O colunista Ricardo Kotscho afirma que o grau de violência do governo
atingiu níveis inéditos e que a própria compilação desses dados vai se
tornando uma tarefa complexa. Ele diz: "são tantos os casos de violência
gratuita, de ministros a guardas de esquina e milicianos, que já nem dá
tempo de registrar tudo o que vem acontecendo"
Balaio do Kotscho
Por Ricardo Kotscho
Faltam-me adjetivos para definir o que sinto ao ver e ouvir essa gente
que assumiu o governo como se fosse um exército de ocupação disposto a
rifar e destruir tudo o que construímos antes.
À imagem e semelhança de seu chefe, pousaram no ministério e nos
diferentes escalões de poder exemplares de tudo o que o país tem de
pior, uma gente ressentida, frustrada e rancorosa, que quer se vingar de
tudo e de todos.
Basta olhar para a cara deles, reparar nos seus gestos. Não são
pessoais normais com quem você possa conversar numa mesa de bar sem
correr o risco de levar um tiro pelas costas.
Saídos das catacumbas da ditadura, vivem de fazer ameaças e agora as
agressões ao vernáculo e ao bom senso estão saindo das redes sociais
para as vias de fato.
São tantos os casos de violência gratuita, de ministros a guardas de
esquina e milicianos, que já nem dá tempo de registrar tudo o que vem
acontecendo.
Nesta quarta-feira, um apoiador de “Bolsonaro 17” nas milícias
virtuais matou a socos e pontapés um cidadão apenas por divergir das
suas posições políticas.
Aconteceu em Balneário Camboriú, Santa Catarina.
Segundo a revista Fórum, em matéria reproduzida no portal Brasil 247,
o troglodita bolsominion Fábio Leandro Schwindlein, de 44 anos, avançou
sobre o idoso Antônio Carlos Rodrigues Furtado, de 61 anos, por
divergir das suas posições políticas.
Furtado era um homem de esquerda, conhecido e respeitado na cidade. O
assassino resolveu cortar o mal pela raiz, como pregam os defensores da
“exclusão de ilicitude”, que querem adotar a pena de morte na prática.
Parece inesgotável o estoque de idiotas recrutados a cada dia pelo
governo demente para implantar o fascismo em todas as áreas da vida
nacional.
Esta semana, o novo chefe da Secretaria de Cultura, um celerado
chamado Roberto Alvim, contribuiu com duas nomeações inacreditáveis, que
só podem ser vistas como uma provocação ao setor.
Para a Fundação Nacional Palmares, criado para defender os valores e a
influência negra na sociedade, nomeou um negro racista, o jornalista
Sérgio de Camargo, que já disse ter “vergonha e asco da negrada
militante” e prometeu se nortear pelos “princípios que conduzem o
governo Bolsonaro”.
Camargo, um ilustre desconhecido, acha que “a escravidão foi benéfica
para os descendentes dos africanos” e já atacou lideranças e artistas
ligados ao movimento negro.
Sem nenhuma ligação com cinema ou televisão, uma certa Katiane Gouvêa
foi nomeada para a Secretaria do Audiovisual, como representante da
Cúpula Conservadora das Américas, uma das fornecedoras de mão de obra
desqualificada para o governo.
Antes de ser nomeada, Gouvêa fez várias reuniões na Ancine e chegou à
conclusão que “todos lá são comunistas”. Prometeu cumprir uma “missão
cristã”.
Os dois fazem parte do exército que Roberto Alvim está formando para desencadear uma “guerra cultural”.
Nas muitas guerras em que Jair Bolsonaro já meteu o país, a Cultura é
um alvo preferencial e deve ter o mesmo tratamento dado ao Meio
Ambiente pelo alucinado Ricardo Salles, que só não rasga dinheiro, e à
Educação, entregue ao inqualificável Abraham Weintraub.
Do jeito que as coisas avançam rumo ao fascismo tropical, ainda vamos ter saudades de 2019.
Vida que segue.
Fonte Balaio do Kotscho