"A invasão da embaixada da Venezuela, feita graças à ação do governo
Bolsonaro, é óbvio recado político do governo Trump à Rússia e à China,
que apoiam o governo oficial e legítimo daquele país", escreve o
colunista Marcelo Zero. "É uma provocação ao BRICS e à comunidade
internacional. Com essa invasão, Trump disse: aqui quem manda sou eu!"
Em plena reunião do BRICS, o governo Bolsonaro deu apoio a
um ato que é normalmente enquadrado, ante a lei internacional, como ato
de terrorismo: a invasão de uma embaixada e a agressão de seu pessoal
diplomático legítimo.
Trata-se da absurda e violenta invasão da Embaixada da Venezuela em
Brasília, por parte de milicianos venezuelanos e brasileiros.
Ao contrário do que foi noticiado por setores da imprensa, não houve
nenhuma deserção de pessoal diplomático e ninguém autorizou a entrada
desses invasores violentos.
Tais invasores, que entraram à força na embaixada por volta das 5hs
da manhã, após roubar um controle remoto dos portões, passaram a agredir
as famílias lá residentes, inclusive mulheres e crianças. Agrediram
também o federal Deputado Paulo Pimenta, que lá se dirigiu para ajudar o
pessoal diplomático legítimo, face à omissão dos governos federal e do
GDF, ante o ato criminoso.
Esse ato criminoso conta com o apoio claro e ostensivo do governo
brasileiro e do Itamaraty, que enviou para lá diplomata com a missão de
tentar “legitimar” a invasão e expulsar da embaixada seus diplomatas
oficiais, conforme informa o Deputado Paulo Pimenta. Tal representante
oficial do Itamaraty, desconhecendo a lei internacional, alega que a
embaixada da Venezuela é “território brasileiro”, e que o governo do
Brasil considera os invasores como os legítimos representantes
venezuelanos.
Saliente-se que a suposta “embaixadora” do usurpador Guaidó no
Brasil, que ninguém mais leva a sério, a qual teria “autorizado” a
invasão violenta, sequer mora no Brasil. Reside, não casualmente, em
Washington. Mesmo que o Brasil quisesse colocar alguém do títere lá, não
poderia fazê-lo dessa forma, mediante invasão violenta na calada da
noite.
Trata-se, sem dúvida, de crime cuidadosamente planejado, realizado
justamente por ocasião da realização da cúpula dos BRICS na capital
federal. O timing não é casual. A invasão da embaixada da Venezuela,
feita graças à ação do governo Bolsonaro, é óbvio recado político do
governo Trump à Rússia e à China, que apoiam o governo oficial e
legítimo daquele país. É uma provocação ao BRICS e à comunidade
internacional.
Com essa invasão, Trump disse: aqui quem manda sou eu!
E o governo Bolsonaro se prestou a esse papel desprezível de moleque de recados. Enquanto se reúne com o BRICS!
Para cumprir esse papel abjeto, o Brasil de Bolsonaro cometeu uma
clamorosa e grosseira violação da Convenção de Viena sobre Relações
Diplomáticas, a qual determina que:
Artigo 22
1. Os locais da Missão são invioláveis. Os Agentes do Estado
acreditado não poderão nêles penetrar sem o consentimento do Chefe da
Missão.
2. O Estado acreditado tem a obrigação especial de adotar tôdas as
medidas apropriadas para proteger os locais da Missão contra qualquer
intrusão ou dano e evitar perturbações à tranqüilidade da Missão ou
ofensas à sua dignidade.
Ademais, invasões de embaixadas e agressões ao pessoal diplomático
podem, como afirmamos, serem enquadradas, ante a lei internacional, como
atos de terrorismo.
Se tivesse tido invasão da embaixada dos EUA, não seria esse o enquadramento?
Triste fim desse Brasil de Bolsonaro. Para agradar Trump, dá apoio a
um ato criminoso, que viola a Convenção de Viena sobre Relações
Diplomáticas e que pode até ser classificado como terrorismo. Dá um tapa
na cara do BRICS e mostra que não é um país confiável.
Dá um tapa, na realidade, na cara da nossa soberania.
Fonte Brasil 247