobre vós!", completa o poeta.

Depois de orarem, os fascistas foram para a rua, no trevo de entrada da cidade, promover o ódio, atirar pedras, paus, ovos e balas nos ônibus que chegavam com a Caravana do Lula. Estes sãos os fariseus hipócritas, a quem Jesus chamava de sepulcros caiados, que por fora, parecem belos, mas por dentro, estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão! Assim dizia jesus, “também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro, estais cheios de hipocrisia e injustiça.

Alguns foram mais longe. Agrediram mulheres, um idoso em Santa Catarina teve a orelha decepada, e, perto de Foz do Iguaçu (PR), um padre com 64 anos de idade foi derrubado e agredido, teve seu rosto desfigurado pela violência fascista sem nenhuma motivação. E tudo isso na Semana Santa!

Lembremos que a comoção popular é algo que não se controla, mas há que se descobrir de onde vem essa instigação de violência sem fim, quais são as origens e aonde tudo isso pode chegar.

A escalada da violência tem laços com os chamados “crimes de ódio”, são ações movidas pelo ódio declarado de alguns indivíduos e grupos, que incluem desde a incitação à violência até os atos concretos de insultos, abusos verbais, agressão física contra cidadãos e militantes que pensam de modo diferente.

Sabemos que houve um processo contra o Lula, mas absurdamente sem provas, em que tudo o que foi produzido foi fruto da discriminação ideológica de uma das partes da relação judicial, e um juiz com muito ódio político estampado nos olhos. Sabemos também que, por meio da mídia corporativa burguesa, venderam para a opinião pública que a única forma de acabar com os males da corrupção seria condenar, prender, açoitar e crucificar o acusado, e é isso que estão tentando fazer.

A condenação sem provas veio, mas, ao contrário do que pregavam os fariseus, os verdadeiros bandidos foram aqueles que sequestraram a democracia e tomaram de assalto a República do Brasil. Pois, na realidade, o crime do Lula foi pregar a soberania do nosso país, fazer distribuição de renda, geração de empregos, tirar milhões de brasileiros da faixa da pobreza, construir casas populares, universidades e escolas técnicas como nenhum outro governo jamais fez.

Como ainda pode querer celebrar a Páscoa cristã quem fecha os olhos e são insensíveis diante da opressão e sofrimento dos pobres pelos poderosos? “Vós, ricos, chorai e gemei por causa das desgraças que sobre vós virão. Tendes vivido em delícias e em dissoluções sobre a terra, e saciastes os vossos corações para o dia da matança! Condenastes e matastes o justo, e ele não vos resistiu”. (Tiago 5:6)

Precisamos traduzir em atos e gestos concretos a celebração memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus, na luta por libertação que inclua o direito à terra, casa, comida, emprego, saúde, escola; enfim, é tomar partido em favor dos explorados e excluídos.

Nos oito anos do governo Lula, não se encontra um só ato que contraria os princípios da fé cristã. Muito pelo contrário, o seu governo foi marcado por uma busca incansável de saciar a fome dos mais pobres, procurando assegurar a todos uma vida digna.

Perguntaram certa vez a Jesus, quem haveria de se salvar. A resposta surpreendeu a todos: "Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes..." (Mateus 25, 31-46).

Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News


“A CADELA DO FASCISMO ESTÁ SEMPRE NO CIO” 

“Estar contra o fascismo sem estar contra o capitalismo – ou rebelar-se contra a barbárie que nasce da barbárie – equivale a pedir um pedaço do bezerro sem querer sacrificá-lo”. (Bertolt Brecht).