Já foi dito que o voto é a arma cidadã contra os maus feitos dos politiqueiros, mas, se mal manuseado, pode ser também a “bala perdida” explodindo na cabeça do próprio eleitor.
Se você quer mais veneno em sua mesa, continue defendendo, dando ou
vendendo os seus votos a esses párias da politicalha, bate-paus do
agronegócio e lacaios do agrotóxico. Nesse caso, o seu voto pode ser aquela “bala perdida”, o seu cálice suicida, sua cicuta, sua dose de veneno.
Por Antonio Cavalcante Filho
Nos últimos dois anos foram tantas as maldades praticadas contra os trabalhadores por esse desgoverno golpista que qualquer nova decisão que sai do Supremo Tribunal Federal (e da juizada Brasil afora), ou que se publica uma nova lei, eu temo pela supressão de mais direitos do cidadão.
Nos últimos dois anos foram tantas as maldades praticadas contra os trabalhadores por esse desgoverno golpista que qualquer nova decisão que sai do Supremo Tribunal Federal (e da juizada Brasil afora), ou que se publica uma nova lei, eu temo pela supressão de mais direitos do cidadão.
Aqui mesmo pertinho da gente, em Jaciara, cerca de 400 famílias foram
despejadas pela segunda vez em menos de três anos. São famílias de
sem-terra e sem-moradia que foram jogadas à rua por uma decisão de juiz
que recebe quase R$ 5 mil/mês de auxílio-moradia.
Uma triste ironia!
E agora vem a notícia de que os deputados federais, enquanto a
torcida vibrava com os gols da seleção, silenciosamente driblaram a
nação aprovando mais uma maldade: o “Pacote do Veneno”, liberando a
utilização de produtos tóxicos de alta periculosidade nas plantações de
alimentos, pondo ainda mais em risco a já tão combalida saúde pública.
O Projeto de Lei nº 6.299/2002, que veio do Senado depois de um
empurrão do “Rei da Soja”, o “Moto Serra de Ouro”, Blairo Maggi, promete
liberar uma porção de venenos proibidos, para serem utilizados nas
lavouras, um crime sem tamanho contra a nossa população.
O Pacote do Veneno modifica muitas normas, entre elas a Lei nº 7.802,
de 11 de julho de 1989, que trata da pesquisa, experimentação,
produção, embalagem e rotulagem de veneno. E ainda regulamenta o
transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a
utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e
embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a
fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins.
De nada valeram os apelos de entidades sérias e do ramo, como a
Anvisa, o Fórum Nacional de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos e
Transgênicos, o Conselho Nacional de Saúde, o Conselho Nacional de
Direitos Humanos, o Ministério Público Federal, a Aliança pela
Alimentação Adequada e Saudável, Campanha Permanente contra os
Agrotóxicos e pela Vida, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor e a
Associação Brasileira de Saúde Coletiva e a Associação dos Professores
de Direito Ambiental do Brasil.
O Pacote do Veneno, que pretende deixar a sua vida anda pior, não
teve apenas a participação de Maggi, outras figuras da política em Mato
Grosso também se empapuçaram na “sustância” dessa “sopa ricamente”
tóxica.
Esta maldita lei foi votada, defendida e aprovada pelos deputados
federais (guarde bem esses nomes) Adilton Sachetti (PRB), Fábio Garcia
(DEM), Nilson Leitão (PSDB) e Victório Galli (PSL). Com isso, sofra quem
sofrer, morra quem morrer, o que não faltará neste ano eleitoral são
gordos recursos encharcados de veneno em suas campanhas milionárias.
Como eu, tema você também por cada “novidade” que venha com a
publicação de uma lei aprovada pela turma do Vampirão golpista, ou por
uma decisão tomada por algum togado, de alto cunho ideológico e
discriminatório!
Lembre-se desses irresponsáveis sempre que ver alguém sofrendo pela
perda de um ente querido para o câncer, uma criança com dificuldade de
respiração num posto de saúde sucateado, ou um idoso com vertigens, com
dificuldades para se locomover, e que não dispõe de médicos e remédios
na sua comunidade. Tudo isso é reflexo do veneno que estará exposto em
nossas mesas.
Aqueles camponeses despejados de uma área em Jaciara, a que me referi
no início do texto, já foram escorraçados de uma “propriedade” ligada à
Amaggi porque são agricultores que lutam contra agrotóxicos.
A entidade que os representa, o MST, defende uma agricultura
orgânica, que produza saúde, sem o uso de venenos que só enriquece as
multinacionais do agronegócio que semeiam doenças e mortes na imensidão
da terra e dos rios devastados e envenenados.
Já foi dito que o voto é a arma cidadã contra os maus feitos dos
politiqueiros, mas, se mal manuseado, pode ser também a “bala perdida”
explodindo na cabeça do próprio eleitor.
Se você quer mais veneno em sua mesa, continue defendendo, dando ou
vendendo os seus votos a esses párias da politicalha, bate-paus do
agronegócio e lacaios do agrotóxico que pensam somente no próprio
umbigo, na reeleição, e esquecem das necessidades dos empobrecidos, dos
interesses coletivos, do bem comum.
Nesse caso, o seu voto pode ser aquela “bala perdida”, o seu cálice suicida, sua cicuta, sua dose de veneno.
Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e
escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail:
antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News